Por Caíque Rodrigues, g1 RR — Boa Vista


Vítima foi levada para Georgetown, a capital da Guiana; país faz fronteira com o Brasil por Roraima — Foto: Amanda Mclean/Rede Amazônica/Arquivo

A Polícia Federal deflagrou nesta segunda-feira (4) uma operação de combate ao tráfico internacional de pessoas para fins de exploração sexual. A ação ocorre após uma mulher ter sido levada para Georgetown, capital da Guiana, onde foi obrigada se prostituir em bares e espaços de recreação no país vizinho.

(CORREÇÃO: ao publicar esta reportagem, o g1 errou ao informar, com base em informação inicial da Polícia Federal, que a vítima era uma adolescente. Na verdade, ela é uma mulher adulta, segundo a PF. A informação foi corrigida às 10h10 de 5 de novembro de 2024).

A vítima é uma adulta, segundo a PF - a idade não foi divulgada para preservar a identidade. Atualmente, ela está em um abrigo para vítimas de exploração sexual em Georgetown, para onde foi levada após ter sido flagrada por autoridades locais em situação irregular.

Para tentar identificar como funciona o esquema de tráfico de mulheres e encontrar outras vítimas, a PF cumpriu um mandado de busca e apreensão em Boa Vista na casa da mulher suspeita de aliciar a vítima.

Investigadores descobriram o caso após a mãe da vítima ficar um período sem notícias da filha. Ela acreditava que a jovem estava em Boa Vista, mas depois conseguiu contato e descobriu que a filha não estava no Brasil.

"A filha, que estava em Boa Vista, entrou em contato e informou que não estava mais no Brasil, mas sim na Guiana. Ela explicou que tinha sido levada contra sua vontade e que não conseguia retornar. Foi aí que a mãe fez a denúncia", detalhou o delegado da PF que atua no caso, Thiago Pereira da Silva, titular da Delegacia de Direitos Humanos e Defesa Institucional.

A vítima foi aliciada pela suspeita por meio das redes sociais com a promessa de trabalhar como babá em Boa Vista. "Elas se conheciam pelas redes sociais, que foi a plataforma utilizada para realizar o aliciamento", disse o delegado.

A PF identificou que, ao chegar em Roraima, a vítima foi levada para Georgetown, onde passou a ser explorada sexualmente pela rede de prostituição.

"O que sabemos até agora é que esse grupo opera principalmente no âmbito local. No caso dessa vítima, ela já tinha um contato prévio com a aliciadora, que se aproveitou disso para convencê-la a vir para Roraima com a promessa de um trabalho como cuidadora de crianças", pontuou.

No país, a vítima foi resgatada por autoridades policiais locais e encaminhada para "um abrigo destinado para moças vítimas de exploração sexual". Com isso, a PF, por meio do representante na Guiana, passou a acompanhar o caso.

Agora, a PF faz tratativas com autoridades do país vizinho para trazer a vítima ao Brasil.

Polícia Federal em Roraima deflagra operação contra tráfico internacional de pessoas

Polícia Federal em Roraima deflagra operação contra tráfico internacional de pessoas

Tráfico de mulheres em Roraima

Roraima teve 309 casos de tráfico de pessoas entre janeiro de 2022 e julho de 2024. Desse total, a maioria das vítimas eram mulheres: 194, o equivalente a 62% - sendo 129 migrantes.

As outras 115 vítimas são os filhos dessas mulheres, homens e pessoas LGBTQIA+, que correspondem a 47%. O levantamento foi feito por meio de 914 pessoas entrevistadas e obtido com exclusividade pelo g1.

O trabalho foi feito pelo Grupo de Estudo Interdisciplinar sobre Fronteiras (Geifron) da UFRR.

🔎 O tráfico humano é uma das violações mais sérias dos direitos humanos, afetando um grande número de vítimas em todo o mundo, cujos direitos fundamentais e dignidade são "severamente desrespeitados", de acordo com o Ministério da Justiça. O crime é descrito pela pasta como "agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso".

Estudo sobre tráfico humano identifica 309 vítimas de 2022 até primeiro semestre de 2024 — Foto: Arte g1

Leia outras notícias do estado no g1 Roraima.

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