Deputado estadual Rarison Barbosa (PMB) e Comandante-geral da Polícia Militar de Roraima, coronal Miramilton Goiano são alvos de operação — Foto: Divulgação/Ale-RR e Reprodução/Instagram
O deputado estadual Rarison Barbosa (PMB) e o comandante-geral da Polícia Militar de Roraima, coronel Miramilton Goiano de Souza, são alvos da Polícia Federal em duas operações que investigam a venda ilegal de armas de fogo e munições no estado. São cumpridos 16 mandados de busca e apreensão nesta quarta-feira (23).
Pela manhã, agentes federais estiveram na casa do coronel, no bairro Cinturão Verde, zona Oeste de Boa Vista. Além dele, outros policiais também são alvos da operação. Rarison Barbosa é policial penal.
Dois filhos do coronel Miramilton, Renê Pugsley de Souza e Reniê Pugsley de Souza, que são policiais penais, também são alvos de buscas da PF. Eles cursam medicina na cidade de Fernandópolis, interior de São Paulo, onde agentes federais cumprem duas ordens de apreensão.
Miramilton é apontado nas investigações da Polícia Federal como o líder do grupo criminoso. O coronel, conforme apurado pela Rede Amazônica, atuava, principalmente, com o apoio dos dois filhos — os três são suspeitos das vendas ilegais.
Em nota divulgada nas redes sociais, o deputado disse que foi surpreendido, que desconhece os motivos pelos quais foi associado a operação e que nunca teve envolvimento com atividades ilícitas, "especialmente no que diz respeito ao comércio de armas" (leia a íntegra da nota mais abaixo).
"Tenho plena confiança na Justiça e na atuação das instituições responsáveis pela apuração dos fatos. Neste sentido, sigo cooperando de maneira proativa para que todas as circunstâncias sejam elucidadas o mais rápido possível", disse o parlamentar.
Em nota, publicada nas redes sociais, o comandante negou qualquer participação em crimes e não foi chamado para prestar esclarecimentos. Disse ainda que "sempre pautou sua atuação profissional pelo mais estrito cumprimento da lei" e que por ser policial militar tem armas legalizadas, além de registro de CAC (leia a nota na íntegra mais abaixo).
Na investigação, a PF identificou "uma intensa negociação de munições e armamentos pelos suspeitos", que ocorriam de forma ilegal.
O governo, que é responsável pela escolha do comando da PM, informou, em nota, que por "determinação do Governador Antonio Denarium, abrirá processo administrativo disciplinar contra todos os envolvidos nas investigações, e permanece à disposição dos órgãos de fiscalização e controle para dar uma resposta à população roraimense."
Já a PM, informou que está acompanhando a operação e reiterou que o caso está sob sigilo, por isso "é fundamental que respeitemos o andamento das investigações". Além disso, ressaltou que todas as armas que foram apreendidas na operação estão devidamente registradas.
"O Coronel Miramilton Goiano é um Colecionador, Atirador e Caçador (CAC) e instrutor de tiro, credenciado por instituições reconhecidas. Agradecemos a compreensão de todos e nos colocamos à disposição para qualquer esclarecimento adicional, sempre em respeito às diretrizes legais e ao principio da transparência".
A Assembleia Legislativa de Roraima (Ale-RR) informou que, até o momento, não recebeu qualquer comunicado oficial sobre a ação e que companha o caso de forma institucional, "reafirmando seu compromisso com a legalidade, a transparência e o devido processo legal".
Deputado e comandante da PM são alvos da PF em Roraima
A operação foi deflagrada em parceria com o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Roraima. Para dar cumprimento aos mandados judiciais expedidos pela Justiça Estadual, foram mobilizados mais de 80 policiais.
O coronel Miramilton Goiano ocupa o mais alto posto da PM de Roraima desde fevereiro de 2023 quando foi nomeado pelo governador Denarium. Nos últimos meses, ele também passou a ser investigado pela Polícia Civil por suspeita de interferir no assassinato do casal de agricultores Flávia Guilarducci, de 50 anos, e Jânio Bonfim de Souza, de 57, no crime conhecido localmente como "Caso Surrão".
Além disso, durante a gestão de Miramilton ao menos 100 policiais militares passaram a ser investigados pelo MP por crimes como fazer parte de milícia, trabalhar para garimpeiros, roubar garimpeiros, tortura, sequestro, tráfico e homicídios.
O deputado estadual Rarison Barbosa está no primeiro mandato - foi eleito em 2022 com 3.200 votos. Começou na vida pública como sindicalista, onde presidiu o Sindicato dos Policiais Penais de Roraima (Sindpen). Quando se candidatou, Rarison declarou ter R$ 595 mil em bens.
Comandante-geral da PM é alvo de operação da Polícia Federal — Foto: Marcelo Marques
Íntegra da nota de Rarison Barbosa
Em respeito à população e à transparência que sempre norteou a minha atuação, venho a público esclarecer os fatos relacionados à operação que investiga a suposta venda ilegal de armas. Fui surpreendido ao saber que meu nome está vinculado a esta investigação e, desde já, reafirmo que estou à disposição para contribuir com as autoridades competentes, como sempre fiz em todas as situações em que a verdade precisa ser esclarecida.
Desconheço os motivos pelos quais fui associado a esta operação, uma vez que nunca tive qualquer envolvimento com atividades ilícitas, especialmente no que diz respeito ao comércio de armas. Tenho plena confiança na Justiça e na atuação das instituições responsáveis pela apuração dos fatos. Neste sentido, sigo cooperando de maneira proativa para que todas as circunstâncias sejam elucidadas o mais rápido possível.
Reitero meu compromisso com a legalidade, a ética e o respeito as leis, valores que sempre pautaram minha trajetória política e pessoal. Aguardo com serenidade o desenrolar das investigações, certo de que a verdade prevalecerá e tudo será devidamente esclarecido.
Íntegra da nota de Miramilton
O Comandante da Polícia Militar do Estado de Roraima, Cel. Miramilton, esclarece que sempre pautou sua atuação profissional pelo mais estrito cumprimento da lei.
Na condição de policial militar possui armas legalizadas e, portanto, registradas pela Polícia Federal. Além disso, é instrutor de tiro e Coleciona-dor, Atirador Desportivo e Caçador (CAC).
Ressaltamos, ainda, que nunca sequer foi chamado para prestar esclarecimentos sobre o aludido fato e nega veementemente qualquer participação em atos delituosos.
As medidas judicias serão tomadas para restabelecimento da Justiça.
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