Um carro foi atingido por tiros em operação do Exército — Foto: Reprodução
A investigação do fuzilamento de um carro em Guadalupe, na Zona Norte, que terminou com a morte de Evaldo Rosa, de 51 anos, neste domingo (7), será feita pelo Exército. A informação foi confirmada pela Polícia Civil. O carro foi atingido por pelo menos 80 tiros, segundo a corporação.
Uma lei de 2017, sancionada pelo presidente Michel Temer, diz que crimes dolosos contra a vida, cometidos por militares das Forças Armadas, serão investigados pela Justiça Militar da União, se o crime acontecer nos seguintes contextos:
- do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da República ou pelo Ministro de Estado da Defesa;
- de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo que não beligerante;
- de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem ou de atribuição subsidiária
A perícia feita pela Polícia Civil e o laudo de necropsia serão enviados ao Exército para que a investigação continue.
Evaldo era músico, tinha 51 anos e também trabalhava como segurança de uma creche — Foto: Reprodução/Facebook
Fuzilamento em Guadalupe
Homens das Forças Armadas que patrulhavam a região atiraram cerca de 80 vezes no veículo, que levava uma família.
As cinco pessoas que estavam no carro iam para um chá de bebê: Evaldo Santos Rosa, que morreu no local; a esposa; o filho de 7 anos; o sogro de Evaldo (padastro da esposa, também ferido) e outra mulher.
A Polícia Civil realizou a perícia no local porque os militares tiveram dificuldade em realizá-la, segundo o delegado Leonardo Salgado, da Delegacia de Homicídios, devido à revolta dos moradores que testemunharam o crime. Os envolvidos foram ouvidos em uma delegacia militar.
"Foram diversos, diversos disparos de arma de fogo efetuados, e tudo indica que os militares realmente confundiram o veículo com um veículo de bandidos. Mas neste veículo estava uma família. Não foi encontrada nenhuma arma [no carro]. Tudo que foi apurado era que realmente era uma família normal, de bem, que acabou sendo vítima dos militares", afirmou o delegado em entrevista à TV Globo.
Logo após a morte de Evaldo dos Santos Rosa, o Comando Militar do Leste (CML) negou que tenha atirado contra uma família e disse que respondeu a uma "injusta agressão" de "assaltantes". À noite, em outra nota, informou que o caso estava sendo investigado pela Polícia Judiciária Militar com a supervisão do Ministério Público Militar.