Por Kellen Barreto, TV Globo — Brasília


O presidente Lula durante cerimônia de lançamento do Plano Safra — Foto: Reprodução/Canal Gov

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender nesta quarta-feira (3) a isenção de imposto sobre carnes na discussão sobre a regulamentação da reforma tributária.

Ele reconheceu que o governo tem encontrado dificuldade para incluir carnes na cesta básica e sugeriu, como alternativa, separar a tributação da carne in natura da processada ou industrializada.

O Congresso Nacional está debatendo a regulamentação da reforma tributária e vai definir os itens que farão parte da cesta básica. Para Lula, a carne deve integrar a lista, que terá uma tributação menor ou, até mesmo, zerada.

Durante discurso, o petista lembrou a promessa de campanha, nas eleições de 2022, de que o povo voltaria a "comer picanha e tomar cerveja" caso ele fosse eleito para um terceiro mandato.

"Temos que discutir o que vai entrar na cesta básica. Carne entra? Fica? Na verdade não temos como separar, vamos ter que entender que possivelmente a gente tenha que separar carne in natura e processada, mas sou daqueles que vou ficar feliz se eu puder comprar carne sem imposto, prometi na campanha que o povo ia voltar a comer picanha e tomar cerveja", disse Lula.

Nesta terça-feira (2), Lula já havia defendido uma tributação diferenciada de carnes, conforme o tipo do corte, com isenção para aquelas consumidas por pessoas de baixa renda.

"Eu acho que a gente precisa colocar a carne na cesta básica, sim, sem que haja imposto. Você pode separar a carne, você pode selecionar a carne. Vai comprar coisa importada, chique, tem que pagar imposto", declarou em uma entrevista.

'Astros' a favor do Brasil

Após dias de turbulência e desgastes com o mercado financeiro, Lula disse estar otimista com o desempenho da economia brasileira.

Ele afirmou esperar que o governo colha, nos próximos meses, os resultados das iniciativas que lançou neste um ano e meio de gestão. Para Lula, "os astros estão atuando de forma muito favorável ao Brasil".

Os atritos do governo com o mercado foram gerados após críticas do petista a "especuladores" e ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. O dólar disparou e chegou a bater R$ 5,70.

No entanto, a sequência de altas foi interrompida após uma mudança de tom do petista e de reuniões de Lula com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Nesta quarta, a moeda norte-americana fechou a R$ 5,56 após o presidente afirmar que tem compromisso com a responsabilidade fiscal.

Aceno ao agronegócio

Em diversos momentos de seu discurso, o presidente fez acenos ao agronegócio. De acordo com pesquisas, os empresários do setor, em sua maioria, não votaram em Lula nas eleições. Devido ao tamanho do agronegócio na economia do país, Lula reconhece que é fundamental ter o apoio do campo.

Logo no início de sua fala, o presidente afirmou que foi nos governos petistas que o Plano Safra disponibilizou os maiores valores. Lula também disse que nunca pediu para ninguém do setor agradecê-lo, porque ele entende que valorizar o campo é sua obrigação como presidente.

Já no fim de seu discurso, o presidente declarou que os empresários não precisam gostar dele, mas ele vai gostar dos empresários, porque não despreza "possíveis eleitores".

Ele também disse que não são os sem-terra que tomam propriedades no campo, mas sim os bancos.

"Acredito na democracia. A sociedade tem que debater. Hoje, não é o sem-terra que toma terra de vocês. São os bancos que tomam terras de vocês. Se a gente for sincero e honesto, não precisamos...Não precisa gostar de mim. Eu vou gostar de vocês, porque não desprezo possíveis eleitores", disse Lula.

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