Por Rafael Machado, g1 PR e RPC Londrina


  • Tânia Djanira Melo Becker de Lorena estava foragida desde 2007, acusada de matar a filha, Andréa Rosa de Lorena;

  • Acusada foi presa em Marilândia do Sul, no norte do Paraná, dois dias após o programa Linha Direta repercutir o caso;

  • Crime aconteceu em Quatro Barras, Região Metropolitana de Curitiba;

  • Marido de Tânia na época do crime e padrasto de Andréa, Everson Luís Cilian também é acusado da morte e está preso desde 2022;

  • Segundo investigação, Tânia e o então marido queriam a guarda da criança após cuidarem dela por um tempo, enquanto a mãe se recuperava de um acidente.

Tânia Djanira Melo Becker de Lorena foi presa em Marilândia do Sul — Foto: Polícia Militar do Paraná

A investigação contra Tânia Djanira Melo Becker de Lorena, de 59 anos, presa no sábado (11) após 17 anos foragida, mostra as tentativas da Polícia Civil (PC-PR), do Ministério Público do Paraná (MP-PR) e da Justiça em tentar localizar ela ao longo dos anos. Veja detalhes abaixo.

Tânia é acusada de matar a própria filha, Andréa Rosa de Lorena, para tentar ficar com a guarda do neto.

O crime aconteceu em fevereiro de 2007, em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Segundo a denúncia do MP, Andréa foi morta por asfixia após um almoço com a mãe e o padrasto, Everson Luís Cilian, de 54 anos, que também está preso.

Tânia foi presa em Marilândia do Sul, no norte do Paraná. De acordo com o relatório da Polícia Militar (PM), ela estava usando um nome falso, se apresentando como Lurdes.

A acusada foi presa dois dias após a exibição do programa Linha Direta, da TV Globo, que apresentou o caso e incentivou denúncias contra ela. A história pode ser conferida no Globoplay.

Mulher acusada de matar a filha para ficar com guarda do neto é presa 17 anos após o crime

Mulher acusada de matar a filha para ficar com guarda do neto é presa 17 anos após o crime

Leia também:

Como Tânia tinha um mandado de prisão em aberto, ela foi detida e encaminhada para o sistema prisional da regional de Londrina. Segundo a Polícia Civil do Paraná, por conta do mandado, ela não prestou depoimento e foi levada direto à cadeia, onde fica à disposição da Justiça.

A defesa dela alegou inocência e explicou que "o tempo e o processo irão revelar a verdade dos fatos".

Em nota, a advogada Taís de Sá, que representa o viúvo de Andréa, Juliano Saldanha, disse que a prisão de Tânia foi recebida com alívio pela família da vítima.

Acusada de matar filha foi presa 17 anos depois do crime — Foto: Arte/g1

Procurada

Tânia Djanira Melo Becker de Lorena antes do assassinato da filha — Foto: Reprodução/Linha Direta

A investigação contra Tânia mostra que ela sumiu logo após a morte da filha.

No inquérito policial, concluído em outubro de 2007, a Polícia Civil disse que "fez vários contatos com parentes e vizinhos de Tânia, todavia, ninguém a havia visto".

Depois que a Justiça determinou a prisão preventiva dela, a polícia afirmou ter feito diligências, mas "não teve êxito em encontrar os foragidos".

Durante o processo, a Justiça acionou empresas de telefonia, água e luz para tentar localizar alguma informação sobre o paradeiro de Tânia, mas nenhum detalhe foi encontrado.

O processo contra Tânia e Everson

Mesmo foragida, Tânia foi denunciada pelo Ministério Público em dezembro de 2007 por homicídio triplamente qualificado.

A denúncia foi aceita pela Justiça no mesmo ano. Como ela estava foragida, o processo ficou suspenso.

Everson Luís Cilian, com quem Tânia era casada, foi denunciado na mesma ocasião. O g1 apurou que ele foi preso em 2022 e virou réu pelo assassinato em 2023.

Everson vai a júri popular

Conforme o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), Everson Cilian vai a júri popular na próxima quarta-feira (15), no fórum de Campina Grande do Sul, cidade da Grande Curitiba onde o processo dele e de Tânia tramitam.

Em nota, o advogado Maurício Baldassarre, que defende Everson, disse que acredita na inocência do cliente.

"Acreditamos em sua inocência, e sua tese de defesa será abordada em momento oportuno dentro do processo. Reitero o compromisso da nossa equipe em garantir uma defesa robusta e justa para o nosso cliente. Estamos confiantes na integridade do processo judicial e esperamos que a justiça seja feita dentro do estabelecido pelo ordenamento jurídico brasileiro."

O caso

Andréa Rosa de Lorena foi morta em fevereiro de 2007 em Quatro Barras, Região Metropolitana de Curitiba — Foto: Arquivo da família

Andréa de Lorena foi morta em 12 de fevereiro de 2007. Ela deixou dois filhos: um menino e uma menina.

Conforme a denúncia, após um almoço de família na casa da vítima, os acusados usaram um fio elétrico para enforcar Andréa até ela parar de respirar. Depois, colocaram o corpo dela embaixo da cama, que só foi localizado dois dias após a morte.

Segundo o MP apurou, antes do crime, Tânia e Everson pediam a guarda da criança na Justiça depois de terem passado um tempo cuidando do menino enquanto a mãe se recuperava de um acidente de motocicleta.

No processo que investigou o caso, a Justiça considerou declarações de testemunhas que acompanhavam a disputa de Tânia pela guarda do filho de Andréa.

Um dos depoimentos no processo é o da pai da vítima, ex-marido de Tânia. Ele relatou que soube de ameaças da ex-esposa à filha.

Relatou, também, que quando Tânia cuidava da criança, Andréa e o então marido, Juliano Saldanha, precisaram pegar a criança à força.

O homem, apesar de não ser pai biológico do menino, ajudou a esposa a reaver o filho, de acordo com o processo.

Mais assistidos do g1 PR

Leia mais em g1 Paraná.

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!