Crimes sexuais aumentam 20% no Paraná nos seis primeiros meses de 2023
O número de crimes contra a dignidade sexual aumentou 20% no Paraná durante o primeiro semestre de 2023, quando comparado com o mesmo período do ano anterior.
Os dados são da Secretaria de Estado da Segurança Pública do Paraná (Sesp/PR).
De acordo com Emanuelle Siqueira, delegada da delegacia da mulher em Curitiba, o número pode ser ainda maior. Isto porque muitas vítimas não denunciam o crime, o que causa uma subnotificação.
"Em um primeiro momento pode ser que seja o aumento de registros, mas pode ser também o aumento de crimes. Então nós temos que trabalhar com as duas possibilidades", explica.
Mapa da violência
Distribuição dos crimes sexuais no primeiro semestre de 2023 no Paraná — Foto: Reprodução/RPC
Segundo a Sesp, a segurança pública no Paraná está dividida em 23 áreas. A que concentrou mais registros desse tipo de crime foi a Região Metropolitana de Curitiba, com 859 casos denunciados.
Na capital paranaense foram 782 registros neste período. Em ambas áreas, o aumento foi de 19%.
- Violência contra a mulher: saiba como pedir medida protetiva de urgência e acessar botão do pânico
Na área de Toledo, na região oeste do Paraná, o aumento percentual foi de 51,43%, com 265 registros. Em Telêmaco Borba, nos Campos Gerais do estado, o aumento foi de 50%, com 144 casos denunciados.
Números ocultos
Vítima de violência doméstica relata medo na hora da denúncia — Foto: Reprodução/RPC
Sobre a subnotificação, a delegada Siqueira explica que existem vários motivos pelos quais as vítimas não registram os crimes às autoridades policiais, entre eles vergonha, culpa, medo ou trauma.
É o caso de uma moradora do estado que sofreu um abuso sexual de um amigo da família durante uma festa em 2017.
"A gente nunca teve apoio de ninguém. E eu acho que isso é o pior, porque a gente busca apoio, a gente busca força nas pessoas que a gente ama e ser rejeitada e se passar por mentirosa é bem difícil", desabafa.
A delegada explica que, outro motivo que desestimula as vítimas a denunciarem, é a crença de que os abusadores não serão responsabilizados.
Uma vítima incentiva que as outras denunciem, como forma de evitar que o cenário do abuso se repita.
"Eu acho que a melhor forma para lidar com isso é tentar que o que aconteceu comigo não aconteça com outras mulheres. Eu fui uma vítima e não quero que outras mulheres sejam vítimas", reforça.
LEIA TAMBÉM:
- Justiça suspende porte de arma de promotor que descumpriu 101 vezes medidas protetivas da ex-esposa
- Delegado acusado de matar esposa e enteada acessa ao sistema da Secretaria de Segurança do Paraná de dentro de prisão
- Com medo de ameaças do tio, menino de 12 anos foge de casa e caminha 25 km por rodovia
Como denunciar
O Paraná possui uma série de canais de denúncia para registro da violência contra mulher. Eles atendem os mais variados tipos de crimes e também oferecem acompanhamento especializado para cada situação. Confira a função de cada serviço e como entrar em contato.
Central de Atendimento à Mulher – 180
A Central de Atendimento à Mulher recebe denúncias de violência, orienta mulheres sobre seus direitos e faz o encaminhamento para outros serviços quando necessário. O serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana.
É possível ter acesso ao atendimento por meio de uma ligação gratuita para o número 180, por meio de um e-mail para [email protected], pelo aplicativo Proteja Brasil ou no site da ouvidoria.
Patrulha Maria da Penha – 153
A Patrulha Maria da Penha protege, monitora e acompanha mulheres que receberam da Justiça as medidas protetivas de urgência. Vítima ou testemunhas de qualquer descumprimento das medidas protetivas podem acionar o serviço.
A Patrulha Maria da Penha está disponível nas seguintes cidades e por meio dos seguintes telefones:
- Arapongas - 153
- Araucária - 153
- Cascavel - 153
- Curitiba - 153
- Foz do Iguaçu - 153
- Londrina - 153
- Maringá - 153
- Ponta Grossa - 153
- Sarandi - 153
- São José dos Pinhais - 153
- Toledo - 190
Boletins de Ocorrência Online da Polícia Civil
A Polícia Civil do Paraná permite o registro Boletins de Ocorrência on-line para crimes de lesão corporal (violência doméstica), ameaça, injúria, calúnia, difamação e contravenção cometidos contra mulher, nos termos da Lei Maria da Penha, ou seja, no ambiente doméstico e familiar.
Para registrar a denúncia online basta acessar o site. A Polícia Civil reforça que para registro do B.O por meio do link é preciso ter mais de 18 anos e o caso deve ter ocorrido dentro do Paraná.
A PCPR orienta que se o crime está acontecendo no momento ou ocorreu há pouco, a vítima deve acionar a Polícia Militar pelo telefone 190 ou comparecer presencialmente a uma Delegacia da Polícia Civil do Paraná.
Casa da Mulher Brasileira
Em Curitiba, a prefeitura oferece o serviço da Casa da Mulher Brasileira. No local, mulheres vítimas de violência encontram serviço de acolhimento e apoio psicossocial, com assistentes sociais e psicólogas.
O serviço também oferece programas voltados à autonomia econômica das mulheres e brinquedoteca.
No mesmo endereço também estão localizadas a Delegacia da Mulher, a Defensoria Pública, o Juizado de Violência Doméstica e Familiar, o Ministério Público, a Patrulha Maria da Penha.
O atendimento é exclusivo para mulheres residentes de Curitiba, na Avenida Paraná, 870, no Cabral.
Os telefones para contato são: (41) 3221-2701 e (41) 3221-2710.
VÍDEOS: Mais assistidos do g1 Paraná
Leia mais notícias no g1 Paraná.