O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, afirmou nesta sexta-feira (21) que excessos tanto dos manifestantes quanto dos policiais durante os protestos devem ser punidos. "Não vamos proteger a polícia e nem vamos proteger vândalos. Atos de vandalismo não devem ser tolerados. Os atos de vandalismo atrapalham o debate importante dentro dos limites da tolerância", disse.
Cabral convocou a coletiva no dia seguinte à manifestação do Rio, que no final teve episódios de violência em frente à sede da prefeitura, na Cidade Nova, região central da cidade.
Cabral disse que reduziu o Bilhete Único Intermunicipal e que os manifestantes protestam por temas importantes que devem ser debatidos, mas a ordem pública deve ser preservada. "Acabamos de encerrar um ciclo de redução de tarifas intermunicipais de ônibus, com a redução do Bilhete Único Intermunicipal do país, fazendo um esforço na redução do custo da mobilidade urbana, no caso do estado. Esses são temas importantes que devem ser debatidos, mas a ordem pública deve ser preservada, aqui e em todo o Brasil. Toda vez que o debate é feito de uma maneira democrática, se avança no Brasil. Toda vez que que se vai para atos de vandalismo, para radicalismo extremo, quem perde é a sociedade", afirmou.
Questionado se o problema é municipal ou federal e se isso reflete uma desaprovação do governo, ele disse que “são manifestações com temas importantes a serem debatidos, são democráticas". Para Cabral, "o debate deve ser absolutamente aberto, mas dentro do limite da tolerância e do respeito".
Vandalismo
Ele disse ainda que existe "uma minoria de vândalos prejudicando o debate absolutamente natural e positivo num ambiente de democracia que o Brasil alcançou com muita luta, com muito sacrifício, sobretudo, apartir da Constituição de 1988". "O debate deve ser sempre louvado, as manifestações sempre louvadas, e atos de vandalismo não devem ser tolerados. Como governador do estado, como homem público, devo garantir sempre aos manifestantes o direito à manifestação e garantir a ordem pública, o direito de ir e vir, o patrimônio público, o patrimônio privados", disse o governador.
Cabral declarou ainda que o "Brasil é uma democracia recente". "Os debates devem ser aprofundados, temas que os jovens estão levando às ruas são temas muito importantes. A luta por causas como a educação, a saúde, a luta contra a corrupção, contra a impunidade, a luta contra a PEC 37, à qual eu me associei recebendo aqui o procurador-geral da República regional, o procurador do Ministério Público Estadual. Já havia me manifestado publicamente na posse do procurador-geral do estado. A luta pela participação é sempre bem-vinda."
O governador disse que "os atos de vandalismo prejudicam exatamente esse debate, que é um debate importante e que deve ser aprofundado, discutido dentro de um limite de tolerância". "A luta pelos direitos civis, a luta contra o preconceito aos homossexuais, aos homoafetivos, contra o preconceito racial e religioso, todos esses temas são muito louváveis e importantes de serem debatidos e aprofundados, mas os atos de vandalismo estão prejudicando um debate democrático e saudável."
Cabral afirmou ainda que a polícia agiu quando preciso. "O Estado procurou garantir a ordem pública. Claro que, num momento, quando o radicalismo aconteceu, o Estado foi obrigado a agir. E aconteceram coisas muito injustas com profissionais, inclusive da imprensa, como o repórter da Globonews que foi atingido por uma bala de borracha no exercício da sua profissão", disse.
Investigação
Sobre a investigação aos vândalos, disse: "A delegada Marta Rocha já respondeu sobre isso mais cedo. Isso demanda um tempo, cabe a eles responderem. Confio na minha Polícia Civil, no secretário Beltrame e confio que eles serão eficazes. A polícia agiu evitando danos muito mais graves a pessoas. As investigações estão sendo feitas. Aqueles que agiram com vandalismo estão sendo identificados. Graças a Deus estamos em uma democracia e existe para isso todo um rito. A polícia tem de agir dentro daquele estado de tensão da maneira que deveria".
Copa do Mundo
Ele descartou a possibilidade de problemas na final da Copa das Confederações e na realização da Copa. ”O Brasil conquistou um estado de nação perante o mundo em termos de estado democrático de direito. Nós temos condições de garantir os eventos. Temos condições de garantir, sobretudo, que as manifestações legítimas e democráticas sejam realizadas democraticamente e respeitosamente dentro do marco civilizatório que o Brasil alcançou. Esses atos de vandalismo devem ser rejeitados por todos."