Por g1 PR e RPC Curitiba


Delegado Erik Busetti (em imagem de arquivo da RPC) é suspeito de matar a esposa e a enteada a tiros, em Curitiba — Foto: Arquivo/RPC

Relatórios da Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar) obtidos pela RPC revelam que o delegado da Polícia Civil Erik Wermelinger Busetti, preso acusado de matar a esposa e a enteada em 2020, acessou informações de inquéritos de violência contra a mulher de dentro da cadeia.

Segundo o Ministério Público, os assassinatos aconteceram na casa da família, no bairro Atuba, em Curitiba. O delegado se rendeu quando a polícia chegou à residência e ficou em silêncio durante o interrogatório.

Ele é acusado de matar Maritza Guimarães de Souza, escrivã da Polícia Civil, de 41 anos, e Ana Carolina de Souza, filha dela de 16 anos.

Busetti está detido no Complexo Médico-Penal (CMP) de Pinhais, da Região Metropolitana de Curitiba, de onde teria acessado detalhes das investigações da Delegacia da Mulher de Curitiba.

O advogado Claudio Dalledone atua na defesa de Busetti e afirmou, em nota, que: "A investigação sobre os fatos ensejou a instauração de um procedimento no Juizado Especial Criminal, pois se trata de um delito de menor potencial ofensivo. No âmbito da Corregedoria, os fatos foram investigados e arquivados. Não existe inquérito algum pois os fatos ja foram discutidos e decididos."

O acesso ao sistema interno da Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp-PR) foi denunciado pelo Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná (Sinclapol). A irregularidade foi confirmada pela própria secretaria.

Ana Carolina Souza, de 16 anos, era filha de Maritza e enteada de Busetti — Foto: Arquivo pessoal

A denúncia foi encaminhada ao Ministério Público, que solicitou os relatórios de acesso junto ao Celepar, pasta responsável pelos sistemas do Governo do Estado.

Conforme os documentos, o delegado também verificou dados de boletins de ocorrência, investigações de trânsito e o sistema de recursos humanos da Polícia Civil.

Os relatórios apontam vários acessos ao Sistema de Gestão da Execução Penal (Sigep) do Departamento de Polícia Penal do Paraná (Deppen), que reúne informações sobre as pessoas que estão presas no Paraná.

MP pede responsabilização de servidores

O Ministério Público pediu que a Justiça encaminhe as informações dos acessos indevidos à Corregedoria da Polícia Civil para que os servidores do Complexo Médico-Penal sejam responsabilizados pelos acessos ao sistema.

O MP afirma que “há registros de acessos realizados pelo login do delegado mesmo ele estando presos, correspondente ao endereço do Complexo Médico-Penal e também de fora da unidade penal”.

O Complexo Médico-Penal, onde Busetti está detido, é uma penitenciária destinada a presos provisórios ou condenados que necessitam de algum acompanhamento médico.

Em nota, a Sesp afirma que aguarda sentença judicial. Erick Busetti continua recebendo salário como delegado.

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Em julho de 2023, a remuneração bruta foi de R$ 23.035,37; o salário líquido gira em torno de R$ 15,3 mil por mês.

Desde que foi preso, em março de 2020, ele recebeu um total de R$ 658 mil de salário do Estado.

A Sesp disse que a Polícia Penal, responsável pelo local onde o delegado está preso, instaurou inquérito para verificar o caso.

A Celepar informou que não vai se pronunciar sobre o caso, uma vez que não é parte do processo.

Acusação de duplo feminicídio

Maritza Guimarães de Souza e Busetti estavam em processo de divórcio e passavam por muitas brigas e desentendimentos, segundo relatos que chegaram à PCPR. O relacionamento havia começado 10 anos antes.

O casal, ainda conforme informações repassadas à polícia, discutiu ao longo de todo o dia do crime.

O delegado estava lotado na Delegacia do Adolescente e, até janeiro de 2019, estava à frente do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria).

Maritza trabalhava como escrivã na Divisão de Planejamento Operacional da PCPR.

O delegado aguarda ser levado a júri popular.

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