Zeca Camargo
Às vezes o mundo conspira a seu favor. Não é sempre, mas de vez em quando dá tudo certo e você ganha de presente as duas coisas mais importantes para fazer o que quiser: tempo e oportunidade. Pois é exatamente o que está acontecendo comigo agora – e por isso mesmo quero aproveitar. E dividir com você projetos que até pouco tempo atrás apenas um círculo pequeno de amigos sabia.

Depois de uma série de reportagens de fôlego como a que fiz – sim, uma outra "volta ao mundo", que você talvez tenha acompanhado pela televisão (ou, quem sabe, até pelo meu Instagram: @zecacamargomundo – este sim, oficial) –, agora finalmente ganhei espaço para respirar e pensar em sonhos que a gente passa a vida inteira adiando.

Sabe aquelas coisas que você imagina que vai fazer "só depois dos 50 anos"? Pois é, eu já estou esbarrando nos 52 (na próxima quarta-feira!) – e agora chegou a hora de declarar independência das obrigações e fazer o que eu realmente gosto! É uma lista ligeiramente ambiciosa. Mas se não for para jogar alto, de que vale a pena um momento como esse que desfruto na minha vida familiar, pessoal e profissional?

Ok, estou enrolando porque a primeira coisa que quero fazer é... Difícil de contar sem medo de ser ridicularizado! Mas vamos lá, estou aqui para isso! Sem mais rodeios: eu quero gravar um disco! Sim, pode começar a rir de mim. Mas você que me acompanha aqui já há algum tempo sabe da minha relação de paixão com a música. Durante décadas eu alimento esse desejo "secreto" – e a não ser por uma ocasião ou outra num karaokê às 4h da manhã, quase nunca tive a coragem de expor esse talento.

Que, diga-se, nem tenho certeza de que eu tenho. Mas essa é a hora de descobrir. De maneira bastante informal eu tenho sondado amigos músicos – e mesmo alguns compositores. Tudo de maneira tão discreta que eu acho até que eles vão se surpreender quando eu procurá-los novamente para (declaradamente) gravar algum trabalho de sua autoria. Mas assim seja!

Uma vez que estou retomando (ainda aos poucos) este espaço, assumo o compromisso de atualizar você, caro leitor, cara leitora, do meu, hum, desenvolvimento musical – escolha de repertório, possíveis parceiras. Admito que não sou um cantor pronto. Mas também, como todo bom "ariano", sou teimoso. E tenho boas referências – cinco décadas ouvindo o melhor (e o pior) do pop – para me ajudar nessa hora. Então, torça por mim. E não só por esse motivo...

Como disse acima, estou agora cheio de tempo e oportunidade – e vou cuidar também de mim mesmo. Mais ainda. Como vocês talvez tenham reparado, desde que fiz uma dieta para emagrecer diante de uma legião de telespectadores, voltei a ganhar alguns quilos. Não apenas isso – é preciso ter (novamente) coragem para admitir – mas cheguei a superar o peso que tinha antes de passar por esse processo. O que hoje faz com que a balança mostre que eu estou com quase 20 quilos a mais do que quando encarei o desafio de emagrecer publicamente.

É muito eu sei – e tenho tentado disfarçar. Mas agora não dá mais: é o espelho que está falando comigo. Ou melhor, ele está gritando! E eu vou dar um jeito nisso. Eu posso – sei que posso: já fiz isso antes. Assim, bem como o disco que vou gravar, assumo aqui o compromisso de emagrecer esses 20 quilos nos próximos 3 meses. Como? Bem, a experiência anterior deixou muitas (e boas) lições comigo.

