Por Fábio Amato, Márcio Falcão, José Vianna, TV Globo e g1 — Brasília


'Abin paralela': Investigações apontam que delegado usava grupo para compartilhar informações falsas

'Abin paralela': Investigações apontam que delegado usava grupo para compartilhar informações falsas

A Polícia Federal aponta a existência de quatro núcleos no esquema ilegal de espionagem na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que ficou conhecido como Abin paralela e é investigado na Operação Última Milha.

Segundo os investigadores, policiais, servidores e funcionários da Abin formaram uma organização criminosa para monitorar pessoas e autoridades públicas, invadindo celulares e computadores. O esquema teria funcionado na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro é investigado desde 2023.

Nesta quinta-feira (11), quatro pessoas foram presas pela Polícia Federal em uma operação autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que foi uma das vítimas do monitoramento ilegal.

De acordo com a PF, os investigados se dividiam nos núcleos (clique no link para saber quem eram os investigados e quais suas funções):

Núcleo da Alta Gestão

Composto por delegados da Polícia Federal que estavam cedidos à Abin, onde exerciam funções de direção, e utilizavam o sistema First Mile (que é um software de monitoramento) para espionar autoridades públicas e jornalistas. As vítimas de espionagem seriam desafetos do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O grupo tinha como objetivo executar ações de contrainteligência e criação de relatórios que seriam divulgados para disseminação de informações falsas.

Faziam parte desse grupo:

  1. Alexandre Ramagem (PL-RJ), delegado da PF que atualmente é deputado federal e que chefiou a Abin de julho de 2019 a julho de 2022. Ramagem é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro
  2. Carlos Afonso Gonçalves, delegado da PF e ex-diretor do Departamento de Inteligência Estratégica.

Núcleo dos subordinados

Composto por policiais federais cedidos à Abin, esse grupo servia de "staff" da alta gestão e cumpria determinações, monitorando alvos e produzindo relatórios.

Faziam parte desse núcleo:

  1. Marcelo Araújo Bormevet, servidor e secretário de Planejamento e Gestão que trabalhava com credenciamento de segurança e pesquisa para nomeações.
  2. Felipe Arlotta Freitas, policial federal que ocupou a coordenação do Centro de Inteligência Nacional
  3. Carlos Magno de Deus Rodrigues, policial federal e ex-coordenador-geral de credenciamento de Segurança e Análise de Integridade Corporativa
  4. Henrique César Prado Zordan, policial federal lotado no gabinete do diretor-geral da Abin
  5. Alexandro Ramalho, policial federal que estava lotado no gabinete do diretor-geral da Abin
  6. Luiz Felipe Barros Felix, policial federal lotado no gabinete do diretor-geral da Abin

Núcleo Evento Portaria 157

Eram os responsáveis pelas ações que tinham o objetivo de vincular, sem fundamento, parlamentares e ministros do Supremo à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

Era composto por:

  1. Ottoney Braga dos Santos
  2. Thiago Gomes Quinalia
  3. Renato Pereira de Araújo
  4. Rodolfo Henrique Nascimento
  5. Ricardo Wright Minussi Macedo

Núcleo Tratamento de 'Logs'

Composto apenas por Bruno de Aguiar Faria, o núcleo era responsável pelo tratamento dos dados gerados pelo sistema First Mile.

Os chamados "logs" são arquivos com os dados gerados a partir dos acessos via First Mile aos aparelhos (celulares e computadores) das vítimas da espionagem ilegal.

Em nota, os advogados de Bruno de Aguiar Faria afirmam que ele "não tem (ou teve) qualquer vínculo ou relação com os investigados que foram alvos dos mandados [de prisão e busca e apreensão] emitidos" nesta quinta-feira.

A defesa também afirma que, em outra etapa da investigação, Bruno "prestou depoimento à Polícia Federal em 12/04/2024, oportunidade em que esclareceu todos os pontos abordados na reportagem". E diz que ele está à disposição das autoridades policiais.

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!