Antonio Brito e a bancada do PSD na câmara — Foto: Marcela Cunha/g1
O PSD ainda não engoliu a decisão do governo de rifar o candidato do partido à Presidência da Câmara, Antonio Brito (PSD-BA), e deve usar a votação do pacote de corte de gastos do Executivo para mandar um recado ao Palácio do Planalto.
Deputados da bancada ouvidos pelo g1 acusaram o governo de dar uma “rasteira” em Brito ao anunciar apoio ao deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), postulante apoiado pelo atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
Segundo eles, “pegou mal” o governo chamar Brito para uma conversa e no dia seguinte anunciar apoio a Motta, sem sequer comunicar os deputados e o próprio candidato.
Hugo Motta e Arthur Lira — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução
Outra queixa é que a bancada não se sente contemplada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Esplanada.
Um dos parlamentares ouvidos sob reserva disse que os deputados se contentaram por dois anos com o Ministério da Pesca, ocupado pelo deputado André de Paula (PSD-PE), e esperavam o apoio do governo a Brito, o que não ocorreu.
Por isso, não pretendem votar matérias de interesse do governo como os demais partidos da base.
Urgência para votar projetos de lei de corte de gastos está na pauta da Câmara dos Deputados
De acordo com os deputados, a bancada está “arredia”. Cerca de dez parlamentares não querem nem votar as urgências para o pacote de corte e os demais podem votar contra os pedidos, porque consideram que a discussão “não está madura”.
Emendas
Além de insatisfações localizadas, setores da Câmara demonstraram incômodo com as novas regras para pagamentos de emendas parlamentares, determinadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
As novas diretrizes mais rigorosas do que o Congresso gostaria, principalmente ao determinar medidas para rastrear o parlamentar que envia a emenda e onde o projeto é aplicado.
Há um entendimento geral no Congresso de que o governo jogou junto ao STF nas ressalvas apresentadas pelo ministro Flavio Dino para desbloquear as verbas.
Segundo líderes partidários, o ministro da Secretaria de Relações, Alexandre Padilha, alega que não houve um combinado com o STF e defende que isso prejudica o governo no pacote de gastos. Mas, os parlamentares não acreditam.