Eu sei que agora todo mundo só quer saber de ver e comentar “The Crown”, série sobre a vida da rainha Elizabeth que acabou de ganhar o Globo de Ouro de melhor drama. Vi o primeiro episódio para constatar: é linda, é bem feita, tem atores ótimos, é rica – e não é para mim. Desculpa, não tenho muita paciência com séries históricas. Me julgue. (Mas, sabemos, provavelmente continuarei a ver a série porque para onde eu olho tem alguém falando como “The Crown” é maravilhosa. Se bem que falavam a mesma coisa de “Downton Abbey” e a série nunca me ganhou).

 

E aí fui para o extremo oposto. Em vez de séries sobre a vida da realeza, lá vou eu mais uma vez atrás de séries sobre, hã, pessoas normais fazendo nada, basicamente. Ou sobre jovens tentando encontrar seu lugar na sociedade enquanto vivem relacionamentos incertos e tentam virar adultos. Ou sobre pessoas fazendo coisas idiotas. atlanta - blog legendado


A mais badalada da última leva dessas séries é “Atlanta”, que também acabou de ganhar o Globo de Ouro, no caso de melhor série de comédia. “Atlanta” é escrita, dirigida e protagonizada por Donald Glover, o incrível Troy de “Community”, que aqui é um cara meio ferrado na vida, que tenta pagar as contas e sustentar a filha e se dar bem com a mulher/ex-mulher e resolve virar empresário do primo que começa a fazer sucesso como rapper.

 

A série tem cenas bem engraçadas, basicamente tudo o que envolve o Paper boi, o rapper, e consegue fazer uma crítica social com piadinhas sutis e espertas. O problema, a meu ver (e talvez eu seja a única a achar defeitos na série) é que “Atlanta” oscila entre essas cenas ótimas – o episódio da prisão, o Paper boi  tentando lidar com a fama repentina ou tentando se aproveitar da fama que nem é tão grande assim, o rapper num programa de entrevistas explicando por que tuitou que não queria fazer sexo com Caitlyn Jenner etc. -  e episódios chaaaatos, sobre as dificuldades da vida do protagonista e de sua ex, a falta de grana, as tentativas de manter seu casamento e tal.  De qualquer maneira, vale ver: a gente tá sempre precisando de séries bacanas na vida. search party - blog legendado


Mas quando todo mundo está adorando “Atlanta” e “The Crown”, a série mais legal que eu (a diferentona) vi nos últimos dias é zero badalada: “Search Party”. Que seriezinha mais incrível. Sim, a princípio é mais uma série sobre jovens entediados fazendo nada, basicamente.  Dory, a protagonista (Alia Shawkat, a Maeby de “Arrested Development”), é uma jovem entediada com a vida, com um emprego chato, um namoro morno e amigos sem noção (que aliás são sensacionais).  Quando uma conhecida dela – na verdade alguém com quem ela trocou duas palavras na faculdade - é dada como desaparecida, ela finalmente encontra uma razão para se empolgar. E começa a dar uma de detetive para tentar encontrar a garota, que todo mundo acredita estar morta.

 

É aí que o que poderia ser só mais uma série sobre hipsters do Brooklyn morando em apartamentos descolados muito acima de suas posses acaba sendo uma série ótima, esperta e que consegue, com um certo humor negro sem muita pretensão de nada, criar um mistério bem divertido. Virando uma coisa meio, cof, hipster noir, digamos.

 

O jeito como os amigos sem noção de Dory lidam com o desaparecimento (acho que na verdade os amigos dela são a melhor coisa de “Serch Party”), a vigília da família e amigos de Chantele, sempre com um quê de ridículo, os personagens estranhos que começam a cruzar o caminho de Dory durante a investigação: é tudo inesperado, bizarro, meio absurdo. E muito bom.

 


E o melhor: o final de “Search Party” é uma das coisas mais legais que eu vi nos últimos tempos. Se eu fosse você eu ia atrás.