Por Arthur Guimarães, Carlos de Lannoy, Felipe Freire, Leslie Leitão e Marco Antônio Martins, TV Globo e G1 Rio


O menino Henry Borel, de 4 anos, — Foto: Reprodução

Thayná de Oliveira Ferreira, babá do menino Henry Borel, e Leila Rosângela de Souza (a Rose), empregada doméstica da casa de Monique Medeiros e vereador Dr. Jairinho, mentiram em seus depoimentos sobre a morte da criança, segundo a polícia.

Os agentes descobriram que as duas se reuniram previamente com o advogado de Dr. Jairinho e Monique, presos nesta quinta-feira (8) suspeitos de atrapalharem as investigações.

Segundo a investigação, Thayná sabia que Henry era agredido. Já Rose teria mentido ao dizer que Dr. Jairinho não ficava sozinho com a criança.

Além disso, Rose estava no apartamento do casal em pelo menos uma vez em que o menino foi agredido pelo vereador, um mês antes do assassinato.

Henry Borel, de 4 anos, foi levado sem vida a um hospital particular do Rio de Janeiro na madrugada de 8 de março. O laudo apontou que a causa da morte de Henry foi “hemorragia interna e laceração hepática [danos no fígado] causada por uma ação contundente [violenta]”.

O padrasto de Henry e a mãe da criança foram presos e indicados por homicídio duplamente qualificado. Segundo a polícia, Jairinho cometeu agressões que mataram o garoto e que Monique foi conivente.

A mãe e o padrasto criaram uma página em uma rede social em que afirmam que são inocentes e pedem justiça.

VÍDEO: O que se sabe sobre a morte do menino Henry Borel, no Rio

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O que a polícia diz sobre a babá

Agentes da 16ª DP (Barra da Tijuca) cumpriram, na manhã desta quinta-feira (8), um mandado de busca e apreensão na casa da babá de Henry.

Ao longo de um mês de investigação, a Polícia Civil reuniu provas de que Thayná de Oliveira Ferreira mentiu em seu depoimento, prestado no último dia 24, e que sabia que Henry era agredido — a investigação aponta que Jairinho praticou sessão de tortura contra o menino semanas antes da sua morte.

Ao ser questionada sobre o relacionamento de Jairinho e Monique com Henry, Thayná disse que “esteve na presença dos três, no máximo, quatro vezes, sem que passasse de duas horas em cada ocasião, mas não percebeu nada de anormal”.

Os agentes reuniram elementos que indicam que ela sabia, sim, que a criança havia sido agredida pelo padrasto ao menos uma vez, em fevereiro.

Henry Borel: Dr. Jairinho e Monique chegam na delegacia após prisão

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Thayná, que foi contratada para trabalhar como babá em 18 de janeiro deste ano, também foi perguntada sobre marcas que a criança poderia ter, mas disse que “costumava dar banho em Henry e nunca viu qualquer marca de violência no corpo do menino”. A investigação afirma que esta declaração também não é verdadeira.

A babá revelou, ainda, que não foi trabalhar no dia 8 de março, esperando um posicionamento de Monique. Por volta das 8h30, a mãe de Henry telefonou e deu a notícia da morte, chorando: “Você não precisa trabalhar hoje. Henry caiu da cama. Estou em choque, perdi meu bem mais precioso”, narrou ela, dizendo que Monique se esforçava para sempre agradar o filho e demonstrava carinho com o menino.

A última vez que Thayná esteve no Condomínio Majestic, no Cidade Jardim, na Barra da Tijuca, foi em 5 de março. Depois, não voltou a falar com Monique até que, no dia 18, um dia após a imprensa revelar o caso, a irmã de Jairinho, Thalita, telefonou para ela, pedindo que fosse até sua casa, em Bangu, pois o “advogado de Jairo queria lhe fazer algumas perguntas”.

Thayná também disse que “ao chegar à casa de Thalita, não chegou nem a sentar, pois o motorista chegou para levá-la juntamente com Rosângela (empregada do casal) até o escritório do advogado”, no Centro.

No escritório, ela foi apresentada ao advogado do casal, André França Barreto. Lá ele conversou primeiro com Rosângela, depois com Thayná. Às duas, fez perguntas sobre o relacionamento delas com Henry, como era o relacionamento do casal, como eram os três juntos e se o menino se queixava de algo.

O advogado explicou que ela seria intimada pela polícia e orientou que ela dissesse apenas a verdade e o que havia presenciado. A babá, após responder todas as perguntas, foi indagada se gostaria de dar uma entrevista para a imprensa. Disse que aceitaria se sua imagem não fosse exposta.

O advogado, então, levou-a para a sala ao lado, onde uma equipe de TV aguardava. Thayná contou à polícia “que respondeu aos repórteres as mesmas perguntas formuladas” pelo advogado.

O que a polícia diz sobre a doméstica

A doméstica Leila Rosângela de Souza, a Rose, esteve no apartamento do casal em pelo menos um dos dias em que o menino foi agredido por Jairinho. Esse, segundo a polícia, foi um dos vários fatos omitidos pela testemunha em seu depoimento na 16a DP (Barra da Tijuca).

Os investigadores sabem também que Rose mentiu ao relatar que Jairinho “não ficava sozinho com a criança”.

Rose disse ainda que “chegou a presenciar quando Henry, ao ver que Jairinho havia chegado, chegou correndo falado 'tio Jairinho, tio Jairinho'".

Os investigadores tentam descobrir agora se as narrativas de Rose e de Thayná foram planejadas por pressão do vereador.

Casa limpa

Uma perícia foi feita no apartamento do casal na tarde da segunda-feira que Henry morreu. Quando os peritos chegaram ao local, entretanto, a funcionária do casal já tinha feito a limpeza do lugar.

Depois, os peritos ainda descobriram uma sacola guardada no quarto de empregada com porta-retratos.

Os investigadores acreditam que os porta-retratos da sala haviam sido trocados, e que fotos do menino passaram a figurar na decoração da sala.

A TV Globo ligou para Rosângela, a empregada que limpou a casa. Ela deu a mesma versão contada por Monique. “Tenho a chave da porta da cozinha. Eu entro, trabalho e vou embora (...) Em momento algum ela falou comigo”, disse a empregada. Perguntada sobre ter deixado a casa sem saber do episódio, Rosângela afirmou: “Sim. Eu cheguei, fiz meu trabalho normal e fui embora”, disse.

Na delegacia, a versão de Rose foi diferente. Ela contou que, ao deixar o apartamento naquela manhã, encontrou Monique chegando, no elevador. Ambas choraram e, ali, a mãe contou sobre o ocorrido. Dali, elas entraram no apartamento novamente.

A versão apresentada por Jairinho foi a mesma de Rose. Ele disse que, ao chegar em casa por volta de 10h, se deparou com Monique, Rosângela e Cristiane, sua assessora, e elas conversavam sobre a morte de Henry.

Arte mostra a cronologia do dia da morte de Henry Borel, o que houve no apartamento e o laudo da necropsia — Foto: Infografia: Amanda Paes e Elcio Horiuchi/G1

Prisão

O vereador e a mãe de Henry foram presos na manhã desta quinta-feira (8) na casa de parentes de Monique em Bangu, na Zona Oeste do Rio. Segundo os investigadores, a prisão ocorreu porque Monique e Jairinho atrapalharam as investigações da morte da criança e ameaçaram testemunhas.

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