Por Ailton Alves, Rayane Lima, g1 RR — Boa Vista


Base em foi Pakilapí inaugurada nesta terça-feira (18) — Foto: Arquivo Pessoal/Comando Operacional Conjunto Catrimani II

As Forças Armadas entregaram duas bases para apoio a operações contra garimpeiros ilegais na Terra Indígena Yanomami. As estruturas foram construídas nas comunidades Pakilapí e Kayanaú, dentro do território, no âmbito da operação Catrimani II.

A base de proteção em Pakilapí foi entregue na última terça-feira (18), e levou 18 dias para a montagem. A estrutura de Kayanaú foi entregue na quinta-feira (13) e levou 7 dias para ficar pronta. Estas duas regiões ficam às margens dos rios Mucajaí, Couto de Magalhães e Uraricoera, rotas usadas por garimpeiros ilegais para chegar até comunidades no território Yanomami.

Estruturadas com barracas do estilo carpas, usadas em situações emergenciais, os espaços e são devem ser operados por agentes de segurança e de fiscalização ambiental, como Polícia Federal, Ibama e servidores da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

As estruturas são temporárias, mas não há previsão para quando devem ser retiradas do território Yanomami. As duas bases são consideração Bases de Proteção Etnoambiental (Bape), que são instalações usadas para garantir proteção e segurança.

Procurados, a PF, a Funai e o Ibama não responderam ao g1 sobre quando e quantos agentes serão enviados à região para iniciar os trabalhos nas bases construídas pelas Forças Armadas.

De acordo com o contra-almirante da Marinha, Alexandre Assano, a operação Catrimani II tem o objetivo de fortalecer a presença do Estado Brasileiro dentro da Terra Yanomami.

"Essas bases interagências possibilitam o apoio logístico para operação das agências que precisam se fazer presentes no território Yanomami e levar as políticas públicas ao povo Yanomami", afirmou.

Além da construção da bases em Pakilapí e Kayanaú, as Forças Armadas, por meio do Exército Brasileiro, Marinha e Aeronáutica, em conjunto com a Casa de Governo, fizeram mais de 9 mil atendimentos médicos a cerca de 600 pessoas no período de 11 a 18 de junho.

Base em Kayanaú ficou pronta em sete dias, e foi entregue nesta quinta-feira (13). — Foto: Arquivo Pessoal/Comando Operacional Conjunto Catrimani II

Atendimentos médicos a indígenas e ribeirinhos

Os atendimentos médicos de saúde foram realizados também como parte da operação Catrimani II aos indígenas Yanomami e a ribeiros que vivem na região Sul de Roraima. Cerca de 80 militares do Exército, Marinha e Aeronáutica trabalharam nos atendimentos.

Os atendimentos iniciaram no dia 11 de junho na foz do rio Catrimani, que dá nome à operação, e seguiu até comunidades ribeirinhas no baixo Rio Branco, como Santa Maria Do Boiaçú, Santa Helena e Terra Preta.

Ao todo, 619 pessoas foram tendidas, e 9.195 procedimentos médicos realizados, entre consultas com clínico geral, exames de sangue e urina, raio-X, ultrassonografia, além atendimento odontológico e entrega de kits de higiene bucal.

Mais de 9 mil procedimentos foram realizados nas comunidades indígenas e ribeirinhas. — Foto: Arquivo Pessoal/Comando Operacional Conjunto Catrimani II

O contra-almirante disse que foi feito também um mapeamento do rio Catrimani para saber as comunidades localizadas ao longo da região. A ideia é que a operação promova outras ações.

"O comando conjunto trouxe um navio hidrográfico fluvial que fez o levantamento do rio Catrimani e no seu retorno, ele fez o levantamento das informações dessas comunidades para o planejamento de uma futura operação de assistência hospitalar", reforçou.

Bases foram construídas em comunidades indígenas próximo a rios que são utilizados por garimpeiros para chegar na reserva. — Foto: Arquivo Pessoal/Comando Operacional Conjunto Catrimani II

Cerca de 600 pessoas receberam atendimento médico. — Foto: Arquivo Pessoal/Comando Operacional Conjunto Catrimani II

Terra Yanomami

Com 9,6 milhões de hectares, a Terra Yanomami é o maior território indígena do Brasil em extensão territorial e enfrenta uma crise sem precedentes devido ao avanço do garimpo ilegal, com casos graves de indígenas com malária e desnutrição severa.

O território está em emergência de saúde desde janeiro de 2023, quando o governo federal começou a criar ações para atender os indígenas, como o envio de profissionais de saúde e cestas básicas. Além de enviar forças de segurança a região para frear a atuação de garimpeiros.

O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) estima que cerca de sete mil garimpeiros ilegais continuam em atividade no território. O número de invasores diminuiu 65% em um ano, se comparado ao início das operações do governo federal, quando havia 20 mil invasores no território.

Para combater a permanência dos invasores no território, as forças de segurança do governo federal deflagraram a operação Catrimani II. A nova fase de retirada de garimpeiros ocorre após a instalação da Casa de Governo em Roraima, que tem o objetivo de monitorar e enfrentar a crise Yanomami.

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