Ex-delegado preso acessa intranet da Sesp de dentro de penitenciária
O delegado da Polícia Civil Erik Wermelinger Busetti, acusado de matar a tiros a esposa e a enteada em 2020, acessou ao sistema da Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp-PR) de dentro do Complexo Médico-Penal (CMP) de Pinhais, da Região Metropolitana de Curitiba, onde está detido desde os assassinatos.
O acesso à intranet da Secretaria de Segurança do Paraná foi denunciado pelo Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná (Sinclapol) e confirmado feita pela própria secretaria nesta sexta-feira (11). O advogado Claudio Dalledone defende o delegado e nega as acusações.
Conforme o sindicado, ainda que preso há três anos, o delegado ainda possui senha que o permite acessar o sistema eletrônico.
Erik é acusado de matar Maritza Guimarães de Souza, escrivã da Polícia Civil, de 41 anos, e Ana Carolina de Souza, filha dela de 16 anos. O crime ocorreu dentro da casa onde os três moravam junto à filha do casal, que na época tinha nove anos. Saiba mais abaixo.
Segundo consulta feita pelo g1 no Portal da Transparência do Governo do Estado, mesmo detido, Erik Busetti consta como servidor ativo e recebe salário pelo cargo público.
Em julho de 2023, a remuneração bruta foi de R$ 23.035,37; o salário líquido gira em torno de R$ 15,3 mil por mês.
Desde que foi encarcerado, em março de 2020, ele recebeu um total de R$ 658 mil de salário do Estado.
O Complexo Médico-Penal, onde Busetti está detido, é uma penitenciária destinada a presos provisórios ou condenados que necessitam de algum acompanhamento médico.
Delegado Erik Busetti é suspeito de matar a esposa e a enteada a tiros, em Curitiba — Foto: Arquivo/RPC
Acesso à intranet da Sesp-PR
Em novembro de 2021, o Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná (Sinclapol) denunciou que Erik Busetti mantinha acesso indevido aos sistemas da Sesp-PR, mesmo preso.
Na época, a defesa negou a denúncia.
Segundo o Sinclapol, após requisição do Ministério Público do Paraná (MPPR), a Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar), responsável pelos sistemas do Governo do Estado, encaminhou relatório dos dados confirmando que Erik Busetti teve privilégios indevidos na unidade penal.
O Sinclapol recebeu a confirmação em 9 de agosto de 2023, quarta-feira.
"A presente gestão sindical manifesta indignação quanto ao tratamento de privilégios que vem recebendo o autor de um crime tão grave. E clama por justiça! Pela Maritza, pela Ana e por todas a vítimas que não podem mais gritar!", disse o sindicato, em postagem nas redes sociais.
Procurada pela RPC, em nota, a Sesp-PR informou que a Polícia Civil verificou que o servidor estava acessando o SESP Intranet de dentro da unidade penitenciária e lavrou um Termo Circunstanciado de Infração Penal.
"Informamos ainda que a Polícia Penal, responsável pela custódia dele, foi comunicada e instaurou inquérito para averiguar o ocorrido", disse a secretaria.
A Celepar disse que não vai se pronunciar sobre o caso, uma vez que não é parte do processo.
"A companhia obedeceu a uma determinação judicial e, seguindo suas práticas de governança e privacidade, colaborou com as investigações. Desta forma não pode divulgar informações solicitadas pela justiça", diz a nota enviada pela companhia.
Suspeita de duplo feminicídio
Maritza Guimarães de Souza e Ana Carolina de Souza filha de Maritza e enteada de Busetti — Foto: Arquivo pessoal
Erik Busetti foi denunciado por matar a esposa e a enteada a tiros em 4 de março de 2020, na casa da família. Eles moravam em Curitiba, no bairro Atuba.
A filha do casal estava dormindo no momento do crime, e logo depois o suspeito a levou para a casa de um vizinho. Segundo a PCPR, ele pediu para ela ligar para a Polícia Militar.
Busetti se rendeu quando a polícia chegou ao local e ficou calado no interrogatório.
Ele foi preso em flagrante e aguarda júri popular.
Maritza Guimarães de Souza e Busetti estavam em processo de divórcio e passavam por muitas brigas e desentendimentos, segundo relatos que chegaram à PCPR. O relacionamento havia começado 10 anos antes.
O casal, ainda conforme informações repassadas à polícia, discutiu ao longo de todo o dia do crime.
O delegado estava lotado na Delegacia do Adolescente e, até janeiro de 2019, estava à frente do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria).
Maritza trabalhava como escrivã na Divisão de Planejamento Operacional da PCPR.
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