Por g1 — Brasília


PF indicia Bolsonaro, Braga Netto, Heleno, Ramagem, Valdemar e mais 32 em inquérito sobre tentativa de golpe

PF indicia Bolsonaro, Braga Netto, Heleno, Ramagem, Valdemar e mais 32 em inquérito sobre tentativa de golpe

A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu ex-ministro da Defesa, o general Braga Netto, e seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid por tentativa de golpe de Estado.

➡️ O indiciamento significa que a PF viu fatos suficientes para considerar que Bolsonaro, Braga Netto e Cid têm participação na trama golpista que tentou tirar o mandato do presidente eleito em 2022, Luiz Inácio Lula da Silva.

A PF apresentou o relatório com os indiciamentos para o Supremo Tribunal Federal (STF). Agora, o ministro relator do caso, Alexandre de Moraes, deve enviar o material para análise Procuradoria-Geral da República (PGR).

Ao todo, a Polícia Federal indiciou 37 pessoas.

Se a PGR entender que há elementos suficientes que demonstram a participação nos atos, vai oferecer à Justiça uma denúncia contra os envolvidos. Só se a denúncia for acolhida pelo STF é que Bolsonaro e seus auxiliares virariam réus.

Desde o ano passado, a PF investiga a tentativa de golpe de Estado e iniciativas nesse sentido que ameaçaram o país entre 2022 e 2023, após Lula ter sido eleito — vencendo Bolsonaro nas urnas — e até pouco depois de ele ter tomado posse.

A investigação remonta aos discursos de altas autoridades do governo Bolsonaro para descreditar a urna eletrônica e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e se estende até o fim de 2022.

Passa, portanto, pelas "minutas do golpe" encontradas na casa do ex-ministro Anderson Torres, no celular de Mauro Cid e na sede do PL em Brasília; e pelo plano, revelado pela operação Contragolpe na última terça (19), que previa inclusive o assassinato de autoridades.

Os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, embora também se relacionem a uma tentativa de derrubar Lula da Presidência da República, são investigados em um inquérito separado.

Veja abaixo o que disseram políticos e autoridades sobre o tema

  • governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT)

"GRAVÍSSIMO! Jair Bolsonaro tinha pleno conhecimento do plano para assassinar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. A informação constará no relatório que será entregue à PGR. É urgente e imperativo que Bolsonaro, Braga Netto e todos os envolvidos sejam punidos com todos os rigores da lei! #SemAnistia"

  • ministra Anielle Franco (Igualdade Racial)

"A cada novo detalhe dos gravíssimos planos de golpe de estado e de execução contra nossas lideranças políticas, confirmamos que veio de cima o projeto de extermínio e ódio ao Brasil, pondo vidas, direitos e instituições no mais alto risco. Nós resgatamos a democracia, e com ela o diálogo, o respeito e a civilidade. Não aceitaremos retrocesso algum. Seguimos vigilantes e como disse hoje o nosso presidente Lula, é um Brasil da união que precisamos construir, onde o mais importante é fazer mais escolas, cuidar dos mais pobres, pagar salários dignos."

  • ministro Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação)

Governo vê com perplexidade inquérito da PF que indiciou Bolsonaro, diz Paulo Pimenta

Governo vê com perplexidade inquérito da PF que indiciou Bolsonaro, diz Paulo Pimenta

"Bolsonaro é indiciado por integrar Organização Criminosa que tentou dar um golpe de estado assassinando o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. Bolsonaro na Cadeia. #SemAnistia"

  • ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário)

"Urgentíssimo: Polícia Federal indicia Bolsonaro, Braga Neto e mais 35 pela tentativa de golpe. Bolsonaro e Braga Neto sabiam do plano para matar o presidente Lula o vice Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes. Espero que a justiça os puna exemplarmente."

  • advogado-geral da União, Jorge Messias

"A notícia de indiciamentos pela PF do ex-mandatário e de integrantes do núcleo de seu governo pela prática dos crimes de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa, oferece ao país a possibilidade de concretizar uma reação eficaz aos ataques à nossa Democracia, conquista valiosa e indelével do povo brasileiro."

  • senador Fabiano Contarato (PT-ES)

"O inquérito da Polícia Federal aponta que Bolsonaro sabia de todo o plano golpista para matar Lula, Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. Que a força da Justiça seja implacável e exemplar. Ninguém deve sair impune! Sem anistia para quem ousa atacar a nossa democracia!"

  • senadora Damares Alves (Republicanos-DF)

"BOLSONARO É UM DEMOCRATA. Inacreditável que Bolsonaro, o homem que o tempo todo gritou para todos ouvirem que só faria o que estivesse dentro das quatro linhas da Constituição, e assim o fez, ser agora indiciado pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. Se alguém em volta do Bolsonaro falou ou pensou diferente dele, que responda por seus atos. Mas não tentem imputar isso a um democrata como nosso eterno presidente. Temos que lembrar que indiciamento não é sentença. Bolsonaro terá direito a ampla defesa e eu tenho certeza que ao longo de todo esse processo demonstrará sua inocência, porque agora ele terá acesso a todos os documentos, depoimentos, diligências e supostas provas que dizem ter contra ele. Conheço e respeito alguns dos indiciados, como General Heleno, General Braga Neto, Anderson Torres, Ramagem, Felipe Martins e eles agora também terão a oportunidade de apresentar defesa. Que Deus nos dê força para continuarmos lutando pela aplicação da justiça em nosso país."

