Porta-voz da PM defende ações da polícia e lamenta morte de inocentes
A Polícia Militar afirmou, neste sábado (21), que o governo do estado está no caminho certo e que "não irá recuar" e que "não há nenhum indicativo, nesse momento, de uma participação do policial militar no triste episódio que vitimou a pequena Ágatha". Em entrevista à TV Globo, o porta-voz da PM Mauro Fliess disse que a corporação lamenta profundamente a morte da criança baleada no Complexo do Alemão.
A OAB, a Defensoria Pública e a Anistia Internacional criticaram as políticas de segurança pública do Estado do RJ e manifestaram solidariedade e apoio à família da menina.
Parentes de Ágatha e testemunhas contestam a versão da PM sobre a morte e afirmam que a menina foi atingida por um tiro disparado por um policial. A corporação diz que policiais revidaram após serem atacados por criminosos na comunidade.
"Não iremos recuar. O governo do estado está no caminho certo, estamos reduzindo o número de homicídios dolosos e lamentamos profundamente que pessoas inocentes como a Ágatha e como outras que já aconteceram no estado do Rio de Janeiro perderam suas vidas. Lamentamos profundamente e prestamos solidariedade às famílias", disse o porta-voz da PM, Mauro Fliess.
A corporação afirma que "não há nenhum indicativo, nesse momento, de uma participação do policial militar no triste episódio que vitimou a pequena Ágatha". E que nenhum policial foi afastado.
"Nenhum cidadão merece ser pré-julgado. Ele só pode ser condenado após uma investigação, e ter dado a ele o direito de ampla defesa e do contraditório. O Policial Militar é um cidadão e ele precisa ter esse direito de se defender. Insisto, será feita uma investigação transparente, em que todas as provas técnicas serão coletadas e também as testemunhas serão ouvidas.
No Rio, moradores do Alemão protestam contra morte de menina
A PM informou ainda que as investigações serão feitas com transparência buscando a técnica para apurar as verdadeiras circunstâncias do crime.
"Somente uma investigação transparente vai poder mostrar as reais circunstâncias em que aconteceu esse fato. A Polícia Militar reforça a versão apresentada pelos policiais militares, de que foram atacados de forma simultânea por marginais daquela localidade", disse Fliess.
O coronel Mauro Fliess, porta-voz da Polícia Militar, afirmou que "lamenta profundamente a perda da pequena Ágatha e presta solidariedade a toda a família". Ele disse que as circunstâncias da morte serão apuradas pela Corregedoria da PM e pela Delegacia de Homicídios, com suporte do Ministério Público.
Polícia Civil fará reprodução simulada
No fim da tarde deste sábado, a Polícia Civil informou vai realizar a reprodução simulada do assassinato de Ágatha Vitória Sales Félix, de 8 anos, no Complexo do Alemão.
Após horas de espera, o corpo da menina não pôde ser liberado pelo Instituto Médico Legal (IML) neste sábado (21), segundo a família, por falta de um funcionário que soubesse mexer no scanner corporal - um equipamento semelhante ao utilizado em aeroportos, que permite ver através da pele e dos órgãos.
Segundo parentes da menina, legistas aguardaram um funcionário que soubesse mexer no equipamento até depois das 17h. O procedimento busca identificar se há algum projétil ou fragmento alojado no corpo. Eles deixaram o local, afirmando que a liberação só iria ocorrer no domingo (22).
Avó da menina Ágatha Vitória Sales Félix, de 8 anos, baleada e morta no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio é amparada por familiares ao sair do IML do Rio — Foto: Fernanda Rouvenat/G1
Parentes acusam PM
A pequena Ágatha foi atingida quando estava dentro de uma Kombi na comunidade da Fazendinha, no Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio, na noite de sexta-feira (20). Parentes e testemunhas contestam a versão da PM sobre a morte da criança e afirmam que a menina foi atingida por um tiro disparado por um policial.
Testemunhas que estavam próximas ao local disseram para a família que policiais tentaram atirar em dois homens que passavam de moto pela comunidade quando atingiram a criança.
"A Kombi parou pra deixar um passageiro que tinha compras na mala. Foram tirar as compras da Kombi quando passou uma moto. Falaram que eram dois homens sem camisa. Não sei se mandaram parar enquanto passou e o policial atirou, só que pegou na kombi onde tava minha sobrinha", relatou Danilo Félix, tio da menina.
A criança estava sentada dentro do veículo quando foi atingida.
"Não tinha confronto nenhum. Foi um único tiro. A moto passou, os policiais desconfiaram e acertaram na kombi onde estava a minha sobrinha", relatou Danilo.
Ao saber da morte da neta, o avô de Ágatha entrou em desespero em frente ao Hospital Getúlio Vargas, para onde ela foi levada após ser atingida.
“Foi a filha de um trabalhador, tá? Ela fala inglês, tem aula de balé, era estudiosa. Ela não vivia na rua não. Agora vem um policial aí e atira em qualquer um que está na rua. Acertou minha neta. Perdi minha neta. Não era para perder ela, nem ninguém”, disse o avô de Agatha.
“Mais um na estatística. Vai chegar amanhã e dizer que morreu uma criança no confronto. Que confronto? Confronto com quem? Porque não tinha ninguém, não tinha ninguém. Ele atirou por atirar na kombi. Atirou na kombi e matou minha neta. Isso é confronto? A minha neta estava armada por acaso para poder levar um tiro?”, disse o avô da menina.
Menina de 8 anos estava em uma kombi na Fazendinha, no Complexo do Alemão, quando foi baleada — Foto: Reprodução