Por Gabriel Barreira e Lívia Torres, G1 Rio e TV Globo


Cinco crianças morreram no Rio vítimas de bala perdida, diz ONG Rio da Paz

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Há sete meses, a família de Jenifer Silene Gomes espera uma resposta sobre a morte da menina de 11 anos em Triagem, na Zona Norte do Rio. Baleada em fevereiro, ela foi a primeira das cinco crianças mortas por bala perdida no estado em 2019, de um total de 16 baleadas.

A mais recente vítima, Ágatha Félix, morreu aos 8 anos no Conjunto de Favelas do Alemão, na sexta. Em comum, as famílias contestam a versão policial e aguardam a elucidação dos casos.

As cinco mortes são investigadas pela Divisão de Homicídios da Polícia Civil. Segundo a assessoria de imprensa, só um dos casos teve o inquérito enviado ao Ministério Público, o do menino Kauê, de 12 anos, morto no Chapadão no início de setembro (relembre abaixo).

  • Kauê Ribeiro dos Santos, de 12 anos, foi baleado durante operação policial no Chapadão, na Zona Norte do Rio
  • Kauã Rozário, de 11 anos, foi atingido por uma bala perdida na comunidade da Vila Aliança, em Bangu, Zona Oeste do Rio
  • Kauan Peixoto, de 12 anos, foi baleado durante confronto entre PMs e criminosos na comunidade da Chatuba, em Mesquita, na Baixada Fluminense
  • Jenifer Silene Gomes, de 11 anos, foi baleada na porta do bar da mãe em Triagem, na Zona Norte do Rio

Só este ano, 16 crianças foram baleadas na Região Metropolitana do Rio, diz Fogo Cruzado

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Jenifer

No caso de Jenifer, a Polícia Militar diz que havia uma operação contra roubo de carga na região. No de Ágatha, a PM afirma que "não há indicativo da participação de um policial militar", o que testemunhas negam.

A irmã de Jenifer diz que não tem informação nova sobre o caso.

"Não deram nenhuma resposta ainda. Tinha muita criança pequena na rua e eles chegaram atirando. Não estava tendo operação nenhuma. É tudo mentira", relata Stefany Gomes.

Kauan

Kauan Peixoto, de 12 anos, morreu após ser baleado no pescoço e abdômen na Baixada Fluminense — Foto: Reprodução/Facebook

No dia 16 de março, Kauan Peixoto, de 12 anos, morreu depois de ser baleado no abdômen, na perna e pescoço, durante uma operação da PM na Chatuba, em Mesquita, na Baixada Fluminense.

Kauan tinha saído de casa pra comprar um lanche, quando foi atingido. A mãe dele, Luciana Pimenta, é cabeleireira e trabalha como frentista para ajudar a cobrir as despesas.

"Eu não vivo, eu sobrevivo. Uma mãe depois que perde o filho dessa forma não vive".

"A gente não sabe quem matou o Kauan, a única resposta que eu tenho é que está em investigação ainda. O sentimento é que a gente não tem justiça. A lei do estado do Rio de Janeiro é lenta. Todo dia você liga a televisão e mataram uma criança, mataram um adolescente, mataram um pai de família, e a família não tem resposta", diz.

Em nota, a PM informou, na época, que foi atacada por criminosos e houve confronto.

"Eles falam a mesma coisa: 'entrei na comunidade, fui recebido a tiro e a criança tomou um tiro de bala perdida'. Isso já virou rotina, até as palavras deles já viraram rotina. Eu não tenho o que fazer, só cobrar".

Kauê

Em 7 de setembro, Kauê Ribeiro dos Santos, de 12 anos, morreu após ser atingido na cabeça, no Complexo do Chapadão, na Zona Norte. A família diz que ele vendia balas e estava voltando pra casa. A PM contestou a versão e falou que o menino era suspeito e teria entrado em confronto com a polícia.

Kauã

Kauã Rozário, de 11 anos, foi atingido em Bangu — Foto: Reprodução/TV Globo

Em maio, o menino Kauã Rozario, de 11 anos, foi atingido por um tiro durante confronto entre PMs e traficantes em Bangu. Ele chegou a ficar internado durante uma semana no Hospital Albert Schweitzer, mas não resistiu.

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