Silvio Santos, o homem-entretenimento
Silvio Santos foi o maior apresentador da TV brasileira e, desde que ele parou de gargalhar e jogar notas de cem e cinquenta reais para cima, os domingos na televisão nunca mais foram os mesmos.
Amparado por suas “colegas de trabalho”, como ele chamava seu auditório dominado por mulheres de todas as idades, Silvio foi mais do que um comunicador. Ele foi um homem-entretenimento.
Ficou 60 anos no ar. E ficará para sempre na história e na memória dos brasileiros. Por meio de bordões, pela forma simples e carismática de falar com a plateia e os espectadores, pela popularidade de seus programas ou pelas polêmicas em que se envolveu.
O apresentador e empresário morreu aos 93 anos no dia 17 de agosto de 2024. Segundo o hospital Albert Einstein, a morte foi em decorrência de uma broncopneumonia após infecção por influenza (H1N1).
Nesta página especial, o g1 resume as principais facetas dele. Silvio foi muito além de ser o homem que comandou o “Programa Silvio Santos”, entre 1963 e 2023, e que se tornou o patrão do Sistema Brasileiro de Televisão, o SBT.
Antes
O menino fã de cinema
Silvio Santos nasceu Senor Abravanel, em 12 de dezembro de 1930. Natural do bairro da Lapa, no Rio de Janeiro, ele tinha outros cinco irmãos. Ainda criança, era apaixonado por cinema. Ele e seu irmão iam com frequência a sessões na Cinelândia.
O camelô
Na década de 1940, Silvio começou a trabalhar como camelô nas ruas do Rio. A ideia veio durante as eleições de 1946, quando ele começou a vender capas para título de eleitor e canetas.
O estudante
Mesmo com o trabalho nas ruas, Silvio continuou estudando e se formou em contabilidade. Mas a comunicação sempre foi um traço forte do então vendedor. Para chamar a atenção das pessoas, ele aprendeu a fazer truques com moedas e baralhos.
O anunciante da barca
Nos anos 40, conseguiu um emprego em uma emissora de Niterói. Para chegar à cidade, precisava usar uma barca. Foi nas viagens de barca que teve a ideia de colocar músicas para os passageiros ouvirem. O negócio deu certo, e ele trocou o emprego de locutor para ser corretor de anúncios do alto-falante da embarcação.
O começo
da carreira
O radialista
Em 1946, Silvio chegou a passar no primeiro teste para locutor, mas desistiu da profissão por achar o salário baixo. Quatro anos depois, fez sua estreia como locutor na Rádio Tupi.
Ele se mudou para São Paulo em 1950, depois de fazer um passeio pela cidade. Naquela época, ele encontrou um antigo colega de uma rádio do Rio e resolveu fazer um teste para locutor em uma emissora paulista. Acabou sendo aprovado. Em 1954, assinou com a Rádio Nacional e criou uma revista com passatempos para complementar a renda.
Ele também passou a fazer shows em circos como animador e acabou sendo convidado por Manoel de Nóbrega para trabalhar em um programa que tinha grande audiência no rádio.
O dono do baú
Manoel de Nóbrega foi o fundador do Baú da Felicidade e Silvio ajudou o amigo a administrar, tornando a empresa um grande negócio. Silvio acabou ficando com a empresa para ele, a partir de 1958.
O negócio, que inicialmente vendia brinquedos a prazo, começou a crescer após uma parceria com a marca de bonecas Estrela. Depois, prosperou ainda mais por meio da venda de carnês que rendiam trocas por produtos e participações nos programas de TV.
Popularidade
máxima
O apresentador
Em 1960, Silvio criou o programa “Vamos Brincar de Forca” na TV Paulista. Ele comprou duas horas da programação de domingo da emissora e aproveitou para vender os carnês do Baú.
Mais tarde, a atração passou a se chamar “Programa Silvio Santos”. Nesta época, o apresentador estreou o programa Festival da Casa Própria pela emissora. Em 1964, a atração contava com uma disputa entre telespectadores e, o vencedor saía com o imóvel.
Silvio começou a se tornar popular na televisão e, em 1965, ganhou programas na TV Tupi. No entanto, continuou com o “Programa Silvio Santos” na TV Paulista, comprada pela TV Globo em 1965. Três anos depois, veio outra novidade: o Troféu Imprensa, antes não televisionado, passou a ser exibido pela TV Tupi, sob o comando de Silvio.
