22/11/2013 07h44 - Atualizado em 22/11/2013 07h44

Consórcio vencedor vai encontrar obras atrasadas no Galeão

Aeroporto será leiloado nesta sexta-feira (22), em São Paulo.
Parte das obras no Galeão será entregue em dezembro, informa Infraero.

Káthia MelloDo G1 Rio

Um canteiro de obras. Este será o cenário que o concessionário vencedor do leilão para administrar o Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, pelos próximos 25 anos, vai encontrar. As obras são para a Copa do Mundo – e estão, em sua maioria, atrasadas.

Pelas regras do leilão, a Infraero deve arcar com as obras para a Copa. Mas de acordo com a estatal, que administra o aeroporto, as reformas de dois setores (B e C) do Terminal 1, serão discutidas com a concessionária. Isso, segundo a Infraero, não afetará as operações durante a Copa do Mundo de 2014.

Acesso ao Aeroporto do Galeão em obras  (Foto: Káthia Mello/G1)Acesso ao Aeroporto do Galeão em obras (Foto: Káthia Mello/G1)

Com atraso de mais de um ano, a Infraero informa que as obras de ampliação do setor A de passageiros, as de recuperação de pistas e pátios e a do setor de embarque do terminal 2 serão entregues em dezembro de 2013. A previsão inicial era terminar essas obras em setembro de 2012.  Segundo a Infraero, o trabalho de reforma estará totalmente concluído em abril de 2014, às vésperas da Copa do Mundo.

Obras em andamento
Considerado o portão de entrada para a Copa do Mundo e para as Olimpíadas de 2016, o Galeão começou a ser reformado há cinco anos. As obras do Terminal 1, que abriga o setor doméstico e algumas companhias estrangeiras, deveriam ter começado em setembro de 2008, como previa a Matriz de Responsabilidade original. No entanto, as obras só foram iniciadas em agosto de 2012.

  •  
Novos balcões de check-in nas obras de ampliação do Terminal 1   (Foto: Káthia Mello/G1)Novos balcões de check-in nas obras de ampliação do Terminal 1 (Foto: Káthia Mello/G1)

Segundo a Infraero, até setembro de 2013, foram executadas 35,7% das obras. A previsão de término é para dezembro. Após a reforma, haverá novas áreas para alimentação, novos balcões de check-in, além de mudanças nas escadas rolantes, elevadores para portadores de deficiência e intervenções estéticas, como nova cobertura e clarabóias. O custo total dessa obra será de R$ 301,1 milhões.

No terminal 2 – onde também existe uma área de embarque internacional – as obras iniciadas em 2008 serão finalizadas a dois meses do Mundial (abril de 2014), embora pelo cronograma a conclusão estivesse prevista para abril de 2011. Segundo a Infraero, até setembro, 43,51% das obras foram executadas no terminal 2.

A empresa informa ainda que, em janeiro, a área de imigração ganhou novo espaço com a ampliação de quatro cabines e um setor exclusivo de desembarque de passageiros brasileiros. O terminal também recebeu dez novas escadas rolantes. Estão ainda na previsão um novo sistema de transporte de bagagens, com mais quatro esteiras, e a reforma dos banheiros da área pública. Os investimentos são de R$ 354,7 milhões.

Iniciada em outubro de 2011, a reforma nas pistas e pátios visa melhorar a segurança de pousos e decolagens, além de preparar o aeroporto para receber grandes aeronaves. Segundo a Infraero, até setembro deste ano, 82,18% dos serviços  foram executados e a previsão de término é para dezembro. O investimento total é de R$ 157,43 milhões.

Expectativa para leilão
Três dias antes do leilão, o G1 passou a tarde no Galeão e ouviu a opinião de passageiros sobre a concessão e a atual estrutura do aeroporto. Para muitos, a transição da administração do terminal para a iniciativa privada deverá trazer benefícios.

Ao longo do corredor onde está a área de reforma do Terminal 1, e por onde circulam passageiros em trânsito, a Infraero montou uma campanha de divulgação das obras. Quem passa pelo local pode acompanhar o trabalho dos operários diante de dez janelas de vidro.

Obras no aeroporto do Galeão (Foto: Káthia Mello/G1)Obras no Terminal 1 (Foto: Káthia Mello/G1)

O aposentado Antonio Batista, morador de Jacarepaguá, na Zona Oeste, se mostrou interessado no andamento da obras de reforma. “Eu estou achando tudo muito lento, mas acho que vai pronto para a Copa do Mundo", disse.

