o fim de breaking bad. que série, que série
Eu duvido que alguma outra forma de arte/entretenimento consiga causar a comoção que o final de uma série boa consegue. Individualmente e coletivamente.
Desculpe se isso soa cafona, mas a alegria que tomou conta de mim quando o nominho do Vince Gilligan apareceu no final do episódio, a sensação de acrescentar mais uma série na minha lista mental de melhores séries da vida e mais um ídolo televisivo no meu caderninho fictício, a vontade de correr para o whatsapp, o twitter ou onde quer que as pessoas estivessem comentando o final de "Breaking Bad": só quem acompanha uma história dessas, um personagem desses por anos a fio sabe como é gostoso. Queria usar uma camiseta escrito: breaking bad: eu vi (mas ok, usarei minha camiseta do Heisenberg que já é bem legal).
E que final, amigos: ação, tensão, Walt sendo Walt (meticuloso, observador, esperto), Walt sendo Heisenberg, Walt sendo Walt de novo, um homem de família, com um fundinho de bom coração, até. Acho que é possível discutir por meses se Walt foi moralmente vitorioso ou não, se o bem venceu o mal ou foi ao contrário, se ele conseguiu o que queria ou não, se é certo ou errado torcer pelo Walt etc. (O Walt é do mal mas eu torci por ele até o fim, pode me julgar, leitor). Mas que final sensacional.
Então vamos falar do episódio. ***MUITOS SPOILERS a seguir, você foi avisado***
Caramba, nem sei por onde começar. Comecemos do mais importante então. Walt admitindo para si mesmo e para Skyler (porque a gente já sabia) que tudo o que ele fez foi para ele mesmo. Ele gostava. Ele se sentia vivo quando era um f*dão das drogas, perigoso, poderoso, fabricante do crystal meth quase perfeito. 99% perfeito. E no fim era isso, que ele já tinha falado no telefonema que tentou livrar a cara de Skyler: ele era muito bom no que fazia, ninguém pode negar.
Walt morreu e será pra sempre lembrado como chefão das drogas cruel e implacável. Talvez seja essa a imagem que Holy terá do pai quando crescer (e vai dizer que você não ficou com os olhinhos cheios de lágrimas quando ele se despediu da filha, vai). É essa a imagem que Walter Jr. tem do pai. Então Walter não saiu ganhando, mesmo que tenha saído ganhando. Não foi um final feliz, de jeito nenhum, para ninguém.
Sim, ele conseguiu dar adeus a Skyler e ainda entregar o que possivelmente livrará a mulher de um processo criminal. Mas vamos lembrar que Skyler, se não é nem de longe tão culpada quanto ele, também está longe de ser uma vítima inocente das atividades do marido.
Walt não teve um final feliz nem redentor, só que foi impossível não torcer pelo seu plano final, não ficar feliz que Jesse tenha se livrado - e todos nós seguramos a respiração, mas Jesse não atirou- e que quem roubou seu dinheiro e seu negócio tenha se dado mal (fora que eles eram nazistas né). E mesmo que tenha sido tão mirabolante seu plano: it's science, bitch! Eu adorei cada parte.
Ele ainda conseguiu, na mesma tacada, voltar a ser Heisenberg e se vingar um pouquinho dos seus ex-sócios - que vão viver com medo por um bom tempo, e no fim são um pouco a causa de tudo o que Walt virou, indiretamente - e dar um jeito de sua família receber seu dinheiro, além de ter trazido os incríveis amigos de Jesse para uma ceninha final.
E deu um jeito de fazer com que seu negócio morresse ali: se não continuou com ele no comando, não seria de mais ninguém, e sua família não correria mais perigo.
Aí foi aquilo: seu fim junto a um laboratório da droga, uma musiquinha matadora para embalar sua morte, com a polícia chegando e tudo. Que coisa linda, que série sensacional, que personagem incrível, que começou tudo aquilo vendo uma reportagem na TV numa reunião em família (e eu curti esse flashbackzinho).
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Talvez a única cena desnecessária tenha sido a do Walt explicando pra Lydia, olha, eu botei veneninho no seu adoçante viu? Ok, valeu só pelo toque de celular do Todd-matt-damon-cover, mas foi muito explicativo demais. Nada que tenha estragado nada não. Acho até que vou apagar esse parágrafo para não tirar a beleza desse final sensacional.
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A história é demais, Bryan Cranston é demais, mas não podemos esquecer: que série bem dirigida, bem pensada, linda, colorida, que sequência de cenas nesses episódios finais. TV é arte, espero que ninguém ainda duvide disso.
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Pensa: a gente sempre soube como ia terminar a série: com Walt morrendo.
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E agora, no fim dessa, hã, jornada, eu queria agradecer a quem insistiu para que eu voltasse a dar uma chance à série (que eu tinha abandonado no começo da primeira temporada) lá nos idos de 2009, acho. Obrigada, vocês estavam certos (estou um pouco emocionada com o final, não liga).
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Se você ainda nao viu: por favor veja. Tem no Netflix, no AXN, em DVD, na casa do seu amigo, em vários lugares. Vá atrás.
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Que triste. Pensa: acabou "Breaking Bad". O que será de nós agora?