Por G1 Rio


VÍDEO: O que se sabe sobre a morte do menino Henry Borel, no Rio

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O vereador Dr. Jairinho (afastado do Solidariedade) e Monique Medeiros, padrasto e mãe Henry Borel, de 4 anos, prestaram depoimento sobre a morte do menino na última quarta-feira (9). Ambos negam o crime.

Henry chegou morto a um hospital da Zona Oeste do Rio na madrugada do dia 8 de março, com hemorragia e edemas pelo corpo.

As investigações concluíram que Dr. Jairinho agredia o menino com chutes e golpes na cabeça e chegaram a falar em tortura. Segundo a polícia, a mãe do garoto sabia disso pelo menos desde fevereiro.

A Polícia Civil e o Ministério Público concluíram que os dois são responsáveis por homicídio duplamente qualificado – com emprego de tortura e impossibilidade de defesa da vítima.

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A seguir, veja o que se sabe do caso

  1. Com quem Henry estava no dia da morte?
  2. O que a mãe e o padrasto alegaram?
  3. Como Henry estava quando chegou ao hospital?
  4. Qual foi a causa da morte de Henry?
  5. Por que o padrasto e a mãe da criança foram presos?
  6. Henry pode ter apenas se machucado ao cair da cama?
  7. As lesões em Henry podem ter sido causadas numa tentativa de reanimá-lo?
  8. Que procedimentos a polícia tomou na investigação?
  9. Mensagens de celular apagadas: o que a polícia identificou em celulares do casal apreendidos?
  10. Reconstituição afastou a hipótese de acidente?
  11. Há evidências sobre eventual comportamento violento de Dr. Jairinho?
  12. Polícia estranhou comportamento da mãe do menino após morte?
  13. O que falta esclarecer?

O menino Henry Borel, de 4 anos, — Foto: Reprodução

1. Com quem Henry estava no dia da morte?

Depois de passar o fim de semana com o pai, o engenheiro Leniel Borel de Almeida, Henry foi deixado na casa da mãe, Monique Medeiros da Costa Almeida, na Barra da Tijuca, na noite do dia 7, um domingo.

Monique estava com o namorado, Jairo Souza Santos, o vereador Dr. Jairinho (Solidariedade).

Antes de devolver o filho para a ex, Leniel trocou mensagens com Monique. A mãe afirmou estar apreensiva por considerar que o menino não ia querer voltar para casa.

Ela diz ficar "totalmente desestabilizada" por não aguentar o choro dele para não ir. "Fico muito, muito triste."

Às 18h50, minutos antes de o menino chegar em casa, Monique escreve:

"Hoje será uma noite difícil. Sempre que ele chega é assim. Eu parei a minha vida para estar ao lado dele e não adianta. Eu sei o que passo diariamente."

2. O que a mãe e o padrasto alegaram?

Fantástico entra no apartamento onde Henry Borel morava com a mãe e o padrasto

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Monique e Jairinho contaram que estavam juntos de madrugada quando ouviram um barulho. Foram até o quarto onde o menino estava e o encontraram desacordado. Os dois alegaram que o menino sofreu um acidente e que estava "desacordado e com os olhos revirados e sem respirar".

Monique disse que o encontrou desacordado no chão do quarto do casal após ter passado mal. Ela disse que estava com o namorado em outro cômodo vendo televisão.

Os investigadores perguntaram o que poderia ter causado as lesões que a criança apresentava quando chegou ao hospital. Monique respondeu acreditar que Henry acordou, ficou em pé em cima da cama deles e se desequilibrou, ou até tropeçou no encosto da poltrona, e daí caiu no chão.

Ao serem presos, em 8 de abril em Bangu, no Rio, Jairinho e Monique não deram declarações e também não falaram quando chegaram à 16ª DP.

Polícia Civil vai ouvir perito do IML que fez laudo de necrópsica do menino Henry

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Ela também relatou que, quando deu banho no filho, não percebeu qualquer lesão grave.

Em entrevista à TV Globo, o pai do menino relatou que, segundo a ex-mulher, a criança estava com os olhos revirados e já com dificuldade de respirar.

