Cartaz promocional do show do duo Licks & Maltz no Bar Opinião, na cidade de Porto Alegre (RS), em 21 de abril — Foto: Reprodução / Facebook Abstratti Produtora
♪ OPINIÃO – O pop não poupa ninguém, já sentenciou Humberto Gessinger em verso de O Papa é pop, música-título de álbum lançado em 1990 pela banda gaúcha Engenheiros do Hawaii.
Com a máquina da saudade acionada a todo vapor no showbiz brasileiro, era (quase) inevitável uma reunião do grupo que, na formação clássica, juntou Gessinger (voz e baixo) com Augusto Licks (guitarra) e Carlos Maltz (bateria).
Só que diferenças irreconciliáveis entre Gessinger e os outros dois músicos sempre inviabilizaram – em tese – a reunião tão aguardada pelo séquito dos Engenheiros do Hawaii.
Como solução para remediar o impasse, foi anunciada hoje, 22 de fevereiro, a reunião de Augusto Licks (guitarra, violão e teclados) e Carlos Maltz (bateria) em show programado para 21 de abril no Bar Opinião, reduto roqueiro de Porto Alegre (RS), cidade natal da banda.
Licks e Maltz não se apresentam juntos desde 1993, ou seja, há 31 anos. Para ocupar o lugar de Gessinger no palco, o duo Licks & Maltz escalou Sandro Trindade, vocalista e baixista da banda cover Engenheiros Sem CREA, criada em 2016 para manter em cena o repertório do grupo dissolvido em 2008.
É fato que a empresa promotora do show, Abstratti Produtora, teve o cuidado e bom senso de anunciar o show como uma apresentação do duo Licks & Maltz, não como uma reunião dos Engenheiros do Hawaii.
De todo modo, fica a sensação de que se trata de show de uma banda cover. Porque Engenheiros do Hawaii sem Humberto Gessinger – líder, mentor e principal compositor do grupo gaúcho revelado em 1985 na coletânea Rock Grande do Sul e projetado no ano seguinte com o álbum Longe demais das capitais (1986) – é como Legião Urbana sem Renato Russo (1960 – 1996). Ou seja, é uma banda sem a alma que moveu a criação dela.
Fora de cena já há 16 anos, a banda Engenheiros do Hawaii sempre teve Gessinger como frontman. Augusto Licks saiu em 1994. Carlos Maltz se desligou em 1996.
É certo que ambos têm todo o direito de formar um duo para reviver o repertório da banda da qual tocaram no auge do período criativo do trio gaúcho – assim como Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá exercem o direito de percorrer o Brasil com shows calcados no cancioneiro da Legião Urbana.
Mas que, em ambos os casos, falta o motor criativo de cada banda, lá isso falta. De qualquer maneira, é somente um show – talvez o primeiro de uma série porque há demanda – e, afinal, o pop não poupa mesmo ninguém...