• Miyamoto e a sombra

    Miyamoto Musashi, o célebre samurai que escreveu “O livro dos cinco anéis”, fala da estratégia para se compreender o espírito e as qualidades do inimigo.

    Segundo ele, quando não conseguimos saber o que nosso adversário pretende, devemos fingir um ataque. Todas as pessoas do mundo estão sempre preparadas para se defender, porque vivem no medo e na paranoia de que os outros não gostam dela.

    Desta maneira, também nosso adversário – por mais brilhante que seja – é inseguro e reage com violência exagerada à provocação. Ao fazer isso, mostra todas as armas que tem, e ficamos sabendo onde está forte e quais são os seus pontos fracos.

    Musashi chama esta técnica de “movimentar a sombra”.

    Na verdade, o guerreiro da luz não entra no combate, mas provoca um pouco, e a sombra de sua provocação confunde o adversário. Então, sabendo exatamente que tipo de confronto deve esperar o guerreiro da luz ataca ou recua.

  • O motivo da busca

    Muitas são as emoções que movem o coração humano – quando ele resolve dedicar-se ao caminho espiritual.

    Pode ser um motivo nobre- como fé, amor ao próximo ou caridade.  Ou pode ser apenas um capricho, o medo da solidão, a curiosidade ou vontade de ser amado.

    Nada disto importa: o verdadeiro caminho espiritual é mais forte do que as razões que nos levaram a ele.

    Aos poucos, a verdadeira busca vai se impondo – com amor, disciplina e dignidade.

    Chega um momento em que olhamos para trás, lembramos do início de nossa jornada – então rimos de nós mesmos. Fomos capazes de crescer, embora tenhamos iniciado a jornada por motivos que eram muito fúteis.

    O amor de Deus foi mais forte que as razões que nos levaram até Ele.

  • O estudo dos macacos

    Um cientista que estudava macacos, numa ilha da Indonésia, conseguiu ensinar a certa macaca que ela devia lavar as batatas num rio antes de comê-las. Livre da areia e das sujeiras, o alimento ficava mais saboroso.

    O cientista – que fez aquilo só porque estava escrevendo um trabalho sobre a capacidade de aprendizado dos chimpanzés – não podia imaginar o que terminaria acontecendo. Ficou surpreso ao ver que os outros macacos da ilha começaram a imitá-la.

    Até que, um belo dia, quando um número determinado de macacos aprendeu a lavar batatas, os macacos de todas as outras ilhas do arquipélago começaram a fazer o mesmo.

    O mais surpreendente, porém, é que estes outros macacos aprenderam sem ter qualquer contato com a ilha onde a experiência estava sendo conduzida.

    Existem vários estudos científicos a respeito. A explicação mais comum é que, quando um determinado número de pessoas evolui, toda a raça humana termina evoluindo. Não sabemos quantas pessoas são necessárias – mas sabemos que é assim.

  • Práticas simples


    “Minha dança, minha bebida e meu canto são o colchão onde minha alma repousará, quando voltar ao mundo dos espíritos”, diz um sábio indonésio.

    Quem ler os evangelhos irá reparar que quase a totalidade dos ensinamentos de Jesus aconteceu em duas circunstâncias: enquanto ele viajava ou em torno de uma mesa.

    Nada de templos. Nada de lugares escolhidos. Nada de práticas sofisticadas e difíceis.

    Andando. E comendo. Algo que fazemos todos os dias de nossas vidas - e, por isso mesmo, não damos nenhum valor.

    Pensamos que as coisas sagradas são tarefas para os gigantes da fé e da vontade. Achamos que aquilo que a gente faz é pobre demais para ser aceito com alegria por Deus.

    Deus é amor. Mas - além disso - Deus é humor.

  • O presente errado

    Miie Tamaki resolveu largar tudo que fazia - era economista - para dedicar-se a pintura. Durante anos procurou um mestre adequado, até que encontrou uma mulher especialista em miniaturas, que vivia no Tibet. Miie deixou o Japão e foi para as montanhas tibetanas, aprender o que precisava.

    Passou a morar com a professora, que era extremamente pobre.

    No final do primeiro ano, Miie voltou ao Japão por alguns dias, e retornou ao Tibet com malas cheias de presentes.

    Quando a professora viu o que ela tinha trazido, começou a chorar, e pediu que Miie não voltasse mais a sua casa, dizendo: “antes, nossa relação era de igualdade e amor. Você tinha teto, comida e tintas. Agora, ao me trazer estes presentes, você estabelece uma diferença social entre nós. Se existe esta diferença, não pode existir compreensão e entrega”.

  • Prece de Matthew Henry

    Matthew Henry é um conhecido especialista em estudos bíblicos. Certa vez, quando voltava da Universidade onde leciona, foi assaltado. Naquela noite, ele escreveu a seguinte prece:

    Quero agradecer

    em primeiro lugar, porque eu nunca fui assaltado antes.

    Em segundo lugar,

    porque levaram a minha carteira, e deixaram a minha vida.

    Em terceiro lugar,

    porque, mesmo que tenham levado tudo, não era muito.

    Finalmente, quero agradecer

    porque eu fui aquele que foi roubado, e não aquele que roubou.

Autores

  • Paulo Coelho

    Imortal da Academia Brasileira de Letras e Mensageiro da Paz da ONU, autor do fenômeno literário “O Alquimista”, livro brasileiro mais vendido de todos os tempos.

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Imortal da Academia Brasileira de Letras e Mensageiro da Paz da ONU, autor do fenômeno literário “O Alquimista”, livro brasileiro mais vendido de todos os tempos.