Por Delis Ortiz, TV Globo — Brasília


Um acordo do governo federal com as empresas responsáveis vai distribuir R$ 40 bilhões aos atingidos pela barragem de mineração de Mariana (MG), segundo informações da Advocacia-Geral da União (AGU).

Ao longo dos anos, o acordo foi sendo modificado, até chegar ao formato final (compare mais abaixo).

A barragem, da empresa Samarco, se rompeu em novembro de 2015. Dezenove pessoas morreram soterradas pelos rejeitos.

Cerca de 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração destruíram comunidades e modos de sobrevivência, contaminaram o Rio Doce e afluentes e chegaram ao Oceano Atlântico, no Espírito Santo. Ao todo, 49 municípios foram atingidos, direta ou indiretamente.

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O acordo foi discutido no Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6), onde as mineradoras Vale, Samarco e BHP negociaram com os governos federal, capixaba e mineiro.

Uma cerimônia no Palácio do Planalto nesta sexta-feira (25), com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vai marcar a assinatura do acordo.

Os R$ 40 bilhões, a serem provisionados pelas empresas, serão pagos a 300 mil pessoas que, de alguma forma, foram atingidas pela tragédia. Serão pagamentos por meio de programas de transferência de renda ou ação direta.

O acordo traz o pagamento de R$ 35 mil (Programa Indenizatório Definitivo, PID) para aquelas pessoas que foram atingidas pela tragédia, mas não conseguiram comprovar com documentos na Justiça.

Esse valor seria de R$ 30 mil, mas aumentou para R$ 35 mil nesta semana, após reunião do governo com vítimas da região.

Agricultores e pescadores deverão receber R$ 95 mil.

Haverá também recursos para:

  • Recuperação ambiental: R$ 16 bilhões
  • Saneamento básico e rodovias: R$ 15 bilhões
  • Investimentos socioambiental (gastos indiretos para as pessoas atingidas e para o meio ambiente): R$ 17,8 bilhões

Ao todo, esses valores acima (há outros itens, como transferência para municípios), devem chegar a R$ 100 bilhões. Eles deverão ser pagos em 20 anos, com exceção da indenização às vítimas, que o governo quer liquidar até ano que vem.

Além disso, o acordo prevê R$ 32 bilhões em obrigações de execução da Samarco, incluindo medidas de indenização individual, reassentamento e recuperação ambiental.

Comparação com negociações iniciais

Segundo o governo, o acordo final tem algumas mudanças importantes que não estavam presentes na negociação de 2022, na gestão anterior do Executivo federal. Os pontos que agora aparecem e não havia antes, segundo o governo, são:

  • Retirada de rejeitos;
  • Programa indenizatório individual;
  • Solução 'adequada' para a saúde coletiva;
  • R$ 100 bilhões em 'dinheiro novo'; antes, eram R$ 65 bilhões. Dinheiro novo se refere àquilo que ainda não havia sido acordado com as empresas.

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