Por Profissão Repórter


Casal viaja mais de 80 quilômetros para doar alimentos que iriam para o lixo

Casal viaja mais de 80 quilômetros para doar alimentos que iriam para o lixo

Um levantamento da ONU revela que o Brasil desperdiça por ano cerca de 27 milhões de toneladas de alimentos. Mas há quem tente reverter esse quadro, como o casal Aparecida Miranda Borges e Leonel Borges — uma das histórias contadas no Profissão Repórter desta terça-feira (22), que mostrou diferentes tipos de desperdício no mundo.

Eles viajam mais de 80 quilômetros da periferia de Mauá, na Grande São Paulo, até a capital paulista para recolher alimentos e fazer doações.

No mercado central de São Paulo, o açougueiro Silvio de Oliveira aguarda toda semana a visita da dupla — desta vez, havia 140 quilos de carne para doar.

“Acho um pecado jogar fora uma carne que ainda está boa, que eu comeria. Talvez a gente doe o que não faz falta, mas tem alguém que vai alimentar alguém”, diz o açougueiro.

Carnes à venda no mercado central de São Paulo: levantamento da ONU revela que o Brasil desperdiça por ano cerca de 27 milhões de toneladas de alimentos

Açougueiro Silvio de Oliveira: 'Acho um pecado jogar fora uma carne que ainda está boa, que eu comeria' — Foto: Profissão

Generosidade de poucos alimenta muitos

A carne que sobra do mercado central vão para uma casa de repouso liderada por dona Aparecida na zona rural de Mauá, de onde é distribuída para quem precisa.

“Chega aquele momento de carne, a gente tira dos sacos, corta tudo, põe nos saquinhos pequenos e prepara tudo bonitinho para eles levarem”, conta Aparecida.

Carnes empacotadas para doações — Foto: Profissão

Janaína é uma das beneficiadas. Ao lado das amigas, ela caminha cerca de três quilômetros para buscar os alimentos para os dois filhos e seu pai, de quem também cuida.

Nilson, pai de Janaína, é agricultor e vendia produtos na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo, a Ceagesp. Mas há ele um ano está na cama, com as pernas inchadas e sem conseguir andar, devido a um problema grave no coração.

Nilson realiza a fisioterapia da perna de maneira improvisada em casa, e depende de doações para se alimentar

A fisioterapia em casa é improvisada. Como Nilson nunca contribuiu para a Previdência Social, não tem direito a nenhum tipo de benefício. São as doações que ajudam a família a se alimentar diariamente.

"A gente ganha cesta básica. Ainda tem a carne da última vez que ela deu", relembra Janaína, enquanto guarda os alimentados doados na geladeira.

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