Cinema

Por Cesar Soto, G1


'Podres de ricos': assista ao trailer

'Podres de ricos': assista ao trailer

Depois de sua estreia em agosto nos Estados Unidos, “Podres de ricos” foi eleito um dos grandes sucessos surpresa do ano. Com elenco formado totalmente por atores asiáticos (descendentes ou nativos), o filme supera a crise que as comédias românticas enfrentam em Hollywood – e alguns outros problemas – ao modernizar a fórmula do gênero com inteligência e estilo. Assista ao trailer no vídeo acima.

Já são mais de US$ 231 milhões arrecadados ao redor do mundo a partir de um orçamento de cerca de US$ 30 milhões. Um sucesso tão grande que já garantiu o anúncio de uma continuação em breve.

Boa parte dessa vitória se deve ao público asiático, carente de representação nos cinemas, mas vai muito além de olhos puxados. “Podres de ricos” ganha de verdade ao entregar uma das melhores comédias românticas dos últimos anos – sem vergonha de abusar do açúcar e, principalmente, de apertar os botões nos momentos certos para trazer os espectadores às lágrimas.

Michelle Yeoh, Henry Golding e Constance Wu em cena de 'Podres de ricos' — Foto: Divulgação

Cultura asiática, mas universal

A adaptação do livro “Asiáticos podres de ricos”, de Kevin Kwan, conta a história de uma jovem professora sino-americana (Constance Wu) que vai a Singapura conhecer a família do namorado (Henry Golding, em uma impressionante estreia como ator), e descobre que o rapaz é herdeiro de uma das maiores fortunas do país.

Tão longe de casa, ela deve enfrentar a sogra (Michelle Yeoh, que rouba todas as cenas em que aparece sem esforço), que obviamente se opõe ao relacionamento e dificulta a vida da mocinha. Até aqui, tudo muito padrão comédia romântica, mas, como dizem por aí, o mais importante é saber usar.

A estrutura pode ser manjada, mas ajuda o público ocidental a se identificar logo de cara com as dificuldades da protagonista. Afinal de contas, quem nunca se estranhou com barreiras culturais e tradições familiares?

Ken Jeong, Constance Wu e Awkwafina em cena de 'Podres de ricos' — Foto: Divulgação

É bom se ver

Para quem está acostumado a se ver representado nos cinemas pode ser difícil de entender a importância de um filme como “Podres de ricos”. Já para uma geração inteira de descendentes de asiáticos é a rara oportunidade de se identificar com o que vê nas telas – pelo menos sem lutas ou estereótipos.

No filme, os personagens não estão limitados ao asiático inteligente, ou o asiático nerd, ou a asiática matriarca durona, ou a asiática fetichizada, ou o asiático melhor amigo.

Quer dizer, eles até estão lá, mas a produção sabe brincar com os estereótipos e subvertê-los com inteligência, graças a um grande e talentoso elenco, que ainda conta com Ken Jeong (“Se beber, não case!”), Awkwafina (“Oito mulheres e um segredo”) e Sonoya Mizuno (“Maniac”).

Sonoya Mizuno em cena de 'Podres de ricos' — Foto: Divulgação

Clichê para quê

Assim como faz com os personagens, o roteiro e o diretor Jon M. Chu (“Truque de Mestre: O 2º Ato”) se apropriam dos clichês do gênero e dão profundidade a eles, algo que somente as grandes comédias românticas sabem fazer.

O objetivo ainda é ser feliz e encontrar o grande amor, mas os motivos são sempre complexos – até mesmo os da vilã, que enfrenta o mesmo tipo de rejeição que proporciona. A solução final encontrada pela protagonista, por exemplo, consegue ao mesmo tempo ser respeitosa à força da personagem e às tradições orientais – e boa sorte segurar o choro quando a versão de "Yellow", do Coldplay, cantada por Katherine Ho der um significado completamente novo à canção.

A produção tem seus problemas, como uma certa fetichização da riqueza e a ausência quase completa dos grupos menos favorecidos da região, mas é hora de focar nas pequenas vitórias.

E o sucesso de “Podres de ricos” ajudará muito nos esforços para que, em breve, muitas outras minorias se vejam representadas.

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