A presidente do TSE, Cármen Lúcia, durante participação no Mais Você — Foto: Reprodução/TV Globo
A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia, pediu nesta terça-feira (1º) a eleitores que compareçam às urnas nas eleições municipais, cujo primeiro turno está marcado para o próximo domingo (6) nos mais de 5,5 mil municípios brasileiros.
Ela também defendeu maior participação feminina nas funções eletivas e disse que discursos de ódio e discriminação têm afastado mulheres da política.
Cármen Lúcia participou do programa Mais Você, da TV Globo, e tomou café da manhã com a apresentadora Ana Maria Braga.
A magistrada lembrou do tempo, da ditadura militar, em que os brasileiros não podiam escolher seus representantes e que, agora, a sociedade pode e deve participar do processo eleitoral.
"Lutamos pelo voto, então, agora vamos exercer o nosso direito-dever de contribuir, de participar. Ser participante é isso, ser partícipe e ser parte do processo da vida nesta sociedade. Eu acho que deixamos um recado com o voto: quem vier depois de nós vai dizer que nós lutamos para que ele pudesse escolher sua vida", afirmou.
Aos 70 anos, Cármen Lúcia é a única mulher na atual composição do Supremo Tribunal Federal (STF), que conta com outros 10 ministros. Ela está presidindo o TSE, Corte responsável pelo processo eleitoral, pela segunda vez.
A ministra classificou como "estranho" o fato de a sociedade brasileira ser majoritariamente composta por mulheres e de haver "tanta discriminação e preconceito" de gênero no país.
Ele acrescentou que o número de candidatas a prefeituras no país é "muito pequeno" e que mulheres que hoje chefiam municípios estão desistindo de tentar a reeleição por causa do discurso de ódio.
"Algumas poderiam tentar a reeleição e dizem que não vão tentar por causa do discurso de ódio contra elas. É diferente o discurso é contra homem e contra mulher. Contra homem, se fala, xinga, agride de uma forma. Contra nós, eu tenho dito, talvez a gente tenha que criar [a expressão] discurso de 'ódia', porque é sexista, misógino, desmoralizante, sempre no sentido de alguma coisa muito grave", afirmou.
Cármen Lúcia disse ter recebido relatos de mulheres que desistem da carreira política para preservar familiares, sobretudo, filhas mulheres contra ataques desmoralizantes. "Um retrocesso", avaliou.
Ainda sobre o tema, Cármen destacou que as mulheres têm uma representação muito pequena, especialmente no Legislativo.
Mineira de Montes Claros, ela citou o caso de Minas Gerais, que tem 853 municípios, e quase um terço não tem uma vereadora sequer. E que só há uma prefeita mulher e negra no estado.
Expectativa para totalização dos votos
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Na conversa com Ana Maria Braga, Cármen Lúcia disse esperar que a totalização dos votos do primeiro turno ocorra já na noite de domingo, com o resultado dos eleitos e das cidades que terão segundo turno. Em razão das regras eleitorais, a segunda etapa só pode ocorrer em 103 municípios.
No Mais Você, a magistrada relatou que nesta última semana de trabalho antes do primeiro turno tem tido uma "rotina trepidante", com a acumulação das funções de ministra do TSE e do STF. Entretanto, classificou a sobrecarga de trabalho como "muito boa", tendo em vista a importância das atribuições.
"É um trabalho quase insano, no sentido de que é preciso fazer e não tem o que questionar", afirmou.
Ela fez uma comparação com o processo eleitoral de 2022, em que os eleitores escolheram presidente, governadores, senadores e deputados. No pleito passado, foram cerca de 26 mil candidatos. Agora, são 465 mil, entre postulantes a prefeituras e vagas nas câmaras de vereadores.
Além disso, em cada uma das 5,5 mil cidades brasileiras haverá uma situação específica, com candidatos diferentes. Mais de 150 milhões de brasileiros estão habilitados a votar.
Ela também falou sobre o novo livro que está lançando "Direito de (para) todos" – o nono da sua carreira como escritora.