Por g1 RR — Boa Vista


Relatório apontou redução de quase 80% em áreas de garimpo na Terra Yanomami. — Foto: Bruno Kelly/HAY/Arquivo

Um relatório do Ministério da Defesa apontou que as áreas atingidas pelo garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami reduziram em 78,51% até o dia 12 de setembro de 2023, em comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados indicaram que até setembro de 2022, o garimpo ocupou 999 hectares e, em 2023, a área atingida é de 214 hectares — 785 hectares a menos.

Os dados foram divulgados na tarde desta sexta-feira (15). Eles são do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), do Ministério da Defesa.

A Terra Indígena Yanomami, que abrange os estados de Roraima e Amazonas, é o maior território indígena do país, com mais 10 milhões de hectares. O número corresponde a extensão aproximada do estado do Pernambuco.

Garimpo, malária e fome ainda ameaçam indígenas Yanomami

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A redução de quase 80% na área atingida mostra que a presença de garimpeiros se mantém em pequenas áreas do território indígena, apresentando, nos últimos cinco meses, variação média de 4 hectares.

De acordo com o Ministério, que atua na proteção do território por meio das Forças Armadas, o estudo apontou que as maiores concentrações de garimpo ilegal observadas no início do ano foram desmobilizadas.

O estudo também identificou que o rio Uraricoera, via fluvial mais usada pelos garimpeiros para entrar na Terra Yanomami, e o rio Mucajaí, voltaram às suas cores naturais. Segundo o Ministério, o mercúrio, metal usado por garimpeiros para separar o ouro de outros sedimentos, é o responsável pela coloração amarelada nos rios da região e a contaminação da água e solo.

Vista aérea de um garimpo ilegal no território Yanomami durante uma operação do Ibama contra o desmatamento da Amazônia. — Foto: ALAN CHAVES/AFP/ARQUIVO

Altamente tóxico, o mercúrio é usado por garimpeiros que atuam ilegalmente na Amazônia durante a exploração de ouro, principalmente em territórios indígenas, como a Terra Yanomami. Ele é o único metal líquido em temperatura ambiente que se une facilmente ao ouro, formando uma liga metálica.

Depois desse processo, o mercúrio é jogado no ambiente e, sem qualquer cuidado, se acumula nos rios e entra na cadeia alimentar por meio da ingestão de água e peixes.

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A metodologia adotada no relatório apresenta confiabilidade acima de 95%, resultado do cruzamento dos dados de diversas fontes: a plataforma Brasil M.A.I.S (Meio Ambiente Integrado e Seguro), do Ministério da Justiça e Segurança Pública; a plataforma Terra Brasilis, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE); as constelações de satélites LandSat, Sentinel e CBERS; e imagens de aerolevantamento com apoio das Forças Armadas.

A análise dos dados foi realizada por equipe composta por geólogos, geógrafos, estatísticos e especialistas em sensoriamento remoto.

Terra Yanomami

Maior território indígena do Brasil, a Terra Indígena Yanomami passa por uma grave crise humanitária e sanitária em que dezenas de adultos e crianças sofrem com desnutrição grave e malária. Desde o dia 20 de janeiro, a região está em emergência de saúde pública.

Alvo há décadas de garimpeiros ilegais, o maior território indígena do Brasil enfrentou nos últimos o avanço desenfreado da atividade ilegal no território. Em 2022, a devastação chegou a 54% - cenário que tem mudado com as ações deflagradas desde janeiro deste ano.

A invasão do garimpo predatório, além de impactar no aumento de doenças no território, causa violência, conflitos armados e devasta o meio ambiente - com o aumento do desmatamento, poluição de rios devido ao uso do mercúrio, e prejuízos para a caça e a pesca, impactando nos recursos naturais essenciais à sobrevivência dos indígenas na floresta.

Desde janeiro deste ano, as Forças Armadas, órgãos federais e agências integram a força-tarefa do governo federal para proteção dos indígenas na região. A operação ocorre por meio de ações de patrulhamento, revista de pessoas, veículos terrestres, embarcações e aeronaves e de prisões em flagrante delito.

Até o momento, já foram detidos 146 garimpeiros e apreendidos 40 toneladas de cassiterita, 1.675 gramas de ouro e 808 equipamentos, além da neutralização de acampamentos ilícitos na região da TIY. As ações são realizadas em coordenação com os órgãos de segurança pública.

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