Por Guilherme Schiavinato, Bruno Sponchiado e Pedro Figueiredo, RJ2


Prefeitura do Rio quer mudar sistema de ônibus na cidade

Prefeitura do Rio quer mudar sistema de ônibus na cidade

Os moradores do Rio de Janeiro perderam durante a pandemia da Covid 1/3 de todas as 493 linhas de ônibus que circulavam pela cidade. Ao todo, 176 linhas pararam de oferecer o serviço.

Além de perder linhas de ônibus, os passageiros do Rio também deixaram de ter 39,6% dos veículos do transporte público nas ruas.

Segundo os números da Secretaria Municipal de Transporte do Rio de Janeiro, a frota das empresas de ônibus deveria ter 7.568 carros. Contudo, atualmente, apenas 2.997 ônibus estão operando na cidade.

Zona Oeste sem opção

A maior parte dos ônibus que sumiram deveria circular pela Zona Oeste do Rio.

"Se locomover na Zona Oeste é um desafio. Com o sumiço do 17, eu preciso pegar dois ou três ônibus dentro de um simples bairro. A linha 388 também é essencial, porque faz Zona Oeste e Centro", disse um passageiro.

"Quem mora na Zona Oeste tá ferrado. Só tem 369 e demora. Quando vem, meu amigo, vem lotado", comentou outro passageiro.

Os dados do município mostram que os consórcios Internorte e Transcarioca circulam atualmente com apenas 45% da frota.

A situação do consórcio Santa Cruz é ainda mais grave. Dos 1.905 ônibus que deveriam estar rodando, apenas 642 estão nas ruas. Esse número representa 34% do total.

Frota determinada x Frota operante:

  • Consórcio Internorte: 2.350 x 1.066 (45%)
  • Consórcio Transcarioca: 1.778 x 794 (45%)
  • Consórcio Intersul: 1.535 x 537 (35%)
  • Consórcio Santa Cruz: 1.905 x 642 (34%)

A linha 457, que faz o trajeto Abolição-Copacabana, por exemplo, deveria ter 32 veículos circulando. Mas nesta sexta-feira (18), só 18 carros foram para as ruas.

Já a linha 397, Campo Grande-Candelária, deveria ter 30 ônibus, mas apenas 18 carros circularam nesta sexta.

"O 342 passa, mas demora muito. Diminuíram a quantidade de ônibus. Estou aqui desde 17h30. As vezes, eu fico 40 minutos, uma hora esperando ônibus. Eu moro longe. Sexta-feira eu quero ir para casa descansar e é ruim", disse outro passageiro.

Redução de passageiros

Segundo informações da Prefeitura do Rio, em abril desse ano, 38 milhões de pessoas andaram de ônibus na cidade.

O número de passageiros em 2021 só é menor do que a contagem dos meses de abril, maio e junho de 2020. A diferença pode ser explicada pelo período ser apontado como o auge do isolamento social e das regras de restrição de circulação.

Como comparação, os números de abril 2019 eram mais do que o dobro do registrado em abril de 2021.

Total de passageiros:

  • Abril 2021 - 38.520.275
  • Abril 2020 - 24.050.849
  • Maio 2020 - 25.602.911
  • Junho 2020 - 31.277.668
  • Abril 2019 - 83.162.447

De janeiro a abril de 2016, 417 milhões de pessoas andavam de ônibus na cidade. No acumulado desse período em 2021, foram registrados 174 milhões de passageiros, uma redução de 60%.

Empresas fechadas

O RJ2 apurou que 45 empresas faziam parte dos consórcios quando eles foram licitados, em 2010.

Atualmente, apenas 23 continuam em operação normalmente. Além disso, outras seis ainda estão operando, mas estão em recuperação judicial - uma fase antes da falência. Outras 16 já fecharam as portas.

"É muito pouco ônibus agora. Eu já podia estar em casa, em outros compromissos e aí fico atrasado. É complicado, não tinha que ser assim", desabafa um passageiro.

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