Casal compra casa abandonada e reforma com as próprias mãos
Por enquanto a casa dos sonhos do casal Karina e Winder ainda está no papel. Mas, com as próprias mãos - e orientação de profissionais -, eles estão reformando um casarão abandonado de cerca de 300 metros quadrados que será o lar da família em Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná.
O imóvel, vazio desde 2016, fica em um terreno de mais de mil metros quadrados e está com as paredes, janelas e telhado completamente deteriorados.
Os dois compraram a casa em fevereiro. Para economizar, no mesmo mês, eles começaram a reforma por conta própria, sob orientações de um engenheiro e outros técnicos (veja a seguir orientações sobre contratação de profissionais habilitados para assinar como responsáveis técnicos em obras).
Nina e Winder, ambos de 35 anos, têm três filhas: Isabela, de 13, Alice Maria, de 7, e Eduarda, de 5 — Foto: Resende Fotografia/Arquivo Pessoal
Karina Aparecida Ferreira da Silva, ou Nina, como prefere ser chamada, tem 35 anos e trabalha como assessora de casamentos. O marido, Winderson Ferreira da Silva, tem a mesma idade e é DJ de eventos.
"Meu pai era marceneiro, já ajudei muito ele, então tenho uma experiência na área. E vamos economizar muito mais se nós mesmos fizermos, o que era a nossa ideia desde o início", conta Winder.
Apesar das profissões não terem relação com construção civil, os trabalhos manuais são uma paixão do casal, que já fez reformas em outras casas onde moraram.
"Nós queremos fazer tudo que estiver ao nosso alcance dentro da obra. Já reformamos outras casas que moramos, claro que não com a mesma amplitude dessa, mas sempre gostamos da área, até boa parte dos móveis da casa será feita por nós mesmos também", conta Nina.
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Nina e Winder estão reformando a casa abandonada que compraram com as próprias mãos — Foto: Resende Fotografia/Arquivo pessoal
Para registrar todas as etapas do processo, o casal criou um perfil no Instagram para publicar fotos e vídeos da reforma. O primeiro viralizou e, em menos de dois meses, a página passou a ser acompanhada por mais de 675 mil seguidores.
Entre as perguntas mais comuns feitas pelos seguidores está se não compensava mais demolir ao invés de reformar a casa: "O gasto seria muito maior, levaria muito mais tempo do que desejamos para nos mudar, e fizemos todos os estudos necessários para manter ela como está fazendo apenas os reparos", explicam.
'Flerte' com o imóvel começou muito antes
Casa abandonada chamava a atenção do casal antes de ser posta à venda — Foto: Arquivo pessoal
A casa fica na região do Shangrilá e chamava a atenção do casal antes mesmo de ser posta à venda.
Nina e Winder têm três filhas, de 13, 7 e 5 anos, e passaram mais de dois anos buscando um imóvel maior para acomodar melhor a família.
"A gente passava perto dela para fazer eventos, via e falava: 'Nossa, uma casa tão grande, né? Podia estar arrumada'. Só que ela nunca teve anúncios. Ela nunca tinha uma placa de venda, até aparecer um anúncio no celular dele", conta Nina.
Antes de comprar o imóvel, Nina e Winder levaram um engenheiro para avaliar a estrutura do local e checar se era possível reformá-lo.
Antes de comprar o imóvel, Nina e Winder levaram um engenheiro para avaliar a estrutura do local e se era possível reformá-lo. — Foto: Arquivo pessoal
O preço e a possibilidade de valorização do imóvel levaram à decisão da compra.
"Nós compramos a casa por R$ 300 mil e, na mesma rua, têm outras casas para vender, com o tamanho do terreno parecido com o nosso, por R$ 2 milhões", explica Nina.
A intenção é transformar o piso térreo no escritório e depósito e o piso superior em residência. Nele, há quatro quartos, dois banheiros, cozinha, lavanderia, sala, entre outros cômodos.
Mão na massa
Nina e Wender decidiram começar a reforma com as próprias mãos — Foto: Arquivo pessoal
O nível de abandono da casa não intimidou Nina e Wender. O casal tem feito serviços como a limpeza do terreno, corte de grama, retirada de entulhos, derrubada de paredes, retirada de pisos, pintura e montagem de móveis.
O trabalho é feito sob a supervisão de uma equipe técnica, que conta com profissionais de engenharia, topografia e arquitetura. A dupla reforça que os serviços mais "perigosos" serão feitos por uma equipe contratada.
"Não vamos fazer coisas estruturais, como reforço de vigas, parte do telhado, reboco externo... isso ficará para profissionais. [...] Nós vamos sempre estar com a mão na massa por aqui, é nosso jeitinho de ser, mas sempre estamos com respaldo de profissionais", garantem.
Nina e Wender decidiram começar a reforma com as próprias mãos — Foto: Arquivo pessoal
A importância de chamar um profissional
O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR) ressalta a importância de ter profissionais responsáveis técnicos em obras, visando garantir a segurança da edificação e de quem a utiliza.
A engenheira civil Margolaine Giacchini, vice-presidente do Crea-PR, destaca que, em reformas, é importante um engenheiro fazer uma avaliação inicial das condições gerais da edificação para comprovar a viabilidade do que pode ser feito no local.
"Em se tratando de qualquer alteração de estrutura, cobertura, portas, janelas e instalações elétricas e hidrossanitárias, deve se ter um profissional responsável técnico pelo serviço", detalha.
A engenheira ambiental Mariana Maranhão, gerente do Departamento de Fiscalização do Crea-PR, lembra que legislações federais regulamentam o exercício profissional e estabelecem que compete ao engenheiro civil ou de fortificação e construção atividades específicas referentes a edificações e outros tipos de estruturas sujeitas à fiscalização. Veja o texto completo aqui.
"O Crea tem atribuição de fiscalização e o Confea definiu que estas áreas são de atuação dos engenheiros civis. Uma obra civil se enquadra, sem dúvida, como uma edificação, portanto ela está inserida no contexto do exercício da profissão e pode sofrer fiscalização do Crea", explica Mariana.
Sonho em construção
A previsão inicial era executar a reforma em três anos. Porém, com a visibilidade das redes sociais, parcerias feitas com profissionais e empresas estão reduzindo a estimativa para um ano e meio.
A "casa abandonada" será o quarto local onde Nina e Winder viverão juntos. Eles não garantem que será o último, mas dizem que se imaginam passando a vida toda no imóvel que estão reerguendo com as próprias mãos.
"Eu acho que é muita benção. A gente sempre fala que lutamos a nossa vida toda para conseguir tudo o que a gente quis, e às vezes as coisas demoram para ser caprichadas. E sentimos que na casa foi isso."
Nina e Winder, ambos de 35 anos, têm três filhas: Isabela, de 13, Alice Maria, de 7, e Eduarda, de 5 — Foto: Resende Fotografia/Arquivo pessoal
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