  • senador Jorge Seif (PL-SC)

"Parabéns a PF e ao Ministro Moraes por, mais uma vez, ajudarem o desgoverno com cortina de fumaça. A população sabe quem é Bolsonaro, inclusive muitos o criticaram pelo profundo respeito às 4 linhas. A perseguição e acusação dos crimes impossíveis só reforçam o medo de sua liderança política. E Trump eleito só reforça ainda mais a posição da direita no Brasil. Foi necessário 2 anos para reagir? Jura? Claro que não. Vejam: - primeira-dama uma vergonha mundial; - Janjapalooza com gastos de mais de 30 milhões; - Estatais afundando; - Vão mexer no salário mínimo; - Vão punir as forças armadas no tempo de serviço e aposentadorias; - Dólar escalando; - Déficit público galopante; - Inflação bombando; - Amazônia virando carvão; - Governo sem rumo… Precisam esconder isso a todo custo. Nada como um boa estória da carochinha. Mas a fumaça dissipa já já. Se Bolsonaro quisesse dar golpe, com apenas UMA palavra, o Brasil entraria em uma guerra civil armada sem precedentes! Alguém duvida? Moraes e Lula precisam das narrativas mais absurdas para impedir o impossível: que em 2026 seremos maioria no senado. Jogo vira e, nas 4 linhas, virá o expurgo. Indiciamento tem que ter base factual, provas, contundência. Vejam: - Minuta de golpe sem assinatura; - Golpe de 08/01 sem armas, no recesso parlamentar, em um domingo; - Reunião ministerial com declarações incontestes de posição de JB; -Atentado à bomba com fogos de artifício do 'bestão'. Como está tudo em sigilo, já já a PF vira meme igual a molestação da baleia. Quem viver, verá."

  • líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN)

"Diante de todas as narrativas construídas ao longo dos últimos anos, o indiciamento do Presidente Jair Bolsonaro, do Presidente Valdemar Costa Neto, e de outras 35 pessoas, comunicado na presente data pela Polícia Federal, não só era esperado, como representa sequência ao processo de incessante perseguição política ao espectro político que representam. Espera-se que a Procuradoria-Geral da República, ao ser acionada pelo Supremo Tribunal Federal, possa cumprir com serenidade, independência e imparcialidade sua missão institucional, debruçando-se efetivamente sobre provas concretas e afastando-se definitivamente de meras ilações. Ainda, ao reafirmar o compromisso com a manutenção do Estado de Direito, confiamos que o restabelecimento da verdade encerrará longa sequência de narrativas políticas desprovidas de suporte fático, com o restabelecimento da normalidade institucional e o fortalecimento de nossa Democracia."

  • líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE)

"Com o encerramento da investigação conduzida pela PF sobre a tentativa de golpe de Estado e o indiciamento de Bolsonaro e mais de 30 golpistas que ocuparam o Palácio do Planalto para conspirar contra nossa democracia, o Brasil demonstra ao mundo que possui instituições republicanas consolidadas, prontas para defender o Estado democrático de direito. Ditadura, nunca mais! SEM ANISTIA!"

  • líder da minoria na Câmara, deputada Bia Kicis (PL-DF)

"Estamos há mais de 5 anos assistindo a instauração de inquéritos, a realização de medidas policialesca e vazamentos na imprensa sem o devido processo legal, sem acesso aos autos pelos advogados, tudo para demonizar e perseguir o presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores na construção de uma narrativa fantasiosa. Golpe sem armas, plano de assassinatos por militares altamente capacitados frustrados por um taxi e muito mais. E a verdade é que Bolsonaro sempre jogou dentro das 4 linhas. Esperamos que o PGR analise o inquérito com a seriedade e a isenção devidas."

  • deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ)

"A base do ordenamento no Brasil passou a ser mesmo a criatividade. STF é a lei. Não importa construção da segurança jurídica. Fundamentos do iter criminis, fases para um crime, da ideação à consumação, com conceitos modificados. Sistema acusatório, divisão entre investigação, acusação, julgamento e a própria vítima completamente desrespeitado e descaracterizado. A lógica investigativa foi alterada de materialidade a autoria, para um início a partir da escolha de alvos, necessidade de imputar e posterior 'produção' de provas. Juiz natural, competência, legalidade e devido processo relativizados. É a praxe processual no Brasil atual. Aqui, sim, não há eventos isolados. Narrativas se tornam fatos. Estúpidos absurdos como essa descabida prisão do Filipe Martins, com vergonhosa conclusão de relatório, é um dos diversos e graves atropelos à ordem e legalidade. Onde isso irá parar? Excessos e perseguições estão mais que evidentes. Não está mais apenas para a história julgar."

  • presidente nacional do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann (PR)

"O indiciamento de Jair Bolsonaro e sua quadrilha, instalada no Planalto, abre o caminho para que todos venham a pagar na Justiça pelos crimes que cometeram contra o Brasil e a democracia: tentar fraudar eleições, assassinar autoridades e instalar uma ditadura. Prisão é o que merecem! Sem anistia"

  • deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ)

"É o que a imprensa já havia anunciado que deveria acontecer. A perseguição só fortalece o Bolsonaro."

  • deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ)

"O que mais impressiona é que a imprensa já tenha informações sobre um inquérito sigiloso, do qual ninguém mais teve acesso. E o interessante é que vazam as partes que interessam para a narrativa sensacionalista. Não há justiça, há justiçamento."

  • deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP)

"Transformar investigações em espetáculo político é a arma dos autoritários. Enquanto opositores são perseguidos com narrativas frágeis, aliados do governo são descondenados. A verdadeira ameaça à democracia é a politização da Justiça. Justiça ou perseguição?"

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