Dos 161 bairros cariocas, somente Cordovil tem uma bandeira oficial. A descoberta da representação solitária instigou o professor da área de saúde Robson Letiere, de 43 anos, a se arriscar no ramo da pesquisa e do desenho gráfico para conceber bandeiras inspiradas na história de cada um daqueles territórios. Tendo as próprias imagens como candidatas, e com a colaboração de outros desenhistas, ele sonha fazer um concurso para escolher oficialmente a flâmula que vai representar cada bairro.
Morador do Jacaré, na Zona Norte, Robson foi desafiado pela curiosidade do filho a explicar o porquê do nome do lugar onde vivem. Seria por causa do réptil? Ele não soube dizer e foi pesquisar. Enfim voltou com a resposta: na verdade, o nome tinha inspiração indígena e significa "rio tortuoso". A resposta provocou ainda mais o filho, que quis entender a origem do nome de outros bairros.
Durante mais de três anos Robson percorreu bibliotecas, institutos e fez entrevistas para concluir a pesquisa. Aproveitou ainda para fazer um curso de computação gráfica e, em poucos meses, desenvolver mais de uma centena e meia de desenhos para representar os bairros.
"Segui basicamente um conceito que foi utilizado em São Paulo. Fui aprender a mexer em um programa, resolvi desenhar extraoficialmente as bandeiras e fiz uma exposição no Largo da Carioca com o trabalho. Passei a ser pesquisador autoditada por causa dessa curiosidade", conta Letiere.
Ainda atrás de oficializar as bandeiras através do voto popular, Letiere participa de um edital que pode premiar seu projeto em um concurso de ação local do Comitê Rio450, criado para o aniversário da cidade.
"Hoje eu posso dizer que tenho uma visão bem real da cidade do Rio de Janeiro, de alguns bairros por onde já passaram a minha exposição. Tive a oportuniade de ir em quase todos."