Blog do Mauro Ferreira

Por Mauro Ferreira

Jornalista carioca que escreve sobre música desde 1987, com passagens em 'O Globo' e 'Bizz'. Faz um guia para todas as tribos

FORTALEZA (CE) – Treze horas se passaram entre o início pontual do show de Julia Mestre no Palco Mar às 16h de sábado, 24 de agosto, e o fim da apresentação de Pabllo Vittar no Palco Sol já às 5h11m da madrugada de domingo, 25. Foi o voo mais longo da história do cearense Festival Zepelim, realizado sob direção de Gabriela Parente em Fortaleza (CE) desde 2022.

Na edição de 2024, a terceira do Zepelim, a opção foi por alocar todos os shows em único dia. Alternando-se em dois palcos, Sol e Mar, armados lado a lado na área externa do Marina Park Hotel, 13 artistas se apresentaram ao longo de 13 horas para público estimado em 15 mil pessoas pela produção do evento.

Foram 12 shows de 13 artistas brasileiros. em amostra da diversidade da atual cena pop nacional com soul, rap, pop, rock, funk, tecnobrega e forró. A diferença no total de apresentações e artistas aconteceu porque as apresentações dos pernambucanos Luiz Lins e Yvisson contaram como um único show, dividido em duas partes separadas, uma para cada artista.

Com lounge colorido de decoração tropical, com redes e pufes colocados estrategicamente sob área povoada por coqueiros, o público pode descansar e se alimentar entre uma atração e outra.

Marina Sena é atração já tradicional do Festival Zepelim — Foto: Luan Kawee / Divulgação Festival Zepelim 2024

A rigor, o Zepelim 2024 começou esvaziado. Pouco mais de 100 pessoas assistiram ao show morno de Julia Mestre, aberto com a música Clama floresta (2022), parceria da artista com Zé Ibarra, lançada no primeiro e por ora único álbum da banda Bala Desejo e regravada pela cantora no recente segundo álbum solo, Arrepiada (2023).

Entre músicas da banda que a projetou – como Passarinha (2022) – e composições do disco solo, caso de Chuva de caju (parceria com Ana Caetano, de 2023), Julia fez show protocolar que não arrepiou nem quando a artista deu voz a um rock da fase Tutti Frutti de Rita Lee (1947 – 2023), Agora só falta você (1975), parceria de Rita com Luiz Carlini.

Na sequência, o cantor Yvisson mostrou canções de tom mais introspectivo (mais indicadas para espaços menores) e o rapper Luiz Lins representou o rap de Pernambuco, mostrando músicas como Sem você (2021) e Replay (2023).

Primeira atração a levantar a plateia, o trio fluminense Os Garotin mostrou com orgulho o suingue soul de São Gonçalo (RJ), pisando com o pé direito no palco que marcou a estreia de Anchietx, Cupertino e Leo Guima em Fortaleza (CE). Já Céu brilhou ao apresentar o novo show Novela, com o qual percorre o Brasil desde julho.

O rapper paulistano Yago OProprio se apresenta no Festival Zepelim 2024 — Foto: Lukas Sá / Divulgação Festival Zepelim 2024

Na sequência (não imediata, já que problemas técnicos atrasaram a apresentação em cerca de uma hora), o rapper paulistano Yago OProprio fez show potente, seguindo roteiro que já abarcou repertório do primeiro álbum do artista, Oproprio (2024), lançado em junho.

“Foi muito peso pro gerador”, gabou-se o rapper, antes de mostrar músicas como La noche (2024) e as explosivas Amor incendiário (2019) e Rajada (2020).

Por conta do atraso de Yago Oproprio, o cantor Seu Jorge teve o show antecipado para antes das apresentações do grupo Jovem Dionísio e da Banda Uó. Jorge caiu no suingue de forma exuberante em show com metais em brasa que transitou entre o baile black e o salão de gafieira através de músicas como Mina do condomínio (2007), Chega no suingue (2001) e Carolina (2001).

Entre o samba-rock Te queria (2001), o R&B Quem não quer sou eu (2011) e abordagem da balada soul Na rua, na chuva, na fazenda (1973), carro-chefe do repertório de Hyldon, Seu Jorge e banda ostentaram refinada musicalidade em show que somente serenou nos tons graves da balada Everybody loves the sunshine (2010), música do álbum gravado pelo cantor com o grupo Almaz.

Se a banda Jovem Dionísio mostrou pegada que oscilou ao longo do show, a Banda Uó fez apresentação aliciante, luxuriante, numa batida pop tropical que jamais perdeu o pique. Músicas quentes como Arregaçada (2015) e Tô na rua (2017) contribuíram para que o show transcorresse vibrante, colorido, com muita música e dança.

De volta à cena neste ano de 2014, após hiato de seis anos, o trio goiano de tecnobrega – formado por Davi Sabbag e Mateus Carrilho com Candy Mel – triunfou ao fazer no Festival Zepelim a primeira apresentação em Fortaleza (CE) nesta turnê de retorno.

Atração já tradicional no festival cearense, Marina Sena manteve a temperatura alta em apresentação antecipada no line-up do Zepelim 2024. A cantora se apresentaria depois de BaianaSystem e Planet Hemp. Ao iníciar o show com Dano sarrada (2023) e seguir roteiro que incluiu Olho no gato (2023), a cantora comprovou que músicas do segundo álbum, Vício inerente (2023), já estão na boca do povo.

Na sequência, os pancadões das bandas BaianaSystem e Planet Hemp eletrizaram o público com a alta e já notória potência sonora desses dois grupos, atrações infalíveis em qualquer evento. Em outra chave, mas também elétrica, a cantora Pabllo Vittar encerrou o voo mais longo da história do Festival Zepelim na pegada pop nordestina do show Batidão tropical.

Russo Passapusso, vocalista da banda BaianaSystem, no palco do Festival Zepelim — Foto: Luan Kawee / Divulgação Festival Zepelim 2024

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