é hora de ver 'american crime story: the people vs o.j. simpson', a série mais empolgante do ano (passado)
Taí uma série que você tem que ver. Uma das grandes vencedoras do Emmy 2016 e uma das principais premiadas do Globo de Ouro deste ano, prêmios de melhor minissérie, atriz, ator, roteiro não por acaso. “American Crime Story: The People vs OJ Simpson” foi a série mais empolgante do ano passado, já foi exibida por aqui mas ninguém prestou atenção e agora está no Netflix.
A série, que na verdade é uma minissérie, reconta a história do julgamento do ex-jogador de futebol americano O.J. Simpson, acusado de assassinar a ex-mulher e um amigo dela na porta de casa nos anos 90. A história é completamente fascinante, mesmo que a gente saiba como vai terminar, ou justamente por isso. Com tanta prova incriminando O. J., como é que ele conseguiu ser absolvido pelo júri?? (E, não, isso não é spoiler, é uma história real, né).
Apesar de boa parte da história se passar no julgamento, não é exatamente uma série de tribunal como as que estamos acostumadas a ver – o julgamento, que foi todo televisionado e durou, acredite, mais de um ano (de setembro de 94 a outubro de 95), tinha bem menos emoção do que nos seriados jurídicos. Os episódios focam mais na estratégia da defesa, formada por advogados com honorários milionários, que conseguiu transformar o caso de assassinato em uma questão racial, e na luta da promotoria, que parece tão pequena diante de um caso tão grande e vai perdendo dia a dia a vantagem inicial que tinha.
A série tem vários defeitos, mas nada que nos faça desistir dela. E tem episódios muito bons, como o que mostra a rotina dos jurados, confinados num hotel por todos esses longos meses, sem poder ter praticamente nenhum contato com o mundo exterior, proibidos de ver TV, ler jornal ou conversar um com os outros sobre o caso. Ou o que mostra o bullying com a promotora Marcia Clark, lindamente vivida por Sarah Paulson, vítima de machismo, sexismo, vítima de comentários maldosos da imprensa -- praticamente nenhum deles nunca relacionado com seu trabalho no julgamento.
Talvez o maior problema de “American Crime Story” seja a tendência espetaculosa de seu produtor, Ryan Murphy, a mãozinha delicada por trás de coisas como “American Horror Story” e “Glee”. A minissérie tem um monte de exageros, a começar pelo elenco – a trupe de defesa de O.J. Simpson parece um circo. Quase todo mundo ali está um tom acima e isso é bem cansativo às vezes. Murphy também é meio obcecado com a família Kardashian, que aparece mais que o necessário (embora seja divertido). Robert Kardashian, pai de Kim & cia, era o melhor amigo de O. J. e participa de todo o julgamento.
David Schwimmer, aliás, talvez seja a pior coisa da série. Ele interpreta Robert Kardashian e dá desespero/admiração como ele consegue passar todos os episódios falando Juice, Juice (o apelido de O.J.) com a mesmíssima cara de Ross triste. Acho que ele não muda de expressão nenhuma vez, é bizarro.
John Travolta também parece meio que um boneco como um dos advogados de O.J., e o próprio Cuba Gooding Jr., que vive o ex-jogador, parece que está imitando O.J. de zoeira – no começo ele parece o Tracy Jordan de “30 Rock”, mas depois melhora um pouco. O que mais me incomodou no Cuba Gooding, aliás, foi o fato de ele ter feito zero musculação para viver O.J., um atleta grande e musculoso. Certeza que se fosse para fazer o mesmo papel no cinema ele teria feito meses de malhação como “preparação para o personagem”.
Pelo menos é legal ver, depois que acaba o último episódio, como conseguiram fazer cada personagem ficar bem parecido com seu equivalente na vida real. Aproveita que você não tem nada para fazer no final de semana e vai atrás.