O casal levou Henry para o Hospital Barra D’Or. Monique ligou para o ex-marido, avisando do incidente.

3. Como Henry estava quando chegou ao hospital?

Segundo o laudo do Instituto Médico-Legal, a que a TV Globo teve acesso, a criança já deu entrada no hospital sem vida e apresentava lesões no crânio, no estômago, no fígado e nos rins, além de várias manchas roxas.

Henry Borel — Foto: Reprodução

4. Qual foi a causa da morte de Henry?

O laudo do Instituto Médico-Legal aponta “hemorragia interna e laceração hepática [danos no fígado] causada por uma ação contundente [violenta]”.

Laudo assinado pelo médico-legista Leonardo Huber Tauil, feito após duas autópsias realizadas no cadáver da criança, nos dias 8 e 9 de março descreve que a criança sofreu “múltiplos hematomas no abdômen e nos membros superiores”, “infiltração hemorrágica” na parte frontal, lateral e posterior da cabeça, apontou “grande quantidade de sangue no abdômen", “contusão no rim” e “trauma com contusão pulmonar”.

5. Por que o padrasto e a mãe da criança foram presos?

Henry Borel: Dr. Jairinho e Monique são presos no Rio de Janeiro

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Em 8 de abril, exatamente um mês após a morte de Henry, o padrasto e a mãe do garoto foram presos temporariamente por suspeita de tentar atrapalhar as investigações.

A polícia diz que, semanas antes de ser morto, Henry foi torturado por Dr. Jairinho. Segundo os policiais, Monique sabia das agressões do namorado, que foram descritas pelos investigadores como sendo chutes e golpes na cabeça.

6. Henry pode ter apenas se machucado ao cair da cama?

Não, segundo peritos ouvidos pela TV Globo.

“Uma queda de uma altura baixa é pouco provável que esteja na origem dessas lesões traumáticas”, afirmou perito legista Carlos Durão.

“Nós observamos esses tipos de lesões em acidentes de trânsito, com muito mais energia”, emendou Durão.

Talvane de Moraes acrescenta que há lesões em áreas diversas do corpo, “o que uma queda não proporcionaria”.

“Pode haver equimoses [manchas], mas em regiões onde o corpo colidiu com o chão. Acho difícil colidir cabeça, fígado, pulmão, rim e abdômen [de uma vez só], explicou Moraes.

VÍDEO: Pai do menino Henry Borel cobra resposta sobre a morte da criança

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7. As lesões em Henry podem ter sido causadas numa tentativa de reanimá-lo?

Não, segundo peritos. "Numa reanimação, às vezes a força aplicada pode fraturar o tórax ou a costela, dependendo da estrutura esquelética da vitima. No Henry não tem nada disso", disse Moraes.

8. Que procedimentos a polícia tomou nas investigações?

Desde o dia 8 de março, os policiais ouviram pelo menos 18 testemunhas e reuniram provas técnicas que descartaram a hipótese de acidente — levantada pela própria mãe da criança em seu termo de declaração na delegacia.

Serviram de elementos para embasar o pedido de prisão do casal feito pelo delegado Henrique Damasceno, que comanda as investigações, dois laudos periciais, de necropsia e de local — realizado em três visitas ao apartamento 203 do bloco 1 do Condomínio Majestic, no Cidade Jardim, na Barra da Tijuca, onde a criança estava quando morreu.

Também foram considerados elementos para a prisão os dados extraídos dos telefones celulares do casal, apreendidos no último dia 26.

O pai, Leniel Borel de Almeida Jr., prestou depoimento no dia 8.

Segundo a polícia, uma perícia foi feita na tarde do mesmo dia no apartamento de Monique e Dr. Jairinho. Mas, quando os peritos chegaram, uma funcionária do casal já tinha feito a limpeza do local.

A polícia também recolheu imagens de câmeras de segurança mostrando que Henry chegou bem ao condomínio onde moram a mãe e o padrasto. Ele foi levado até lá pelo pai.

Monique Medeiros da Costa Almeida e Dr. Jairinho deixam a delegacia após 12 horas de depoimento sobre a morte do menino Henry Borel — Foto: Reprodução/TV Globo

9. Mensagens de celular apagadas: o que a polícia identificou em celulares do casal apreendidos?

Os policiais descobriram que, após o início das investigações, o casal apagou conversas de seus telefones celulares. Suspeitam, inclusive, que eles tenham trocado de aparelho.

