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  • A solidão não é um tipo de liberdade

    Uma amiga que acabara de divorciar-se, disse: "agora tenho toda a liberdade com que sempre sonhei." É mentira! Ninguém quer este tipo de liberdade, todos nós queremos um compromisso, uma pessoa para estar ao nosso lado vendo as belezas que aqui existem, discutindo sobre livros, entrevistas, filmes, ou dividindo um sanduíche, quando o dinheiro não dá para comprar dois. Melhor comer metade de um que comê-lo inteiro. Melhor ser interrompido pelo homem que deseja voltar logo para casa porque existe um importante jogo de futebol na televisão,  ou pela mulher que ver uma vitrine e interrompe no meio, o comentário sobre a torre da catedral. Melhor ficar com fome do que ficar sozinho. Porque quando você está sozinho – e eu falo da solidão que não escolhemos, mas que somos obrigados a aceitar – é como se não fizesse mais parte da raça humana.

  • As tempestades deixam o mundo mais fértil

    Com a palavra o leitor

    Maximiliano (Veracruz, México)

    Antes de uma tempestade tudo é silêncio e calma, embora possamos sentir o cheiro das gotas d’água. Há alguns dias estive com um amigo e sua irmã no Porto de Tuxpam. Era carnaval, todo mundo se divertia, e no melhor da festa o céu começou a encher-se de nuvens, os raios caíam cada vez mais perto, e a chuva começou. Todos correram para buscar abrigo.

    E de repente, como se houvesse uma comunicação misteriosa entre as pessoas, todos nós voltamos para a rua, descobrindo que a tempestade apenas contribuía para que o mundo ficasse mais fértil e o clima mais ameno. A alegria voltou, embora ninguém entendesse direito por que estava alegre.

    Um dos momentos mais sublimes que alguém pode experimentar é justamente viver uma tempestade.

  • A morte como companheira do guerreiro-caçador

    Transcrevo aqui mais um texto de Carlos Castaneda: filósofo que teve grande importância para minha geração – e faço questão de relembrá-lo em minhas colunas.

    Um guerreiro-caçador sabe que cada decisão pode ser sua última.
    A morte é sua companheira, sempre sentada do seu lado esquerdo, à distância de menos de um metro.
    Por isso, vai ao campo de batalha totalmente concentrado em sua vida, sabendo que a maior parte das pessoas está passando de uma ação para a outra sem pensar muito.

  • Das armadilhas da busca 1 - O mito de que a mente pode curar tudo

    Isso não é verdade, e prefiro ilustrar este mito com uma história.
    Há alguns anos, uma amiga minha – profundamente envolvida com a busca espiritual - começou a ter febre, passar muito mal, e durante toda a noite procurou mentalizar o seu corpo, usando todas as técnicas que conhecia, de modo a curar-se apenas com o poder do pensamento.
    No dia seguinte, seus filhos, preocupados, pediram que fosse a um médico - mas ela se recusava, alegando que estava “purificando” seu espírito. Só quando a situação ficou insustentável foi que aceitou ir a um hospital, e ali teve que ser operada imediatamente – diagnosticaram apendicite.
    Portanto, muito cuidado: melhor às vezes pedir que Deus guie as mãos de um médico, que tentar curar-se sozinho.

  • A falsa amizade

    Os verdadeiros amigos são aqueles que estão do nosso lado quando as coisas ruins e também as coisas boas acontecem. Eles torcem pela gente, se alegram com nossas vitórias. Os falsos amigos são os que só aparecem nos momentos difíceis, com aquela cara triste, de “solidariedade”, quando na verdade o nosso sofrimento está servindo para consolá-los em suas vidas miseráveis.
    Durante toda a vida, percebemos que um imenso grupo de pessoas comentam os horrores da vida alheia como se estivessem muito preocupados em ajudar, mas na verdade se comprazem com o sofrimento dos outros, porque isto os faz crer que são felizes, que a vida tem sido generosa com eles.

  • O cientista e o visionário

    Os dois são a mesma pessoa: Albert Einstein, capaz de enxergar muito além do seu tempo, desenvolveu uma teoria que revolucionou o mundo e o pensamento filosófico. Por outro lado, era alguém que, mesmo sabendo que a maior parte dos fenômenos físicos pode ser explicada, entendeu que não podia compreender tudo. Deixou seu coração e sua mente abertos, reverenciando também as coisas que não podia colocar em equações matemáticas. Einstein não era um homem religioso no sentido tradicional, mas tinha um profundo respeito pela vida e pelo ser humano. No mundo de hoje, quando as pessoas têm explicações para tudo e ridicularizam qualquer tema que não se enquadre dentro do pequeno universo que criaram, vale a pena relembrar algumas das palavras do maior e mais importante cientista do século XX:

    Nada acontece por acaso: “Deus não joga dados com o Universo”.

    Os medíocres são sempre críticos: “Os espíritos generosos, porque buscam um caminho diferente e usam com coragem e honestidade a inteligência, sempre encontraram uma oposição violenta das mentes medíocres. Mas, a imaginação é mais importante que a cultura, porque o homem que é apenas culto termina cheio de limites, enquanto a imaginação pode dar a volta ao mundo”.

Autores

  • Paulo Coelho

    Imortal da Academia Brasileira de Letras e Mensageiro da Paz da ONU, autor do fenômeno literário “O Alquimista”, livro brasileiro mais vendido de todos os tempos.

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Imortal da Academia Brasileira de Letras e Mensageiro da Paz da ONU, autor do fenômeno literário “O Alquimista”, livro brasileiro mais vendido de todos os tempos.