Edimilson Ávila entrevista Eduardo Serra, candidato do PCB ao governo do estado do Rio
Eduardo Serra (PCB) foi o sexto entrevistado na série de entrevistas de Edimilson Ávila, no podcast Desenrola, Rio com candidatos ao governo do estado do RJ. O candidato afirmou que pretende reformular todo o sistema de transporte do estado em 4 anos. A meta de Serra é zerar o preço da passagem de ônibus, trens, metrô e barcas.
Veja acima a íntegra da entrevista ou ouça abaixo o podcast.
Entre outros assuntos, Eduardo Serra também prometeu, caso seja eleito, construir 150 mil unidades habitacionais, o que atenderia cerca de 700 mil famílias, segundo ele, e acabar com a Polícia Militar do Rio de Janeiro.
Aos 66 anos, Eduardo Serra é dirigente do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e está concorrendo ao governo do estado pela segunda vez. Em outras duas oportunidades, o candidato também tentou uma vaga no Senado Federal, e o cargo de prefeito do Rio de Janeiro.
COMO FORAM AS OUTRAS ENTREVISTAS
- Rodrigo Neves promete renda mínima de R$ 500 e rebate denúncias
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- Paulo Ganime propõe diminuir o IPVA, reduzir filas de cirurgias e Ideb entre melhores
- Cyro Garcia promete romper com o Regime de Recuperação Fiscal e investir em obras, como a Linha 3 do metrô
- Luiz Eugênio promete salário-mínimo de R$ 7,5 mil e 'milícias populares' para enfrentar o crime organizado
- Juliete Pantoja diz que vai sair do Regime de Recuperação Fiscal, suspender o pagamento da dívida e auditá-la
Tarifa zero nos transportes
Durante a entrevista ao jornalista Edmílson Ávila, o candidato do PCB apresentou suas propostas para melhorar a qualidade do transporte público fluminense. Segundo ele, o primeiro passo para uma reformulação do setor seria a criação de uma empresa pública para fazer a gestão de todos os modais que atendem a população.
"Com o estado controlando o sistema de transporte, aquela empresa que não cumprir as regras da concessão vai ser encampada", explicou.
No médio prazo, a ideia de Eduardo Serra é ter o governo como gestor dos serviços de ônibus, barcas, trens e metro. De acordo com o planejamento do candidato, em dois anos o preço da passagem já poderá ser reduzido em 50%. E até o final do mandato, ou seja, em quatro anos, todo o sistema de transporte do Rio de Janeiro seria gratuito.
"A gente tem uma conta feita que no curto prazo dá para reduzir o valor da passagem pela metade. Esse curto prazo seria em dois anos. (...) E no médio e longo prazo, podemos chegar à tarifa zero, com o sistema gratuito, mudando a forma de financiamento", prometeu Serra.
De acordo com o candidato, a redução do valor da passagem será possível porque o estado não vai buscar lucro na gestão dos meios de transporte.
"(É viável) porque não vai ter um lucro. É lógico que tem que ter uma parte para manutenção e investimento, mas sem o lucro a gente consegue reduzir rapidamente", disse.
Outro objetivo de um eventual governo na área da mobilidade urbana é investir no transporte aquaviário, ligando a Baixada Fluminense, o Centro do Rio e os municípios de Niterói e São Gonçalo através das barcas.
"Nós vamos criar uma empresa pública que vai se expandir e aos poucos vamos retomar o controle do sistema de transporte todo pelo estado. (...) Com essa expansão, nós vamos investir nas barcas, que pode ligar não só o Rio a Niterói, pode ligar para a Baixada que tem mar, pode ligar para São Gonçalo", explicou.
Fim da PM e da Polícia Civil
Eduardo Serra também é a favor da extinção da Polícia Militar e da Polícia Civil, como afirmou durante a entrevista ao g1.
De acordo com seu plano de governo, no lugar das forças de segurança existentes entrariam a Polícia Civil Judiciária Cidadã, de caráter investigativo, e a Guarda Civil, que ficaria responsável pelo patrulhamento ostensivo no estado.
"Nós pretendemos extinguir a Polícia Militar, isso é uma ação nacional, e também a atual Polícia Civil. Vamos criar duas instituições civis. Uma uniformizada, armada, para fazer o policiamento ostensivo. E uma outra de caráter investigativo, que deve atuar em conjunto com outros órgãos, como a PF, por exemplo", comentou o candidato, que disse que também pretende recriar a Secretaria de Segurança Pública.
Questionado sobre como seria a atuação do estado nos territórios dominados pelo tráfico ou por milícias, o candidato argumentou que não vai aceitar nenhum tipo de crime e que vai confrontar os criminosos usando as forças de segurança do estado, contudo, Serra disse que é contra o "caráter militar da operação".
"Uma polícia que tem uma atuação como a de um exército, por que é isso que acontece hoje. Há uma operação em comunidade e, pelo caráter militar da operação, é tiro para todo lado, principalmente para cima do jovem negro das comunidades. Esse tipo de ação nós não concordamos. Mas é claro que tem que ter ação. A gente não tem nenhuma concessão a fazer ao crime organizado ou qualquer tipo de crime", respondeu.
Ao defender o fim da Polícia Militar no Rio de Janeiro, Eduardo Serra lembrou que muitos países já adotaram policiais civis no patrulhamento ostensivo.
"Só tem polícia militar em cinco ou seis países no mundo. A gente olha os países desenvolvidos e as polícias são civis. Uma parte armada, para fazer o policiamento ostensivo e o enfrentamento que tem que ser feito, e a outra investigativa de alta qualidade. A gente quer a polícia do Rio de Janeiro com a qualidade que tem a Polícia Federal brasileira ou o FBI", argumentou Serra.
150 mil moradias
Durante suas respostas sobre Segurança Pública, o candidato do PCB disse que um dos eixos de combate à violência é a luta contra a desigualdade social. Segundo Serra, a pessoa que não tem perspectiva de uma vida digna acaba "virando uma isca para o crime".
"A luta contra a violência e contra o crime tem outro eixo que é o combate às desigualdades. É em cima da miséria e da pobreza extrema que as quadrilhas se nutrem, que recrutam os seus exércitos".
Em seguida, Eduardo Serra disse que vai implementar um programa habitacional no estado para garantir moradia para os mais necessitados. O candidato prometeu construir 150 mil unidades habitacionais em quatro anos de mandato.
"A gente tem que combater isso (violência) com a presença do estado nas comunidades, com programa de moradia. A gente tem a proposta de construir 150 mil moradias em quatro anos, isso vai atender 700 mil pessoas", completou.
Além de novas moradias, Eduardo Serra também quer a implantação do IPTU progressivo, um programa para aumentar a cobrança do imposto para quem for proprietário de mais de quatro imóveis.
Série de entrevistas
Todos os 6 candidatos foram entrevistados por 20 minutos, em gravações sem corte, exibidas até 5 de setembro.
A ordem de entrevistas foi definida em sorteio com representantes das candidaturas.
Todas as entrevistas ficarão disponíveis na íntegra, em vídeo e em áudio, como episódio especial do podcast Desenrola, Rio.