O engenheiro de informática John William, chileno que mora há três anos no Rio de Janeiro, torce para que a reforma traga um pouco mais de vida para o aeroporto. “Eu lembro da primeira vez que desci aqui. Achei tudo muito feio, parece um hospital, tudo muito cinza. Não combina com o Rio de Janeiro, com um aeroporto internacional”, disse.

Outros passageiros esperam melhoras nos serviços. “Acho que precisa variar a oferta de alimentação e o estacionamento”, diz o administrador Christian Aguiar.

As críticas à estrutura do aeroporto também vêm dos turistas. Para o militar venezuelano Antonio Alcantarini, que estava na cidade participando de uma competição esportiva, o aeroporto oferece aos passageiros diferentes estruturas. Segundo ele, enquanto o Terminal 2 é amplo e iluminado, o Terminal 1 é escuro e oferece poucas ofertas de alimentação e acesso à internet. “Eu estou aqui esperando meu voo para São Paulo e vou embarcar aqui no 1 mas tive que caminhar até o Terminal 2 para conseguir carregar meu telefone celular”. Ele também reclamou das longas horas de espera pela conexão nos voos e da falta de cadeiras.

Na semana passada, uma ação do Ministério Público Federal, no Rio de Janeiro, pediu a suspensão do leilão alegando que o edital de licitação apresenta falhas em cláusulas de segurança como a quantidade de câmeras em várias áreas do aeroporto. No dia 19, a Justiça Federal indeferiu o pedido do MPF-RJ informando não ver "verossimilhança das alegações" do MPF,  sobre as possíveis falhas no edital da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

"Não me convencendo da verossimilhança das alegações, tampouco da existência de receio de dano irreparável, não há razão para suspender o leilão marcado para o próximo dia 22", diz o juiz, na decisão.

Obras nos acessos
Do lado de fora, o acesso ao Galeão também está sendo repaginado. As obras do BRT Transcarioca, principal projeto na área de mobilidade urbana ligado à Copa do Mundo, estão em ritmo acelerado no entorno do aeroporto. A ideia é que quando as obras forem concluídas, o tempo gasto para ir do Galeão, na Ilha do Governador, Zona Norte da cidade, até a Barra da Tijuca, na Zona Oeste, será reduzido em cerca de 60%.

Trânsito no entorno do Galeão sofreu alterações por causa das obras (Foto: Káthia Mello/G1)Trânsito no entorno do Galeão sofreu alterações por causa das obras (Foto: Káthia Mello/G1)

No início de novembro, o acesso aos terminais do aeroporto sofreram mudanças. Operários estão construindo, no trecho final da Avenida 20 de janeiro, um novo viaduto para a ligação dos ônibus e as estações que vão ficar na entrada dos terminais.

Eu lembro da primeira vez que desci aqui. Achei tudo muito feio, parece um hospital, tudo muito cinza. Não combina com o Rio de Janeiro
John William, engenheiro

Além das obras do BRT, quem chega ao aeroporto percebe mudanças na sinalização. De acordo com a Infraero, foram investidos R$280 mil no projeto de troca de sinalização e a previsão é que ela esteja pronta até dezembro. Serão 65 novas placas , com padrões de cores diferentes para cada terminal com o objetivo de facilitar a identificação e o acesso ao aeroporto, durante os eventos esportivos.História
As diferenças entre os dois terminais do aeroporto notadas pelo turista venezuelano mostram as diferentes fases da construção do Galeão. Em 1924, foi instalada no local uma escola de aviação e de lá saíram os primeiros Correios Aéreos Navais, em 1935. Dez anos depois o Galeão passou a ser, oficialmente, Aeroporto Internacional.

No início da década de 90, com o crescimento da aviação comercial e a realização de eventos internacionais como a Eco 92, o Terminal 1 passou pela primeira reforma o que acarretou aumento de capacidade para 7 milhões de passageiros ao ano. Também nessa época começaram as obras do Terminal 2, inaugurado em 1999, mais que duplicando a capacidade do Galeão.

Passageiros aguardam voos no saguão do Terminal 1 (Foto: Káthia Mello/G1)Passageiros aguardam voos no saguão do Terminal 1 (Foto: Káthia Mello/G1)

 

veja também
Shopping
    busca de produtoscompare preços de