Por Alba Valéria Mendonça, G1 Rio


Unidos do Viradouro vai ocupar barracão número 1, da Liesa, na Cidade do Samba, que fica ao lado do barracão da União da Ilha. — Foto: Alba Valéria Mendonça/G1

A Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) vai ter de arrumar a casa, ou melhor, a Cidade do Samba, na Gamboa, na Zona Portuária, para receber a Unidos do Viradouro, escola vencedora do carnaval de 2018 na Série A. Ou seja, a Liesa terá que desalojar o projeto social e o restaurante para ceder seu barracão - o de número 1 - para a 14ª escola a compor o Grupo Especial em 2019. Ainda não foi decidido para onde irão o projeto da Amebras e o restaurante e nem que tipo de obra ou adaptação terá de ser feita no barracão.

No carnaval de 2017, como também não houve rebaixamento de nenhuma escola, a Paraíso do Tuiuti continuou usando o barracão 3 e a Império Serrano, que havia subido da Série A, ocupou o barracão 7, que originalmente também era da Liesa.

O espaço, que era usado pelo projeto da Associação de Mulheres Empreendedoras do Brasil (Amebras), mas com as obras do Porto Maravilha, desde 2013 a Liesa permitia que a escola rebaixada ficasse no barracão na Cidade do Samba por pelo menos mais um ano. Isso aconteceu porque, devido às obras, a Inocentes de Belford Roxo ficou impossibilitada de voltar ao seu barracão original.

Carta do prefeito Marcelo Crivella enviada à Liesa — Foto: Reprodução TV Globo

Desde então, permaneceram na Cidade do Samba Império da Tijuca (2014) e a própria Unidos do Viradouro (2015). Em 2016, o barracão 7 sofreu um incêndio, mas não havia mais escola alguma por lá. Depois de reformado, o barracão 7 e o 1, da Liesa foram usados por setores da organização dos Jogos Olímpicos do Rio.

A Cidade do Samba foi inaugurada em setembro de 2005 para o desfile de 2006, que tinha 14 escolas disputando o campeonato. Na ocasião, a Portela ocupava o barracão número 1. Naquele ano, duas escolas desceram e apenas uma subiu da Série A, deixando um barracão livre. Somente a partir de 2008, o Grupo Especial começou a contar com 12 escolas e dois barracões ficaram desocupados.

Com o incêndio ocorrido em fevereiro de 2011, a poucos dias do carnaval destruindo os barracões de Portela, Grande Rio e União da Ilha, não houve rebaixamento. Uma escola - a Renascer de Jacarepaguá - subiu e ocupou um dos galpões vagos e a Portela mudou de barracão. Após as obras de reforma, barracão número 1 passou a ser ocupado pela Liesa, com a construção de um restaurante e espaço para projetos sociais.

Sem rebaixamento

Em reunião plenária realizada na noite de quarta-feira (28), na sede da Liesa, para fazer um balanço do carnaval de 2018, só Estação Primeira de Mangueira e Portela se votaram contra o não rebaixamento das duas escolas que tiveram as notas mais baixas dos jurados: Acadêmicos do Grande Rio e Império Serrano. As outras 12 escolas – incluindo a Viradouro – votaram a favor de ter 14 escolas no Grupo Especial em 2019.

Antes da reunião, o prefeito Marcelo Crivella enviou uma carta à Liesa informando não ter “nada a opor” aos convites feitos às duas escolas para permanecerem no grupo. Na carta, também assinada por Marcelo Alves, presidente da Riotur, o prefeito salienta a importância dos desfiles das escolas de samba do ponto de vista cultura e econômico para a cidade e diz que recebeu manifestações do prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis, e do governador Luiz Fernando Pezão sobre o não rebaixamento.

O presidente da Liesa, Jorge Castanheira, disse que não foi uma “virada de mesa” e que não houve pressão, mas informou que houve um manifesto das escolas pedindo que Império e Grande Rio não fossem rebaixadas.

“Foi um carnaval dificílimo, de crise financeira, crise de tempo e crise de barracões fechados. Mas todas as escolas fizeram um carnaval direito. Não teve pressão. As escolas tinham feito um manifesto em razão de tudo o que elas sofreram e já se tendo um compromisso firmado de não haver novamente nenhum tipo de mudança. Não foi uma virada de mesa. Pensando no futuro, demos um passo atrás para dar dois adiante para o futuro, para quem gosta e acredita no carnaval”, disse Castanheira, após a reunião.

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