Ludmilla se apresenta no palco principal do festival Coachella no início da noite de ontem, 14 de abril, com show calcado no funk brasileiro — Foto: Reprodução / X Ludmilla
Ludmilla comentou a frase sobre religião que aparece no vídeo do seu show apresentado no festival Coachella, nos Estados Unidos, no último domingo (21). Ela se manifestou em um texto nas redes sociais na manhã desta segunda-feira (22).
"Hoje tiraram do contexto uma das imagens do vídeo do telão do show em Rainha da Favela, que traz diversos registros de espaços e realidades a qual eu cresci e vivi por muitos anos, querendo reescrever o significado dele, e me colocando em uma posição que é completamente contrária a minha", escreveu no X, antigo Twitter.
A imagem em questão mostra um cartaz com a frase "Só Jesus expulsa o Tranca Ruas das pessoas". Tranca Ruas é um dos exus, entidades da umbanda. Ele é considerado uma entidade que abre os caminhos de seus devotos.
Cena de vídeo exibido no show 'Rainha da Favela', de Ludmilla, no Coachella — Foto: Reprodução/X
"Rainha da Favela [o show] apresenta a minha favela, uma favela real, nua e crua, onde cresci mas infelizmente se vive muitas mazelas: genocídio preto, violência policial, miséria, intolerância religiosa e tantas outras vivências de uma gente que supera obstáculos, que vive em adversidades, mas que não desiste. Isso passa por conviver em um ambiente muitas vezes hostil, onde a cada esquina você precisa se deparar com as dificuldades da favela. Meu show começa com uma mensagem muito explícita , que não deixa dúvida sobre nada!", diz.
O vídeo apresenta uma série de imagens registradas nas favelas e na cidade do Rio de Janeiro, incluindo este cartaz. O assunto chegou a ficar entre os mais comentados na rede social X, antigo Twitter.
"Esse vídeo foi feito por uma fotógrafa/videomaker negra e periférica, para que tivesse um olhar de dentro para fora! Não me coloquem nesse lugar, vocês sabem quem eu sou e de onde eu vim. Não tentem limitar para onde eu vou. Respeito todas as pessoas como elas são, e independente de qualquer fé, raça, gênero, sexualidade ou qualquer particularidade de que façam elas únicas."
Buscas por Ludmilla na internet disparam com show no Coachella
Ludmilla se apresentou no festival americano nos dias 14 e 21 de abril. A cantora abriu o show com "Tropa da Lud" e emendou com "Rainha da Favela". O setlist contou com outros sucessos da artista, como "Socadona", "Cheguei" e "Maldivas", feita para sua mulher e dançarina, Brunna Gonçalves. As duas encerraram a música com um beijo. Leia mais sobre a apresentação.
Leia abaixo o texto completo de Ludmilla sobre o episódio:
"Quando eu disse que vocês teriam que se esforçar pra falar mal de mim, eu não achei que iriam tão longe.
Hoje tiraram do contexto uma das imagens do vÍdeo do telão do show em Rainha da Favela, que traz diversos registros de espaços e realidades a qual eu cresci e vivi por muitos anos, querendo reescrever o significado dele, e me colocando em uma posição que é completamente contrária a minha.
Rainha da Favela apresenta a minha favela, uma favela real, nua e crua, onde cresci mas infelizmente se vive muitas mazelas: genocídio preto, violência policial, miséria, intolerância religiosa e tantas outras vivências de uma gente que supera obstáculos, que vive em adversidades, mas que não desiste. Isso passa por conviver em um ambiente muitas vezes hostil, onde a cada esquina você precisa se deparar com as dificuldades da favela.
Meu show começa com uma mensagem muito explícita , que não deixa dúvida sobre nada! Na sequência eu apresento a realidade sobre a qual esse discurso precisa prevalecer! Sobre uma favela sem filtros, sem gourmetizações, sem representações caricatas, uma denúncia sobre o real. Estou aqui pelo que é real e não essa versão vitrine importada para gringo achar que esse é um espaço que se reduz a funk, bunda e cerveja!
Termino meu show com o céu tomado de pipas douradas, que representam a esperança que eu quero plantar no coração de todos que lidam com essa realidade!
Esse vídeo foi feito por uma fotógrafa/videomaker negra e periferica, para que tivesse um olhar de dentro para fora!
Não me coloquem nesse lugar, vocês sabem quem eu sou e de onde eu vim. Não tentem limitar para onde eu vou. Respeito todas as pessoas como elas são, e independente de qualquer fé, raça, gênero, sexualidade ou qualquer particularidade de que façam elas únicas."