Vou pegar um punhado delas, juntar com uma boa força de vontade – a idade faz a gente ter mais certeza das coisas que quer, garanto – e entrar em mais uma dieta radical. Não descarto nem mesmo um procedimento – adoro essa palavra! –, caso as coisas não estejam acontecendo do jeito (nem com a rapidez) que eu estou esperando. Mas se tiver que ser, será. E espero resolver todos os conflitos procurando – e aqui vou abrir contigo mais um segredo desse meu "pacote de decisões" – uma certa paz espiritual. Sim, algo que já não tenho há algum tempo...

E como vou fazer isso: visitando um país que eu ainda não conheço. Como grande projeto desse período de reflexão que estou prestes a encarar, vou visitar finalmente o Butão! E se não encontrar esse sossego por lá, é melhor eu esquecer. Eheh! Mas sei que vou achar esse equilíbrio nesse paraíso. Por tudo que leio, vejo e escuto sobre o Butão – um país "encravado" nas alturas entre a China e a Índia –, lá eu serei capaz de encontrar paz. Um pouco de paz depois de tantos obstáculos que encontrei recentemente – na vida, no amor, no trabalho...

Não, não sou dos mais "zen"... Mas algo está me dizendo que isso é o que é importante fazer neste momento. E eu vou ouvir esse chamado. Essa viagem – especialmente para mim que gosto de rodar o mundo – tem um caráter muito mais espiritual do que "aventureiro". Não quero, indo ao Butão, conquistar "mais um país" – que seria, conte comigo, o meu centésimo-quarto. Quero sim ir com o espírito aberto, cheio de vontade de descobrir coisas novas – e sobretudo "coisas novas dentro de mim".

E você é meu convidado, minha convidada, para esse novo período da minha vida. Embarcarei em todas essas experiências, claro, sempre cercado de muita cultura pop – como sempre faço no meu dia-a-dia. Sigo lendo, vendo, ouvindo tudo de bom que cair na minha frente. E sempre que tiver uma brecha, aqui estarei para compartilhar tudo com você.

Como faço já há quase 9 anos. E com um prazer e uma liberdade que só alcanço em poucas áreas da minha vida. Como sempre, só tenho que te agradecer por ter me lido até aqui – já falei em postagens recentes que estou tentando escrever menos (no tamanho) para escrever mais (na frequência). E este post de hoje, dois dias apenas depois do último, é prova disso. Por isso mesmo (acostume-se com isso), aqui em despeço bruscamente desejando boa Páscoa. E nos encontramos na semana que vem!

O refrão nosso de cada dia: "Lies", Thomson Twins – achei que uma música com esse nome seria mais que apropriado para o post de hoje. Esse sucesso dos anos 80, dessa banda que desapareceu por completo junto com boa parte do pop daquela década, era uma das minhas favoritas – bem como de muitas pessoas da minha geração. É uma relíquia do "synthpop", com uma produção quase chinfrim, um vídeo ridiculamente ousado (para a época) e uma mensagem – no seu título e refrão – que tinha tudo a ver com o dia de hoje e com o que eu escrevi acima: "Mentiras". Sim, hoje é primeiro de abril – será que sou eu que preciso lembrar você disso?

Não resisti ao apelo da data – onde notoriamente pessoas pelo mundo brincam de enganar as outras – para inventar todos esses projetos pessoais que descrevi há pouco. Com exceção de alguns poucos detalhes – sim, estou prestes a fazer 52 anos (no dia 8 de abril); e sim, meu Instagram oficial é @zecacamargomundo – tudo que disse com relação a projetos sobre meu futuro próximo é uma mentira calculada para ser publicada no dia de hoje.

Tive a ideia de fazer isso quando li recentemente algumas coisas sobre mim mesmo na internet – sim, um exercício masoquista, mas que fortalece! –, sobre minha carreira e até sobre minha vida pessoal, e percebi que a quase maioria do que se escreve no que hoje passa por jornalismo (e que usa o "manto disfarçado" do "colunismo"), são mentiras. Dando uma geral nessa torrente de informações, tive a sensação de que esses "colunistas" ganharam um passe livre para mentir todos os dias – é como se o calendário fosse só de primeiros de abril! Nenhuma novidade nisso – você pode pensar. Há anos, mesmo ano da internet, isso é um indigesto efeito colateral da informação. Mas tenho a sensação de que as coisas nunca se tornaram tão descaradas – e tão impunes.

