Cinema

Por Braulio Lorentz, G1


'Roma' — Foto: Divulgação

Desde que o filme "Roma" foi lançado, na sexta-feira (14), alguém já deve ter te perguntado "E aí, já viu 'Roma' no Netflix?" por um destes motivos:

  • Ele está bem cotado para o Oscar, foi escolhido como Melhor Filme no Festival de Veneza e indicado em três categorias do Globo de Ouro
  • Quando se abre o Netflix, uma foto da atriz Yalitza Aparicio está lá, fazendo muita gente se penguntar que série em preto e branco é aquela
  • A direção, o roteiro e a edição são do mexicano Alfonso Cuarón, ganhador de dois prêmios no Oscar em 2014 por "Gravidade"

Mas todas essas credenciais são meio rasas. O que fez "Roma" ter se tornado o maior sucesso de crítica deste ano é a precisão e dedicação de Cuarón ao contar sua história. Ou melhor, a de sua babá.

Assista ao trailer de 'Roma'

Assista ao trailer de 'Roma'

Roma é o nome do bairro da Cidade do México onde o diretor foi criado. O filme é sobre o 1971 da vida de uma babá de uma família de classe média alta.

Em 2 horas e 15 minutos, há três cenas muito emocionantes, realistas e com excelentes atuações. Mas "Roma" dilui histórias intensas e bem contadas em um belo filme com ritmo um pouco lento.

No começo, a câmera mostra por quase três minutos um plano em detalhe de uma garagem sendo lavada. É possível ver apenas azulejos, sujeira. Depois, surgem sabão, água e imagens no reflexo das poças.

A ideia era não fazer concessões. O filme é todo falado em espanhol e mixteco (dialeto de um povo indígena mexicano) e sem atores famosos.

Não há pressa para contar a história e quem quiser saber mais sobre citações políticas e culturais tem que se virar no Google. Por lá, você vai encontrar detalhes do Massacre de Corpos Christi, por exemplo.

Alô, babá

Cena do filme 'Roma' — Foto: Divulgação

Cuarón vem pensando em "Roma" desde 2006. Como tinha menos de 10 anos na época que é retratada no filme, não se lembrava de detalhes da vida de sua babá e telefonou várias vezes para ela nos últimos anos em busca deles.

O filme mistura o conteúdo dessas conversas com suas memórias: terremotos, filmes, programas de TV, política, o pai ausente, brigas com os irmãos e, claro, todo afeto pela babá.

Mas dá para sentir todo essa empatia e respeito vendo o filme? Com certeza. E talvez esteja aí o maior trunfo de "Roma": o empenho em contar uma história do ponto de vista de outra pessoa. Não é tão simples assim se colocar no lugar de alguém.

O que a crítica gringa disse?

"Roma" não vai ter problema para encontrar frases de efeito perfeitas para cartazes de filmes:

  • "Épico e íntimo, mítico e mundano" ("Washington Post")
  • "É um retrato expansivo e emocional da vida, fustigado por forças violentas, e uma obra-prima" ("The New York Times")
  • "Emocionante, envolvente e comovente, com uma história rica e pessoal para contar" ("The Guardian")

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