Por Rafael Machado, g1 PR — Londrina


Paraná não usou verba milionária contra desastres naturais

Paraná não usou verba milionária contra desastres naturais

O Governo do Paraná não usou nada dos R$ 6,6 milhões separados no Orçamento de 2023 para o projeto de melhoria do sistema de monitoramento de apoio ao alerta de desastres naturais, de responsabilidade da Defesa Civil do estado.

A informação está no demonstrativo da execução física e financeira do Orçamento, elaborado pela Secretaria de Estado da Fazenda. Conforme o relatório, nada da verba de R$ 6.594.950,00 foi empenhado (quando o governo reserva o dinheiro que será pago) e nem executado, como mostra o quadro abaixo:

Documento da Secretaria de Fazenda mostra que verba não foi executada — Foto: Reprodução/Secretaria de Estado da Fazenda

A lei orçamentária do ano passado detalha quais melhorias no sistema de monitoramento devem ser feitas com o dinheiro:

  • Aquisição de equipamentos de monitoramento meteorológico e de informática para melhorar a rede observacional do estado e aumentar a capacidade de processamento dos dados meteorológicos;
  • Executar a construção de uma base estimativa de precipitação especializada;
  • Construir uma malha de risco de desastres no Paraná, considerando histórico de ocorrências, áreas de riscos já mapeadas, áreas de riscos que serão futuramente mapeadas;
  • Criar uma arquitetura de processamento das informações citadas acima baseada em inteligência de máquinas, como forma de apoio no processo de decisão do envio de alertas antecipados.

Dinheiro pode ser usado até 2027

O Governo do Paraná explica, porém, que trata-se de um projeto especial com financiamento total de R$ 8 milhões pelo Banco Mundial e com prazo de execução até 2027. A previsão da Defesa Civil é que o recurso comece a ser utilizado este ano.

A Secretaria de Fazenda explica também que o recurso só pode ser usado para o sistema de monitoramento da Defesa Civil, e, por ser fruto de uma operação de crédito junto ao Banco Mundial, não pode ser utilizado em outras ações.

Conforme a secretaria, nesse caso, com contratações que envolvem execução em mais de um ano fiscal, o dinheiro que sobrou de um ano sempre vira superávit para o ano seguinte, com o objetivo de atender a operação contratada.

Alertas seguem funcionando normalmente

De acordo com o capitão Marcos Vidal, porta-voz da Defesa Civil do Paraná, apesar do recurso não ter sido utilizado, o envio de alertas para a população funcionou normalmente. Ele reforça que o serviço será aperfeiçoado com a ajuda do financiamento junto ao Banco Mundial.

Segundo Vidal, "no ano passado era necessária a previsão orçamentária por garantia, mas ainda estavam em discussão alguns pontos para aprovação do Banco".

Após a publicação da reportagem, o Governo do Paraná complementou que a contratação junto ao Banco Mundial prevê uma série de contrapartidas estaduais.

Ainda conforme o Executivo estadual, "a Defesa Civil está construindo os termos de referência que vão embasar as contratações desse sistema e das estações, o que deve ser concluído neste ano, dentro do prazo acordado com o Banco Mundial".

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Temporais, enchentes e granizo

O Paraná foi marcado por uma série de eventos climáticos em 2023 que prejudicaram a vida da população. Veja uma retrospectiva.

Em União da Vitória, no sul do estado, a elevação do nível do Rio Iguaçu inundou grande parte da cidade, danificando diversas casas e deixando muitas pessoas desabrigadas.

De acordo com a Defesa Civil, 161 cidades do Paraná foram atingidas por temporais, vendavais e chuvas de granizo entre 3 de outubro e 2 de novembro do ano passado.

São Mateus do Sul, localizada na mesma região, vivenciou o mesmo problema. Mais de 200 famílias ficaram ilhadas por conta das chuvas.

Alagamento de rio que afetou um terço da população de União da Vitória baixa e deixa rastro de sujeira — Foto: Reprodução

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