Por Rafael Nascimento, Jhonny Marvin, Guilherme Santos, g1 Rio e TV Globo


Polícia investiga desaparecimento de menina de 11 anos na Ilha do Governador

Polícia investiga desaparecimento de menina de 11 anos na Ilha do Governador

A polícia encontrou o corpo da menina de 11 anos que desapareceu na manhã desta segunda-feira (27) quando estava a caminho da escola, na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio. Sophia Ângelo Veloso da Silva saiu de casa por volta das 7h e, desde então, não tinha mais sido vista.

Um suspeito foi preso após ser identificado em imagens de câmeras de segurança que o mostram acompanhando a menina no horário em que ela desapareceu (entenda mais abaixo). Segundo os pais da menina, o suspeito é irmão da ex-companheira do pai de Sophia. Na delegacia, o homem permaneceu em silêncio.

A Polícia Militar informou que o corpo de Sophia foi achado na caçamba de um caminhão de lixo que seguia para o bairro de Tauá (veja a nota completa ao fim desta reportagem). Ao receber a informação de que o corpo foi achado, o pai da menina, o expedidor de voo Paulo Sérgio da Silva, se desesperou.

Luminol identificou vestígios de sangue

Polícia apreende faca na casa de suspeito de matar menina de 11 anos no Rio — Foto: Reprodução

À tarde, agentes da 37ª DP (Ilha do Governador) estiveram na casa do suspeito, perto do local onde o corpo foi achado, e fizeram perícia. O g1 apurou que no local os investigadores encontraram uma faca e uma chave de fenda torta, que foi encontrada escondida em um buraco e com indícios de sangue. O material será periciado.

Os peritos também encontraram vestígios de sangue no banheiro. Apesar de o cômodo ter sido recentemente lavado, o uso da substância luminol conseguiu identificar resquícios de sangue.

Quando a menina sumiu, ela estava a caminho da Escola Municipal Belmiro Medeiros, no bairro Moneró, a 20 minutos a pé de sua casa.

Sophia Ângelo Veloso da Silva, de 11 anos, foi achada morta — Foto: Reprodução

Segundo os pais da menina, o desaparecimento só foi notado por volta das 15h. Sem notícias, eles passaram a refazer os possíveis trajetos de Sophia até chegar à unidade de ensino. No meio do caminho, eles conseguiram imagens de câmeras de segurança de um comércio, que flagrou a filha acompanhada de um homem, às 7h17, pouco depois de ela deixar a casa.

Com as imagens, os pais da menina foram até a 37ª DP (Ilha) e registraram um boletim de ocorrência. O homem foi detido e levado para a delegacia para prestar depoimento, onde foi preso em flagrante após o corpo ter sido encontrado.

Ele será retirado da delegacia em um blindado da PM e levado para a Polinter.Do lado de fora da delegacia, manifestantes pediam justiça. O Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidão (Recom) foi acionado.

“Eu peço que vocês liberem aqui. Vamos ser inteligentes. Eu sou o mais revoltado, mas ele precisa sair daqui e responder. Deixa que a justiça resolva. Por favor, gente. As pessoas vão se machucar aqui. Deixem o Caveirão [blindado da PM] passar. Não vai adiantar do jeito que vocês querem. Vai virar guerra. Ele não merece isso. Ele não é digno de uma guerra dessas”, dizia o pai de Sophia ao grupo que se aglomerou na porta da 37ª DP.

Investigadores disseram ao g1 que a menina tinha várias marcas de facadas pelo corpo. Ela foi golpeada na nuca, no peito, nas pernas e nas costas. Segundo os agentes, só a perícia dirá se a criança foi ou não estuprada e a causa da morte.

Criança não chegou à escola

Sophia Ângelo Veloso da Silva, de 11 anos, foi achada morta — Foto: Reprodução

O pai da menina disse que não foi avisado que a criança não havia chegado à escola.

"A escola não informou que ela não tinha ido. Então, pensamos que ela estivesse na escola. Ele [o suspeito] desviou a minha filha no meio do caminho. Eu reconheci ele nas imagens e, a partir daí, eu falei: 'É o Júnior'. A minha sogra viu ele mais cedo em direção ao Galeão. Trouxemos todas as informações e depois fomos até a casa dele. Ele estava dormindo. A minha filha ainda não foi localizada. Mas um short dela foi encontrado em uma outra casa. Muitas pessoas passam informações que precisam ser confirmadas”, disse o pai.

“A gente não sabe o que aconteceu. Estou aqui desde ontem e só penso o pior. Não tem como pensar em algo que não seja pior. Esse desgraçado é meu ex-cunhado. A minha filha é apaixonada pela minha ex-companheira e ela sempre ia. Não sei o que ele pode ter dito para a minha filha. Esse cara tirou ela de mim. Todo mundo diz que a esperança é a última que morre, mas está difícil”, disse o pai, antes de receber a notícia do encontro do corpo.

Sobrinha do suspeito denunciou ter sofrido abuso

Sobrinha de homem detido diz que foi abusada por ele aos 16 anos — Foto: Rafael Nascimento/g1 Rio

Também na delegacia, uma sobrinha do suspeito disse que foi abusada por ele quando tinha 16 anos. Hoje com 22 anos, ela conta que, na época, a mãe dela preferiu não denunciar o caso por conta da avó, que era uma pessoa de idade.

Segundo a atual madrasta de Sophia, Thaiane Cirino de Vasconcelos, a menina era a filha do meio de três irmãos. Ela costumava ir para a escola com as amigas.

“Ela vai com as coleguinhas todo dia para a escola. E foi uma dessas amigas que contou que a Sophia estava acompanhada desse homem. Ela deu as características das roupas e passamos a procurá-la. A minha mãe viu ele também com a minha enteada. Esse cara é um conhecido da família. Ninguém espera que um parente pode fazer isso”, disse a madrasta antes de a morte da menina ser confirmada.

Pai chora após receber informação que o corpo da filha foi achado — Foto: Rafael Nascimento/g1 Rio

Nota da PM

"A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que na manhã desta terça-feira (28/05), policiais militares do 17° BPM (Ilha do Governador) foram acionados para uma ocorrência de encontro de cadáver no bairro do Tauá, na llha do Governador, Zona Norte do Rio de Janeiro.

De acordo com o comando da unidade, no local os agentes localizaram um corpo no interior da caçamba de um caminhão de coleta de lixo. No local, o corpo foi retirado da parte traseira do veículo e colocado na Rua Paranapuã, onde os policiais isolaram a área e preservaram o local até a chegada da perícia da 37ª DP (Ilha do Governador)."

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