Ao g1, Juliete Pantoja diz que vai sair do Regime de Recuperação Fiscal, suspender o pagamento da dívida e auditá-la

Veja acima a íntegra da entrevista ou ouça abaixo o podcast.

• Plano de governo: Juliete Pantoja (UP)

A candidata afirmou que, se for eleita, pretende romper com o Regime de Recuperação Fiscal, além de suspender o pagamento da dívida com a União. Segundo ela, o estado precisa auditar a dívida pública, com o objetivo de mostrar que parte dessa cobrança é ilegal.

"Vários estudiosos, como os companheiros da Auditoria Cidadã da Dívida, questionam grande parte dessa dívida. Essa dívida, que tem origem há décadas e que ao longo dos anos já foi repassado uma série de recursos para o governo federal, que, em tese, se não fossem os juros absurdos dessa dívida, já teria sido pago. Grande parte dessa dívida, ela se torna ilegal", disse Juliete.

"Uma das propostas do nosso programa é auditar essa dívida, suspender o pagamento dessa dívida. Aquilo que for da condição do Rio de Janeiro, se paga. Aquilo que não é, não se paga", completou a candidata do UP.

Segundo Juliete Pantoja, com essas medidas, o estado pode aumentar o volume de recursos disponíveis para investimento. A candidata também confirmou que pretende rever a política de isenções fiscais.

"A gente entende que é preciso mexer nas isenções fiscais do Rio de Janeiro. (...) A gente tem hoje uma quantidade de isenções fiscais completamente desproporcionais ao que essas empresas dão de volta para o estado, que seria a geração de emprego", argumentou.

Aos 32 anos, Juliete Pantoja disputa o cargo de governadora pela primeira vez. Nascida em Saracuruna, segundo distrito de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, Juliete entrou na política aos 15 anos. Atualmente ela é coordenadora do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), onde atua há mais de dez anos.

Entre as medidas apresentadas, a candidata do UP informou que pretende anular a privatização da Cedae e reduzir as tarifas de água e esgoto no estado.

Segundo Juliete, mesmo que tenha que devolver o dinheiro já pago pelas empresas que compraram partes da Cedae, ela entende que a reestatização é o melhor caminho para garantir um serviço de qualidade à população.

"Se a gente entende que o acordo é prejudicial ao estado, a gente pode anular. E nós vamos arcar com as consequências. Não é razoável que o interesse público venha em segundo plano, sendo que essa privatização vai fazer com que isso aconteça", explicou.

Juliete comentou que outros países que privatizaram serviços de distribuição de água e saneamento básico estão reavaliando essa estratégia.

"Países que privatizaram sua área de saneamento estão reestatizando, porque se demonstrou que esse é um interesse contrário ao da população. Encareceu o serviço de água, prejudicou o serviço de abastecimento, não houve investimentos novos. Para isso não acontecer aqui nós vamos retomar, para garantir o interesse público", completou.

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Outra área onde a candidata do UP defende a maior participação do estado é na gestão dos meios de transportes. Segundo ela, o caso da Supervia serve de exemplo.

Juliete lembrou que mesmo sendo uma empresa privada, a concessionária segue recebendo recursos do governo e que seus acionistas nunca deixaram de lucrar com a companhia.

"O estado tem que colocar dinheiro, as pessoas continuam sofrendo com atrasos, problemas de manutenção e problemas nas estações. Mas os acionistas continuam lucrando. Então isso é algo que nós devemos enfrentar no Rio de Janeiro", disse.

"Não dá para o interesse público ficar submetido a isso. Enquanto esses empresários continuarem lucrando a gente não vai ter um transporte de qualidade. Por isso que a nossa proposta é encampar e estatizar a Supervia", concluiu.

Entre outras propostas levantadas durante a entrevista, Juliete comentou sobre a ideia de ampliar a participação da população nas decisões do governo.

A candidata pretende criar conselhos populares para tratar assuntos de estado.

"Nós queremos ampliar a participação efetiva das pessoas com a criação dos conselhos que vão debater e deliberar sobre pautas importantes. A gente precisa das pessoas dizendo qual é a prioridade do orçamento. Nós queremos abrir essa caixa. A gente quer usar esses espaços para debater tudo", comentou Juliete.

Todos os 6 candidatos foram entrevistados por 20 minutos, em gravações sem corte, exibidas até 5 de setembro.

A ordem de entrevistas foi definida em sorteio com representantes das candidaturas.

Todas as entrevistas ficarão disponíveis na íntegra, em vídeo e em áudio, como episódio especial do podcast Desenrola, Rio.