ECONOMIA NO PARANÁ

Por g1 PR — Curitiba


  • Em agosto, o processo de privatização da Copel foi oficializado.

  • Com a venda de ações, o Governo do Paraná deixou de ser o controlador da empresa.

  • No novo cenário, entre os principais investidores, estão duas empresas estrangeiras e duas brasileiras.

  • Copel só deve divulgar acionistas que possuem a partir de 5% das ações da companhia.

Copel segue obrigada a manter sede em Curitiba — Foto: RPC Curitiba

Com a venda de ações da Companhia Paranaense de Energia (Copel) na Bolsa de Valores, o Governo do Paraná deixou de ser o controlador da empresa estabelecendo um novo quadro de principais acionistas.

No novo cenário estão duas empresas estrangeiras a GQG Partners LLC. e a LSV Asset Management – ambas gestoras americanas de investimentos.

As outras duas maiores investidoras são brasileiras BNDES Participações S.A., braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, e a Radar Gestora de Recursos.

Antes, o Governo do Paraná tinha 31,1% de participação do total de ações no capital social, agora tem 17,9%. Dessas, 32,32% são de ações ordinárias e 6,89% de ações preferenciais. Entenda a diferença entre elas a seguir.

Veja quem são os outros acionistas da Copel que tiveram os nomes divulgados, conforme informações disponíveis nesta segunda-feira (28) na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A CVM é responsável pela regulamentação e fiscalização atividades do mercado, como emissão de valores mobiliários, distribuição de investimentos, ofertas públicas, Fundos de Investimentos, entre outros.

Quadro de acionistas da Copel

Acionista Ações Ordinárias Ações Preferenciais Total de Ações
BNDES Participações S.A 10,21% 31,18% 22,1%
Estado do Paraná 32,32% 6,89% 17,9%
RADAR GESTORA DE RECURSOS LTDA 0,0% 5,06% 2,87%
LSV Asset Management 0,0% 4,97% 2,82%
GQG Partners LLC. 4,59% 0,0% 1,98%
Investidor pessoa física 0,33% 0,32% 0,33%
Outros 52,53% 51,55% 51,9%
TOTAL 43,28% 56,71% 100%

De acordo com as regras, a Copel só deve divulgar acionistas "relevantes", ou seja, que possuem a partir de 5% das ações da companhia. Abaixo disso, os acionistas têm a possibilidade de não terem os nomes divulgados.

A categoria "outros", indicada na tabela, é composta por estes acionistas.

Ações ordinárias e preferenciais

O economista Guilherme Vieira explica que as ações ordinárias são aquelas que conferem o direito a voto e participação nas decisões da empresa. Nestes casos, os acionistas têm poder sobre as escolhas para o futuro da corporação.

"São aquelas ações que legitimamente representam o capital social da empresa. Isto é, são as ações do controlador, ações que dão poder de governança na empresa. São as mais demandadas em casos de fusões e aquisições e também de privatizações, porque são elas que dão o poder de mando na empresa", classifica.

Conforme o economista, as ações preferenciais são as que têm preferência no recebimento de proventos, ou seja, dão dinheiro, mas não dão direito ao voto.

Lote suplementar

Segundo comunicado da Copel em fato relevante ao mercado, o valor da venda da empresa foi de mais de R$ 4,5 bilhões.

Contudo, houve abertura de um lote suplementar de ações, o que deve elevar a arrecadação com as vendas para R$ 5,2 bilhões. O pagamento (liquidação) dessa parte só deve ser concluído em setembro.

Com a venda das ações do lote suplementar, o Governo do Paraná deve ficar com controle acionário de 15,65% da corporação.

Além do mínimo de 15% de participação na Copel, o governo estadual vai continuar participando da empresa com uma ação de classe especial, chamada golden share, com poder de veto sobre os investimentos.

Modelo de gestão

O economista Guilherme Vieira explica que a mudança na forma de gestão da empresa dará uma maior flexibilidade administrativamente.

"Quando a empresa é privada há liberdade de contratações diversas, como de pessoal e serviços. Empresas estatais precisam se sujeitar ao estatuto das estatais, que limita uma série de decisões administrativas", afirma.

Vieira reforça que, mesmo com a participação menor do estado no capital, empresas mistas também possuem limitações e exigências especiais de governança.

A venda da Copel

Em 2022, deputados estaduais aprovaram a venda parcial da companhia, um projeto do Governo do Paraná. Na época, os parlamentares de oposição argumentavam que a proposta era uma forma velada de privatização. O estado negou.

Os parlamentares contra a venda das ações também argumentavam que o processo era incoerente, uma vez que a Copel é a empresa mais lucrativa do Paraná.

Um dos argumentos do Governo do Paraná para a transformação da Copel foi que o movimento possibilitaria a e empresa manter e prorrogar os contratos de concessão de ativos de geração, como da usina Foz do Areia, responsável por mais de 30% da capacidade de geração da companhia.

Outro argumento foi que a transformação da Copel aumentaria a competitividade no "setor elétrico brasileiro para beneficiar o consumidor paranaense".

Na época, o governo também disse que a transformação da Copel possibilitaria ao estado continuar a "monetizar parcialmente sua participação na companhia".

A formalização da venda ocorreu no dia 14 de agosto, em uma cerimônia na Bolsa de Valores, em São Paulo. Com isso, a empresa deixou de ser uma companhia e virou oficialmente uma corporação.

A Copel está entre as maiores companhias elétricas do Brasil. Atualmente, são atendidas 4,5 milhões de unidades consumidoras em quase 400 municípios.

O Governo do Paraná disse que deve utilizar o dinheiro a ser arrecadado com a venda de ações da Copel em obras de habitação, educação, infraestrutura urbana e rodoviária e sustentabilidade.

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