Por Danilo Vieira, Jornal Hoje


Assassinatos de Marielle e Anderson completam três anos no domingo com muitas perguntas sem resposta

Assassinatos de Marielle e Anderson completam três anos no domingo com muitas perguntas sem resposta

Três anos depois do assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, o legado da vereadora dá frutos, inspira estudantes e abre oportunidades no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio.

O crime completa três anos no próximo domingo (14). Desde o assassinato, moradores da região de onde veio a vereadora contam que aumentou a quantidade de jovens do local em cursos de pré-vestibular e universidades.

Marielle cursou um pré-vestibular comunitário no Morro do Timbau, uma das comunidades do Complexo da Maré, antes de ir para a faculdade e ser eleita vereadora.

"O legado da Mari está presente na Maré inteira. A gente tem percebido que na pandemia tem apresentado dificuldades no ensino remoto, mas ao longo dos últimos 3 anos aumentou a quantidade de jovens no pré-vestibular da Redes da Maré e em outros cursinhos de pré-vestibular comunitário, e além desse aumento, temos percebido o aumento de jovens nas universidades também”, diz Pâmela Cristina Nunes de Carvalho, diretora cultural do Redes da Maré.

“Ela abria caminho paras pessoas negras, abria curso.. Ela lutou a favor da gente”, afirma Edir Laires, uma moradora da comunidade.

História política

Quando se candidatou a vereadora em 2016, Marielle Franco contou que esperava receber 6 mil votos. Foi eleita com 46 mil. Ela ficou apenas 15 meses na câmara, mas nesse curto tempo apresentou 16 projetos de lei - quase todos para melhorar as condições de vida dos moradores de comunidades do Rio e das mulheres.

Atualmente, Marielle Franco também é o nome de um instituto, criado para ajudar a multiplicar o legado que ela deixou.

“A gente tá carregando a história de Marielle, a formação política pra meninas jovens e negras de favela, para a gente poder contar para elas sobre intelectuais negras, contar para elas a própria história, né, e estar ali educando também para que elas cresçam cientes da força que elas têm”, diz Anielle Franco, irmão da vereadora e diretora do instituto.

Dossiê sobre o crime

Nesta sexta-feira (12), o instituto lançou um dossiê que remonta toda a linha do tempo desde o assassinato até hoje.

O documento traz 14 perguntas ainda sem respostas. Entre elas estão questões sobre as idas e vindas da investigação e sobre o envolvimento de milicianos com o crime. As duas perguntas centrais são: Quem mandou matar Marielle e Por quê?

A Anistia Internacional, que participou do lançamento, apresentou um abaixo-assinado, com mais de um milhão de assinaturas recolhidas ao longo de 3 anos, no Brasil e no mundo, cobrando mais empenho das autoridades para solucionar o caso.

O documento será entregue ao governador em exercício Cláudio Castro e ao procurador-geral de justiça do Rio, Luciano Mattos.

Marielle e Anderson foram assassinados no dia 14 de março de 2018. Um ano depois, os ex-policiais Roni Lessa e Élcio de Queiroz foram presos, acusados de executar o crime.

Em fevereiro de 2021, a Justiça do Rio confirmou que os dois serão julgados por um júri popular, mas a data ainda não foi marcada.

O caso ainda machuca a família, mas recentemente, ela recebeu uma notícia boa: a chegada de mais uma integrante, Eloá, filha de Anielle.

“Essa levada aqui , essa fofura é a Eloah, de 7 meses, nasceu 17 de julho, era para nascer 27, dia do aniversário da Marielle, mas que bom que decidiu ter o dia próprio, veio 10 dias antes”, diz ela.

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