A atriz e cineasta Norma Bengell, de 78 anos, morreu por volta das 3h desta quarta-feira (9). Ela estava internada no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do Hospital Rio-Laranjeiras, unidade Bambina, em Botafogo, na Zona Sul do Rio. O corpo da atriz será velado no Cemitério São João Batista, em Botafogo, a partir das 18h desta quarta. A cremação está marcada para às 14h de quinta-feira (10) no Cemitério do Caju, na Zona Portuária.
Norma foi hospitalizada no último sábado (5). Ela enfrentava problemas respiratórios havia seis meses, desde quando médicos diagnosticaram um câncer no pulmão direito. "Como ela era muito requisitada pelo mundo todo, a gente quase não tinha contato. Depois que ela adoeceu é que eu tomei um pouco mais a frente da situação", afirmou Egiberto Guimarães Costa, de 45 anos, primo de Norma, destacando que nos últimos anos ela morava com uma cuidadora em Copacabana, na Zona Sul do Rio. Ainda de acordo com ele, Norma não tinha filhos e era viúva. Ela foi casada com o ator italiano Gabrielle Tinti. A intenção da família é que o corpo seja cremado.
Trajetória
Nascida em 21 de setembro de 1935, a atriz carioca Norma Aparecida Almeida Pinto Guimarães D'Áurea Bengell foi uma das maiores musas do cinema e do teatro brasileiros nas décadas de 50, 60 e 70. Atriz, vedete, cineasta, cantora e compositora, Norma começou a carreira na música no início dos anos 50. Ela foi lançada no meio artístico por Carlos Machado, produtor de musicais, e foi vedete na Boate Nigth and Day, no Rio. Em 1959, lançou o primeiro disco, com músicas de Tom Jobim e João Gilberto. Fez sucesso com sua gravação das versões "A lua de mel na lua" e "E se tens coração".
Norma estreou no teatro em "Cordélia Brasil", em 1968, sob a direção de Emilio Di Biasi. Nos anos seguintes, participou das peças "A Noite dos Assassinos" (1969), de José Triana, com direção de Eros Martim; "Os Convalescentes" (1970), com direção de Gilda Grilo; "Vestido de Noiva" (1976), de Nelson Rodrigues, sob a direção de Ziembinski. Em sua última atuação no teatro, participou da montagem de "Dias Felizes", de Samuel Beckett, em 2010.
No cinema, participou de 64 filmes. Estreou nas telas aos 23 anos, no longa-metragem "O Homem do Sputnik", estrelado por Oscarito, onde fez sucesso parodiando a famosa atriz francesa Brigitte Bardot. Norma Bengell fez história em 1962 ao exibir o primeiro nu frontal do cinema brasileiro aos 27 anos, no filme "Os Cafajestes", de Ruy Guerra. Nos anos 80, lançou-se diretora de cinema com "Eternamente Pagu".
Na televisão, Norma começou sua carreira na TV Bandeirantes, com "Os Adolescentes" (1981) e "Os Imigrantes" (1982). Em 1983, foi para a TV Globo, onde fez a minissérie "Parabéns pra Você", e as novelas "Partido Alto" (1984) e "O Sexo dos Anjos" (1989). Seu último trabalho na TV foi em 2009, no programa humorístico "Toma Lá, Dá Cá".
Problemas de dinheiro
Em 2007, Norma Bengell disse ao G1 que estava sendo tratada "como uma bandida" pela Polícia Federal, que a acusava de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e apropriação indébita. De acordo com investigações da PF, a atriz teria comprado em 1996, por R$ 260 mil, um imóvel na época avaliado em mais de R$ 1 milhão.
A compra foi realizada logo após a captação de dinheiro para a realização do filme “O guarani”. O Tribunal de Contas da União considerou que Norma usou irregularmente o dinheiro captado para a realização do filme. “Estou com problemas de saúde, de dinheiro. É a minha imagem de 50 anos de trabalho. Não sei o que vai acontecer comigo”, disse a atriz na ocasião.
(Foto: Estadão Conteúdo/Arquivo)
Veja os principais filmes como atriz:
• 1959 - "O Homem do Sputnik"
• 1960 - "Conceição"
• 1961 - "Carnival of Crime"
• 1961 - "Mulheres e milhões"
• 1961 - "Sócia de Alcova"
• 1962 - "Mafioso"
• 1962 - "O Pagador de Promessas"
• 1962 - "Os Cafajestes"
• 1963 - "I cuori infranti"
• 1963 - "Il mito"
• 1963 - "La ballata dei mariti"
• 1964 - "La costanza della ragione"
• 1964 - "Noite Vazia"
• 1965 - "Mar Corrente"
• 1965 - "Terrore nello spazio"
• 1965 - "Una bella grinta"
• 1966 - "As Cariocas"
• 1969 - "Verão de Fogo"
• 1969 - "O anjo nasceu"
• 1970 - "Os Deuses e os Mortos"
• 1971 - "A Casa Assassinada"
• 1971 - "As Confissões de Frei Abóbora"
• 1971 - "Capitão Bandeira contra o Doutor Moura Brasil"
• 1977 - "Maria Bonita"
• 1977- "Mar de Rosas"
• 1980 - "A idade da Terra"
• 1981 - "Eros, o Deus do Amor"
• 1983 - "Rio Babilônia"
• 1988 - "Eternamente Pagu"
• 1992 - "Vagas para Moças de Fino Trato"
• 2002 - "Banquete"
Filmes como diretora:
• 1987 - “Eternamente Pagu”
• 1997 - “O Guarani”
• 2005 - “Magda Tagliaferro - O Mundo Dentro de um Piano”
• 2005 - “Infinitivamente Guiomar Novaes”
Peças de teatro:
• 1968 - "Cordélia Brasil", de Antônio Bivar, direção de Emilio Di Biasi
• 1969 - "A Noite dos Assassinos", de José Triana, direção de Eros Martim
• 1970 - "Os Convalescentes", de José Vicente, direção de Gilda Grilo
• 1976 - "Vestido de Noiva", de Nelson Rodrigues, direção de Ziembinski
• 1978 - "Fico Nua", de Ítala Nandi e Norma Bengell
• 2007- "O Relato Íntimo de Madame Shakespeare", de Robert Nye, adaptação e direção de Emilio Di Biasi
• 2008 - "Vestido de Noiva", de Nelson Rodrigues, direção de Rodolfo García Vázquez
• 2010 - "Dias Felizes", de Samuel Beckett, direção de Emilio Di Biasi
Televisão:
• 1981 - "Os Adolescentes” (TV Bandeirantes)
• 1982 - "Os Imigrantes" (TV Bandeirantes)
• 1983 - “Parabéns pra Você" (TV Globo)
• 1984 - "Partido Alto" (TV Globo)
• 1989 - "O Sexo dos Anjos" (TV Globo)
• 2006 - "Alta Estação" (TV Record)
• 2009 - "Toma Lá, Dá Cá" (TV Globo)
Discografia:
• 1959: "Ooooooh! Norma" - (Capitol/Odeon LP)
• 1965: "Meia Noite Em Copacabana" (Elenco LP)
• 1977: "Norma Canta Mulheres" - (Phonogram LP)
• 2001: "Groovy - Faixa "Feaver" - (Sony Music CD)