Mensagem do pai de Henry no dia que o menino completou um mês de morto — Foto: Reprodução / rede social
"Meu filhinho deve ter sofrido muito."
Essas foram as palavras do engenheiro Leniel Borel de Almeida, logo após a prisão a ex-mulher, Monique Medeiros, e do namorado dela, o vereador Dr. Jairinho (afastado do Solidariedade) (veja vídeo da prisão abaixo).
Em entrevista ao repórter Carlos De Lannoy, Leniel chegou a dizer que estava passando mal.
- DELEGADO: 'Não resta a menor dúvida sobre a autoria do crime'
- MENSAGENS: babá narrou à mãe de Henry agressões em tempo real
- PERGUNTAS E RESPOSTAS: o que sabe e o que falta esclarecer
- VÍDEOS: veja reportagens sobre o caso
Durante a madrugada, antes mesmo de saber da prisão da ex-mulher e do marido dela, Leniel postou uma homenagem ao filho, no dia em que a morte dele completa 1 mês. O pai de Henry pediu "desculpas" por não ter conseguido protegê-lo.
“30 dias desde que te dei o último abraço. Nunca vou esquecer de cada minuto do nosso último final de semana juntos. Deixar você bem, cheio de vida, com todos os sonhos e vontades de uma criança inocente. Desculpa o papai por não ter feito mais, lutado mais e protegido você muito mais. Confiamos que Deus fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu juízo como o meio-dia”, disse o pai em uma rede social.
Leniel Borel se diz destroçado com a morte do filho — Foto: Reprodução/TV Globo
Veja abaixo vídeo que mostra fatos que levaram à prisão de Doutor Jairinho e da mãe de Henry:
Caso Henry: fatos que levaram à prisão de Doutor Jairinho e da mãe do menino
Resumo do caso Henry Borel
VÍDEO: O que se sabe sobre a morte do menino Henry Borel, no Rio
- Henry estava no apartamento onde a mãe morava com o vereador Dr. Jairinho, na Barra da Tijuca, e foi levado por eles ao hospital, onde chegou já sem vida na madrugada de 8 de março.
- O casal alegou que o menino sofreu um acidente em casa e que estava "desacordado e com os olhos revirados e sem respirar" quando o encontraram no quarto.
- Mas os laudos da necropsia de Henry e da reconstituição no apartamento do casal afastam essa hipótese.
- O documento informa que a causa da morte foi hemorragia interna e laceração hepática [no fígado] causada por uma ação contundente [violenta].
- A polícia diz que, semanas antes de ser morto, Henry foi torturado por Jairinho. Monique sabia.
- Nesta quinta (8), Dr. Jairinho e Monique foram presos temporariamente, suspeitos de tentar atrapalhar as investigações.
- A defesa ainda não se manifestou sobre a prisão. Jairinho e Monique não falaram ao serem detidos.
Henry Borel: Dr. Jairinho e Monique são presos no Rio de Janeiro
Polícia fala em chutes e golpes na cabeça
Segundo a polícia, o vereador Dr. Jairinho teria praticado pelo menos uma sessão de tortura contra o menino semanas antes da morte da criança. Ainda segundo as investigações, a mãe sabia de agressões, que incluíam chutes e golpes na cabeça. Jairinho teria se trancado no quarto para bater no menino.
Em 12 de fevereiro, Monique descobriu que Jairinho estava no apartamento, trancado no quarto, com o Henry. A polícia descobriu que ela estranhou que ele tivesse chegado cedo em casa.
O casal foi preso na manhã desta quinta-feira (8) por ter atrapalhado as investigações da morte da criança. Segundo a polícia, eles chegaram a fazer ameaças a testemunhas para combinar versões.
Quando foi preso, o casal estava na casa de parentes de Monique em Bangu, na Zona Oeste do Rio.
Embora o inquérito ainda não tenha sido concluído, a polícia acredita que Henry foi assassinado. Falta esclarecer como o crime foi cometido
Provas descartam hipótese de acidente
A polícia ouviu pelo menos 18 testemunhas e reuniu provas técnicas que descartam a hipótese de acidente — levantada pela própria mãe da criança em seu termo de declaração na delegacia.
Os policiais descobriram ainda que, após o início das investigações, o casal apagou conversas de seus telefones celulares. Suspeitam, inclusive, que eles tenham trocado de aparelho.
A perícia do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) usou um software israelense, o Cellebrite Premium, comprado pela Polícia Civil no último dia 31 de março, para recuperar o conteúdo.
Henry Borel: Dr. Jairinho e Monique chegam na delegacia após prisão
Múltiplos hematomas
A primeira prova importante que chegou às mãos dos investigadores foi um laudo assinado pelo médico legista Leonardo Huber Tauil, feito após duas autópsias realizadas no cadáver da criança, nos dias 8 e 9 de março.
No documento, o perito do Instituto Médico Legal (IML) descreve que a criança sofreu “múltiplos hematomas no abdômen e nos membros superiores”, “infiltração hemorrágica” na parte frontal, lateral e posterior da cabeça, apontou “grande quantidade de sangue no abdômen", “contusão no rim” e “trauma com contusão pulmonar”.
A causa da morte foi por “hemorragia interna e laceração hepática [danos no fígado] causada por uma ação contundente [violenta]”.
Arte mostra a cronologia do dia da morte de Henry Borel, o que houve no apartamento e o laudo da necropsia — Foto: Infografia: Amanda Paes e Elcio Horiuchi/G1