A perícia do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) usou um software israelense, o Cellebrite Premium, comprado pela Polícia Civil no último dia 31 de março, para recuperar o conteúdo.

Depois da apreensão dos celulares, o advogado do casal chegou a dizer que Monique percebeu que o telefone dela tinha sido invadido por um hacker.

Segundo a defesa, ela tentou fazer um registro na delegacia de crimes de informática, mas não conseguiu. A defesa também afirmou que a saída encontrada por Monique foi fazer um registro online na delegacia da Barra da Tijuca.

10. Reconstituição afastou a hipótese de acidente?

Peritos no condomínio na Barra da Tijuca onde o menino Henry morreu em imagem de 30 de março — Foto: Reprodução/TV Globo

Além do laudo cadavérico, a Polícia Civil tem em mãos mais uma prova técnica que desmonta a tese de acidente. No último dia 1º de abril, investigadores e peritos do ICCE estiveram pela terceira vez no apartamento.

Lá, fizeram uma reprodução simulada ao longo de quatro horas. Os peritos calcularam todas as possibilidades: uma queda da própria altura; a queda da cama; a queda de uma poltrona que ficava ao lado da cama; e a queda de uma escrivaninha.

  • uma queda da própria altura;
  • a queda da cama;
  • a queda de uma poltrona que ficava ao lado da cama;
  • e a queda de uma escrivaninha.

A TV Globo apurou que nenhum desses cenários, de acordo com a conclusão dos peritos, causaria as lesões identificadas na necropsia.

11. Há evidências sobre eventual comportamento violento de Jairinho?

Vereador Dr. Jairinho ao ser preso na manhã de 8 de abril — Foto: Reprodução

O inquérito da 16ª DP reuniu elementos que mostram o perfil agressivo do vereador. Uma testemunha relatou na delegacia que, durante seu relacionamento de dois anos com Dr. Jairinho, cerca de oito anos atrás, ele agrediu várias vezes sua filha, que tinha 4 anos na época.

A menina, hoje com 13 anos, ainda prestou depoimento em outra investigação, aberta contra Dr. Jairinho na Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav).

Um psicólogo acompanhou o relato em que a adolescente narrou uma série de agressões com chutes, pisões e até afogamento na piscina.

Um registro de ocorrência feito pela ex-mulher de Jairinho, Ana Carolina Netto, e um laudo de exame de corpo de delito de 2014 narram agressões do vereador contra a ex. Foi marcado um depoimento dela à polícia.

A mulher havia desistido de seguir com a acusação, e o Ministério Público arquivou o caso. Vizinhos ouvidos pela TV Globo narram que as brigas eram frequentes. Após uma dessas noites de agressões, a filha do casal, com 11 anos na época, chegou a fugir de casa.

12. Polícia estranhou comportamento da mãe do menino após morte?

Henry Borel: Dr. Jairinho e Monique chegam na delegacia após prisão

Henry Borel: Dr. Jairinho e Monique chegam na delegacia após prisão

Em relação a Monique, que namorava o vereador desde 2020, os policiais levantaram informações sobre o comportamento dela após a morte do filho que chamaram a atenção.

Primeiro que ela chegou a trocar de roupa duas vezes até escolher o melhor modelo, toda de branco, para ir à delegacia.

Policiais também estranharam que, no dia seguinte ao enterro, Monique passou a tarde no salão de beleza de um shopping na Barra da Tijuca. Três profissionais cuidaram dos pés, das mãos e do cabelo da professora, que pagou R$ 240 pelo serviço.

13. O que falta esclarecer?

Embora o julgamento ainda não tenha sido concluído, o MP acredita que Henry foi assassinado. Monique e Jairinho são réus pelo crime e já participaram de audiência na Justiça. Falta esclarecer como o crime foi cometido.

Arte mostra a cronologia do dia da morte de Henry Borel, o que houve no apartamento e o laudo da necropsia — Foto: Infografia: Amanda Paes e Elcio Horiuchi/G1

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