Se isso era só um comportamento marginal, ele agora é o "mainstream" – a regra. E o resultado disso, claro, é uma desinformação geral. Com a qual ninguém parece estar muito preocupado. Vivemos um estágio da informação em que a maior parte das pessoas que escrevem em veículos que deveriam gozar de credibilidade joga qualquer coisa na "página" (de papel ou virtual) e as pessoas leem como se fosse verdade, quando quesitos básicos como apuração, checagem – ou mesmo uma simples entrevista (algo que, creio, deveria ser a matéria-prima para qualquer informação que se publique) -, passam batidos.

Reféns de suas fontes, tais “colunistas/jornalistas" publicam não o que bem entendem, mas o que bem elas (as fontes) querem que eles publiquem, numa relação não só promíscua, mas também enganosa – não só para o público, que cada vez menos parece se importar em saber se aquilo que está lendo/ouvindo é verdade ou não, mas também para o próprio "profissional de comunicação" que se acha muito manipulador, mas está é sendo o mais manipulado de todos nesse xadrez de informação. E a banda continua tocando...

Quando pensei em escrever o texto acima, mentiras deslavadas para um primeiro de abril, não achava que ia mudar muita coisa – aliás, nada muda um centímetro com este modesto manifesto. Mas não descartei a possibilidade de que, na hipótese de algum "colunista" bater os olhos na primeira parte deste texto apressadamente, ele ou ela reproduza algum dos meus projetos acima como uma justificativa para explicar o tempo que estou fora do ar na programação da TV. Tudo vai muito bem nessa área, se você tem interesse em saber da própria pessoa em questão. Ao contrário do que escrevi acima, não tenho encontrado nenhum obstáculo na minha vida profissional. Tampouco na minha vida pessoal. Eu diria até que estou num momento de paz espiritual. Atravesso uma fase absurdamente criativa e plena, que tem me deixado muito feliz – e inspirado não só novos projetos (de verdade), mas também novas amizades, novos contatos, e até novas viagens. Mas não a que citei acima. O Butão é um país que já conheci – fui para lá em 2006. E mesmo que não o tivesse visitado, ele não seria meu centésimo-quarto, mas o centésimo-primeiro.

Mais de uma vez declarei publicamente que cheguei ao centésimo país (Coreia do Sul) no final do ano passado, na mais recente volta ao mundo. Também não engordei 20 quilos desde o final do "Medida Certa" – quadro de 2011 do "Fantástico", em que fiz a dieta diante de todos. Desde então, ganhei metade dos 11 quilos que perdi na época (problemas de saúde infelizmente colaboraram para isso), e quem sabe eu vou "correr atrás deles". Mas sem nenhuma dieta radical, garanto, e muito menos um "procedimento". Aprendi minha lição.

E quanto ao meu disco... Fala sério! Quantas vezes já disse aqui mesmo que eu não tenho talento algum para a música a não ser no caso de ouvi-la – e eventualmente escrever sobre ela. Diversas foram as entrevistas em que, para o desgosto do entrevistador, eu me recusava a cantar – não por timidez, mas por absoluta falta de dom nessa área. Aqui está, tudo explicado, mentira por mentira, o texto postado hoje. Mas quem garante que você não vai encontrar por aí uma chamada sensacionalista na linha "Zeca Camargo dá um tempo na TV para gravar um disco, fazer dieta e ir ao Butão"? Afinal de contas, como já mostrei aqui mesmo, hoje é fácil fazer os colunistas publicarem qualquer coisa... Feliz dia da mentira! Que, infelizmente, agora vai muito além do primeiro de abril...

Foto: Arquivo pessoal