Blog do Mauro Ferreira

Por Mauro Ferreira

Jornalista carioca que escreve sobre música desde 1987, com passagens em 'O Globo' e 'Bizz'. Faz um guia para todas as tribos


Dirigida por Humberto Avelar, a animação ‘Abá e sua banda’ tem sessões no Festival do Rio programadas para 11 e 12 de outubro — Foto: Acervo Globo Filmes

Cartaz da animação ‘Abá e sua banda’ — Foto: Divulgação

Título: Abá e sua banda

Direção: Humberto Avelar

Elenco: Filipe Bragança (Abá), Carol Valença (Ana), Robson Nunes (Juca) e Zezé Motta

Cotação: ★ ★ ★ ★ ★

No reino da democracia, a união do povo é a arma pacífica na luta contra a tirania. Arma que se torna ainda mais certeira quando disparada com o poder da música. É essa a mensagem inspiradora que ressoa ao fim de Abá e sua banda, encantadora animação dirigida por Humberto Avelar com roteiro de Silvia Fraiha, Sylvio Gonçalves e Daniel Fraiha.

Após ter estreado em agosto no Festival de Gramado, Abá e sua banda debutou ontem, 5 de outubro, na tela carioca em sessão especial no Festival do Rio 2024 no cinema Estação Net Gávea com a presença do diretor e da produtora Silvia Fraiha.

Ambientada no Reino de Pomar, a animação conta a aventura do jovem príncipe Abá – ouvido com a voz de Filipe Bragança, ator habilidoso ao dar ao abacaxi protagonista uma identidade vocal repleta de nuances – que se disfarça de plebeu para se afirmar como vocalista e guitarrista do trio formado com Ana (a banana baterista proletária, rebelde e defensora do povo, interpretada com astúcia por Carol Valença) e Juca (o caju gaitista, personagem que ganhou a voz graciosa de Robson Nunes).

Órfão de mãe cantora, a rainha Nanás, o príncipe Abá se recusa a ser o sucessor do pai (Rei Caxi, na voz de Mauro Ramos), se afasta do reino e se infiltra entre os plebeus na luta pela própria identidade.

Nessa aventura musical, os planos de Abá são revirados quando o tirano Don Coco prende o Rei Caxi para tomar o poder. Para atingir o objetivo, Don Coco tenta eliminar o príncipe herdeiro da coroa. É quando, sem cair em tom panfletário, Abá e sua banda põe em foco a luta do povo pela liberdade e contra o fascismo que ameaça o Reino de Pomar.

Nesse embate político, a voz ilustre de Zezé Motta – artista projetada como atriz e cantora na década de 1970 – reina em cena na abertura e em passagens da parte final do filme, propagando o poder da música.

Sim, é claro que tem música no roteiro de Abá e sua banda ! As sete composições inéditas – de autoria creditada a André Mehmari (pianista, compositor e arranjador que assina a trilha sonora original da animação), Silvia Fraiha e Milton Guedes – vão da Canção da primavera ao Rap dos Rebeldes, passando pelo Rock delirante, e ganham as vozes do elenco.

A música-título Abá e sua banda, por exemplo, é rock cantado por Filipe Bragança, ator que já tem no currículo vários trabalhos associados à música. Zezé Motta não é da banda, mas a voz da artista enobrece cada mensagem que propaga na tela.

Enfim, Abá e sua banda é uma graça. A julgar pela sessão de estreia no Festival do Rio 2024, o roteiro da animação captura a atenção das crianças do início ao fim desse filme de 84 minutos que hasteia a bandeira da democracia na eterna luta do Homem por justiça social.

Os atores Zezé Motta, Filipe Bragança (ao centro) e Robson Nunes gravam vozes e/ou música para a animação ‘Abá e sua banda’ — Foto: Divulgação / Montagem g1

Abá é o jovem príncipe, cantor e guitarrista interpretado pelo ator Filipe Bragança na animação ‘Abá e sua banda’ — Foto: Acervo Globo Filmes

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