Diovani Cabral veio para o Rio há um ano e desfila pela Mocidade como Aladin — Foto: Rodrigo Gorosito/G1
A Mocidade Independente de Padre Miguel ignorou os 7 mil km que separam Brasil e Marrocos para aproximar a Sapucaí das tradições de Marrakesh, em cima do tapete de Alladin ou no barco de Simbad, personagens de “As Mil e Uma Noite” que ajudaram a levar o colorido mágico e luxuoso do Oriente para a avenida.
- O público foi ao delírio com a comissão de frente, que colocou no céu um tapete voador e homens vestidos de beduíno que carregavam cestos de onde saíam odaliscas.
- Contando beduínos e odaliscas, chegava-se a 23 integrantes, quando o máximo permitido são 15. Mas não era infração, era ilusão: as odaliscas eram as responsáveis por mover os bonecos de beduínos. A graça arrancou sorrisos dos jurados: ponto para a Mocidade.
- Vestidas de vendedoras de hortelã, baianas espirravam a essência enquanto desfilavam pela Sapucaí.
- Uma componente, que estava no alto de um carro, caiu logo no finalzinho da apresentação; uma parte da composição desmontou e causou o acidente.
- A Mocidade fez um desfile que foi de Alladin a Simbad e Ali Babá, passou pelo comércio e até pela astronomia e acabou em um oásis de samba.
Alladin, Odaliscas e ilusão
A comissão de frente encantou o público logo na saída, com a proposta de ser um Teatro de Ilusões. De cara, um tapete voador sobrevoou a Sapucaí carregando Alladin e foi ir se esconder em uma tenda enorme. De lá, o ladrão mais famoso das Arábias saiu para sambar. Enquanto, beduínos carregavam cestos de onde odaliscas surgiam de tempos em tempos. Tudo ilusão: o tapete era um aeromodelo e os beduínos eram bonecos movidos pelas próprias odaliscas.
Comissão de frente da Mocidade represente o Teatro de Ilusões
'Ouvidos de mercador'
A vocação marroquina para comércio estava em três alas e dois carros. O abre-alas representava uma caravana de mercadores, com camelo e tudo. Ele era seguido pelas baianas que, fantasiadas como vendedoras de hortelã, espirravam a essência por onde passavam e deixavam a Sapucaí perfumada. As duas alas seguintes também eram formadas por vendedores, de lamparinas e lâmpadas e de tapetes.
Para completar o capítulo comércio do desfile, um dos carros trazia um mercado marroquino que mostrava os vários produtos vendidos e aproveitava para fazer uma conexão com o Brasil. Ecoando o samba-enredo --“É o Saara de lá com o Saara de cá”, em referência ao mercado popular do Rio--, o carro ainda propunha que, ao conhecer o samba, Alladin abandonou a lâmpada para abraçar o agogô.
O carro abre-alas mostra camelos dourados, símbolos da resistência, da riqueza e da superação — Foto: Rodrigo Gorosito/G1
Abre-te Sésamo e sabedoria
Outro carro da Mocidade representava Ali Babá e os 40 ladrões. Todo dourado para lembrar das joias surrupiadas dos bandidos, o carro tinha em suas laterias as entradas da caverna, em que os ladrões escondiam o fruto de seus roubos. O samba-enredo dava a dica para abri-las: “Abre-te Sésamo que o samba ordenou”.
A bateria não deu só a cadência da festa como também caiu no samba. Tinha até coreografia. À frente dela, a rainha de bateria, que também reina sobre os ritmistas da Vai-Vai, de São Paulo, simbolizava Iemanjá, em mais uma relação feita pela Mocidade entre Marrocos e Brasil.
Camila Silva é a rainha de bateria da Mocidade
Bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel homenageia Simbad