O cantor de marchinhas
Também em 1966, a famosa faixa "Coração Corintiano", gravada pelo apresentador, venceu o troféu de marchinha campeã do carnaval, com o refrão “Doutor, eu não me engano / Meu coração é corintiano”.
O apresentador ainda gravou outras dezenas de marchinhas carnavalescas, como “A Pipa do Vovô não sobe mais”.
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O criador de programas
Em 1972, por causa do grande volume de produção dos programas, a produtora Estúdios Silvio Santos Cinema e Televisão foi criada, ficando responsável pela produção das atrações. Quatro anos depois, em 1976, o “Programa Silvio Santos” deixou a Globo e passou a ser exibido pela TV Tupi.
Ao mesmo tempo, a transmissão começou a ser feita pela primeira emissora de TV do apresentador, a TV Studios Silvio Santos (ou TVS Canal 11 do Rio). Nesta nova fase, estrearam programas como “Show de Calouros”, “Domingo no Parque”, “Qual é a Música” e “Namoro na TV”.
Outros programas e quadros se tornaram super populares nas décadas seguintes, com destaque para “Em nome do amor”, “Topa Tudo Por Dinheiro”, “Show de Calouros”, “Casa dos artistas” e “Show do Milhão”.
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O patrão do SBT
Em 1980, o programa dominical de Silvio deixou a TV Tupi e passou a ser exibido pela RecordTV (para São Paulo) e por uma rede de emissoras independentes (para o resto do Brasil). No mesmo ano, o Grupo Silvio Santos conquistou a concessão do SBT - Sistema Brasileiro de Televisão.
Com isso, o “Programa Silvio Santos” passou a ser exibido para todo o país por sua própria rede. É na casa nova que o programa ganha quadros como “Porta da Esperança”, “Roletrando”, entre outros já citados.
O programa ficou no ar nas décadas seguintes e o apresentador fez as últimas gravações em setembro de 2022. A exibição aconteceu em fevereiro de 2023. A atração dominical passou a ser comandada pela filha do apresentador, Patrícia Abravanel.
Além
da TV
O candidato a presidente
Em 1988, o apresentador apresentou sua candidatura para a prefeitura de São Paulo pelo PFL. A candidatura acabou não se concretizando. Mas no ano seguinte, em 1989, ele decidiu concorrer à Presidência da República pelo PMB.
Embora estivesse bem nas pesquisas, teve sua candidatura cassada após Eduardo Cunha entrar com um pedido de extinção do partido e anulação da candidatura de Silvio. O apresentador chegou a alcançar 30% das intenções de voto nas sondagens, de acordo com informações do TSE.
Problemas com o registro do PMB e questionamentos acerca da legalidade da candidatura de um proprietário de uma rede de televisão pesaram na decisão da Justiça Eleitoral, que indeferiu a candidatura. A eleição terminou com a vitória de Fernando Collor (PRN), que derrotou o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, no segundo turno, realizado em 17 de dezembro.
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O empresário
Silvio teve uma trajetória empresarial de décadas de sucesso, que deu origem ao Grupo Silvio Santos (GSS), hoje um conglomerado bilionário. O portfólio de empresas de Silvio Santos garantiu que ele entrasse na seleta lista de bilionários da revista Forbes em 2013, com uma fortuna estimada em US$ 1,3 bilhão.
À época, a revista destacou que o patrimônio do apresentador fez dele a “primeira celebridade bilionária brasileira”. O Grupo Silvio Santos já tinha mais de 30 empresas no portfólio, com vendas anuais de US$ 2 bilhões.
Silvio entrou no ranking de bilionários dois anos após a venda do banco PanAmericano, do qual era acionista controlador. O BTG Pactual pagou R$ 450 milhões pela operação, em meio a um escândalo contábil envolvendo o banco.
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O pai de família
Em 1962, Silvio se casou com sua primeira esposa, Maria Aparecida Vieira Abravanel, com quem teve sua primeira filha, Cintia. O casal também adotou a segunda filha do apresentador, Silvia.
Em 1981, o empresário se casou com Íris Abravanel, autora de várias novelas do SBT. Juntos até a morte de Silvio, os dois tiveram quatro filhas: Daniela, Patrícia, Rebeca e Renata.
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Créditos:
Texto: Braulio Lorentz e Marília Neves
Design: Kayan Albertin e Guilherme Gomes
Desenvolvimento: Guilherme Gomes