A Polícia Federal (PF) realizou, nesta quinta-feira (12), a segunda parte da reconstituição do confronto entre policiais militares e integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O caso, que aconteceu no dia 7 de abril deste ano, deixou dois sem-terra mortos e seis feridos.
Na quarta-feira (11), os investigadores federais haviam feito a reconstituição com base na versão apresentada pelos policiais militares que participaram da ação. E, nesta quinta, a história foi recontada com base nos relatos dos integrantes do MST.
O delegado Adriano Chofi, da Polícia Civil, que também investiga a situação, falou sobre o resultado das duas reconstituições. “Com relação [a quem efetuou] o primeiro disparo, a reprodução simulada dos fatos não tem como chegar a essa conclusão, porque cada versão é diferente da outra. Mas com relação a alguns pontos que estavam ainda obscuros, será muito importante a reconstituição, para poder se aproximar da situação real do confronto”, disse.
Segundo ele, foi possível precisar a localização de itens que estavam presentes no momento do confronto, como um ônibus, a distância dos tiros e quantos foram disparados.
Chofi também explicou que a investigação deve continuar analisando mais provas. “Primeiro a exumação, que tem um prazo aí, até o final do mês ou começo do mês que vem para que seja realizada, e também os laudos periciais, que aguardam a chegada da Criminalística”, afirmou.
Além da Polícia Civil, também participaram da reconstituição o Ministério Público (MP-PR) - que também investiga o confronto -, advogados dos envolvidos e representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), da Defensoria Pública do Paraná e de organizações de defesa dos direitos humanos. Curiosos e a imprensa não têm o acesso permitido pela PF, que com o isolamento também procura evitar possíveis desentendimentos durante o trabalho.
As informações serão incluídas ao inquérito aberto pela Polícia Federal, cujo prazo de conclusão também termina nesta quinta, mas que deverá ser ampliado. A pedido da Polícia Civil, corpos das vítimas mortas também serão exumados.
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"Estas reconstituições que estão sendo feitas ainda precisam passar por um laudo. Nós temos também a exumação dos cadáveres para ser feita. Ainda não há previsão de quando a investigação será concluída, já que destas duas provas ainda podem surgir a necessidade de se produzir outras provas", explicou o delegado-chefe da PF em Cascavel, Celso Mochi. Ele informou por não se ter definido o local onde os corpos serão examinados ainda não foi marcada a data da exumação.
Investigação
O inquérito a cargo da Polícia Civil foi encaminhado incompleto no dia 15 de abril ao Ministério Público (MP-PR), que o devolveu e solicitou mais informações à delegada Ana Karine Palodetto. Na época, a responsável pelo caso declarou que, pela falta de depoimentos de alguns sem-terra que foram intimados e não compareceram à delegacia, não foi possível definir de quem partiu o primeiro tiro.
As versões apresentadas até agora são bastante divergentes. Enquanto um dos sem-terra feridos e detidos no mesmo dia do confronto diz que a polícia foi a primeira a atirar, outro afirma ter partido dos próprios sem-terra o primeiro disparo. Esta é a mesma versão defendida pelo advogado do MST, Claudemir Torrente Lima, o qual acrescenta inclusive que os acampados foram atingidos pelas costas.
O confronto ocorreu na Linha Fazendinha, próximo ao acampamento Dom Tomás Balduíno, quando policiais ambientais foram acionados para atender um suposto princípio de incêndio na área.
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