Lilia Cabral na pele de Valentina, vilã de 'O Sétimo Guardião' — Foto: GLOBO/João Cotta
Lília Cabral não pensa muito para explicar de onde vem toda aquela maldade da Valentina de "O Sétimo Guardião", novela das 21h. A vilã é "uma mulher amargurada".
“Ela nasceu má, mas só descobriu depois", arrisca a atriz paulistana de 61 anos. "Quando foi abandonada no altar, descobriu que podia ser má e com isso aproveita para fazer da vida que ela escolheu, tomar atitudes que ela bem quiser. Já que ela ficou 'empoderada' e se enriqueceu, dentro dessas atitudes, ela não tem folga para bondade."
Para ela, Valentina não tem afeto sequer pelo filho vivido por Bruno Gagliasso. "Ela não gosta desse filho, e as pessoas vão descobrir isso mais adiante". "Ela manda até matar se for preciso. Ela não é uma pessoa do bem, acho que tem muita gente assim dissimulada.”
Dissimulada, sim, mas com momentos de mais leveza, como é de praxe nas vilãs de Aguinaldo Silva. “Aos poucos, o humor vai aparecendo. No começo, é como se ainda estivéssemos implantando essa personagem. A Valentina é uma grande personagem e eu vou fazer de tudo para que ela seja bem defendida”.
Isso quer dizer que Valentina vai ter bordões, algo comum em vilãs de novelas? “Eu não gosto de bordão e ele não me deu bordão nenhum", responde. "A Valentina fala algumas coisas divertidas, até pode repeti-las, mas não que sejam bordões. Desde que interpretei a Amorzinho ('Tieta') em que eu falava ‘Cinira’, eu me irritei com bordões.”
Os bordões ficaram no passado. E o desprendimento também. Lília diz que antes "era mais relaxada".
"Parece que a gente vai ficando mais velha e aí tem mais responsabilidade, e pensa ‘ai meu Deus’. Antes eu não tinha tanto medo de errar, agora eu tenho, com aquele cuidado de estar no caminho certo. Eu era mais leve.”
Sexta novela com Aguinaldo Silva
Lília Cabral é a Valentina de 'O Sétimo Guardião' — Foto: Globo/Fábio Rocha
Lília também comentou o fato de "O Sétimo Guardião" ser um retorno de Aguinaldo Silva ao realismo mágico, de novelas como "Pedra sobre pedra" (1992) e "Fera ferida" (1993). A atriz sabe do que está falando: esta é a sexta novela de Aguinaldo da qual participa.
“Tem uma geração que não conhece o que é esse realismo mágico. E é muito importante conhecer porque é a história da dramaturgia brasileira. Quem não conhece vai ver como é bom você se desligar um pouco da realidade e começar a assistir a uma novela como se estivesse lendo um livro.”
Ela diz que o autor é "muito criativo" ao criar personagens. "Quem vê uma novela dele, não esquece por ele ser tão instigante. Ele não se contenta com o politicamente correto. Ele se contenta com a ousadia e é brilhante nisso. Sabe criar histórias que se encaixam nos personagens. Essa é a grande beleza dele.”
Fonte da juventude
"O Sétimo Guardião" tem trama que gira em torno de uma fonte da juventude. Mas como ela lida com esse tema e a preocupação de não envelhecer?
“Eu não tenho interferência cirúrgica. Nunca coloquei Botox. Não adianta eu querer ser mais nova ou até mentir a minha idade, porque algum amigo vai saber. Me cuido, sou vaidosa, não gosto de comer coisas gordurosas, faço pilates... Tenho todo um cuidado, mas voltado para a saúde em primeiro lugar.”